Sempre tive certezas sobre as quais era impossível dissuadir-me. E, invariavelmente, acabava a ter a certeza de que antes estava errada e que agora é que estava certa. Por vezes acontecia que passava a ter a certeza de que à primeira é que estava certa e que pelo meio tinha tido um devaneio.
Agora deixei-me de certezas absolutas. Tenho a certeza!
Acredito (e ninguém será capaz de me fazer ter a certeza do contrário), que buscamos verdades absolutas para justificar o que sentimos e o que queremos fazer num determinado momento da nossa vida.
Tenho também a certeza que muitas vezes escolhemos bem as palavras ao apregoar essas certezas, de modo a que quando tivermos uma que substitua a anterior, nunca tenhamos estado errados, mas sim sempre certos, validando certezas incomparáveis ou incompatíveis.
"Eu recuso-me a comer fritos. Tenho a certeza de que fazem muito mal à saúde. E depois aquele sabor a oleo, horrível", mas quando somos apanhados a comer fritos "Ah, é terrível. Fazem mal, mas eu tenho a certeza que são muito mais saborosos, tal como tudo o que nos faz mal".
Que deliciosamente hipócritas somos. Fritos ou assados, buscamos permanentemente o prazer. Seja a querer ter um corpo de modelo e ter homens a babar-se pelo nosso corpo, seja a enfardarmos uma bela dose de batata fritas acabadinhas de fazer e ainda a reluzir de tão gordurosas que estão. E depois lá vem a culpa. Porque não é bonito sucumbirmos nem à vaidade nem à gula.
Mas... Enveredei pelos fritos porquê se eu faço tudo no forno? Nem sei se isto ilustrava bem o que queria dizer com a coisa das certezas. Estava tão convencida quando comecei esta comparação, mas agora já não tenho a certeza. Acho que me perdi pelo caminho.
O meu pensamento tem vida própria. Disso eu tenho mesmo a certeza!
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