Sou viciada em telemóvel! Não há outra forma de o colocar.
Aliás, acho que nem é em telemóvel, é na internet. É em fazer pesquisas, ouvir música, ver vídeos, cuscar os outros nas redes sociais, é mandar postas de pescada em fóruns e até discutir com estranhos sobre "cenas".
O telemóvel, simplesmente, simplifica este acesso. Anda sempre comigo, desde que abro até que fecho os olhos: começa e acaba o dia na mesa de cabeceira, e nos entretanto passa do bolso do roupão para o bolso do casaco ou das calças.
Não sou a maior viciada que para aí existe, quando estou com os meus amigos nem costumo ser a primeira a agarrar-me ao vício, e sou capaz de me esquecer que o telemóvel existe. O problema é quando estou em casa.
Por isso, e como publicado no sábado passado, durante esta semana andei a repetir uma desintoxicação de smartphone, computador e tablet.
A cada dia havia uma nova tarefa que se supõe tornar-se um hábito nas nossas utilizações destes aparelhos.
O meu maior problema é que tendo este blog e redes sociais associadas, como o Facebook, o Instagram ou o Pinterest, era um bocado difícil passar um dia inteiro sem as utilizar, quanto mais dois dias seguidos. Mas como eram os dois últimos dias do desafio, tinha tempo para arranjar solução.
Diz "Segunda-feira"? Pois bem, leiam "dia 1" e comecem quando quiserem.
Eu comecei a um sábado. Toma lá!
- Deixar de seguir pessoas: aqui fiz duas coisas, eliminei amigos do Facebook e deixei de seguir uns quantos. Não eliminei muitos amigos porque sempre tive uma política de só ter no Facebook pessoas que conheço na realidade e com quem já passei algum tempo (podem ser mesmo amigos ou podem ser ex-colegas, por exemplo). As pessoas que deixei de seguir foram pessoas por que passam os requisitos para serem meus amigos no FB, mas cujas publicações não me interessam minimamente (seja lá porque motivo for);
- Acabar com subscrições de e-mail indesejadas: é algo que faço regularmente e é uma tarefa extremamente ingrata. Há mailing lists que arranjam o nosso e-mail sabe-se lá como o que torna este trabalho infinito. Aqui há uns tempos, li um truque para perceber que sites andam a vender os nossos dados: sempre que aderirmos a um novo site/plataforma, usarmos o nome do mesmo como nosso nome do meio ou apelido. Assim, quando recebermos spam já sabemos quem foram os sacanas que venderam os nossos dados;
- Apagar apps não utilizadas: Não tive de mexer um dedo. Foi um hábito que me ficou de quando fiz este desafio pela primeira vez e é algo que às vezes sou obrigada a fazer por ter pouca memória no telemóvel.
- Desligar as notificações push: Foi algo que também mantive, por ter entendido a sua imensa importância para nos livrarmos da dependência destes aparelhos. Dantes, sempre que recebia uma notificação, lá ia eu abrir a app. Agora, olho muito menos para o telemóvel durante o dia. É uma liberdade do caraças e é capaz de ser a tarefa das tarefas mais relevantes desta desintoxicação.
- Não olhar para o telemóvel ao acordar: Bem... esta tem que se lhe diga...
Não tinha despertador programado, mas consegui levantar-me às horas que queria. Confesso que toquei no telemóvel para ver que horas eram. Nada mais do que isso. São 11h30 e só agora abri o computador e redes sociais e só toquei no telemóvel há cerca de meia hora para telefonar para a minha mãe. Basicamente, levantei-me iniciei a minha rotina matinal: tomei o pequeno-almoço, lavei parte da montanha de loiça que estava no lavatório e fui logo tomar banho e arranjar-me.
Esta última parte confesso que só costumo fazer antes de sair de casa, mas agora está na altura de ter uma nova rotina (pelo menos até a bebé nascer). Até agora acordava, ficava na cama durante 1 hora a olhar para o telemóvel e quando a fome apertava e a bebé ponteava lá me levantava para ir tomar o pequeno-almoço. Ligava logo a televisão e até me levantar novamente já tinha passado um bom bocado.
Hoje, em duas horas, fui mais produtiva e já estou muito mais desperta. Bastou ter de não olhar para o telemóvel para ir adiantando a minha vida.
Para quem usa o telemóvel como despertador, acho que se pode a abrir uma excepção "pode-se olhar para o telemóvel para desligar o despertador ou para carregar no snooze". Nada mais do que isto! Nada de aproveitar e ver o que se passou nas redes sociais durante a noite, ou ver se há algum mail, ou tratar da quinta. Nada disto ou qualquer outra coisa. É só para o despertador. Depois é levantar a tratar da nossa vida sem olhar para qualquer aparelho: nem telemóvel, nem tablet, nem computador. E já agora, se conseguirem, sem televisão!
- Deixar de olhar para o telemóvel uma hora antes de ir para a cama: Confesso que olhei para o telemóvel: tive de definir o alarme para a manhã seguinte. Foi a única coisa que fiz, juro! De resto, só olhei e toquei para o pôr a carregar (e nem desbloqueei o ecrã). Foi facílimo ficar longe do telemóvel, até por muito mais de uma hora. Ontem houve jogo do Benfica e recebemos um casal amigo cá em casa. Enquanto os homens viam a bola, as meninas estavam numa aula de tricô. Depois, como sou obsessiva, fiquei a tricotar até ser hora de me deitar.
Ah! Mas ninguém falou em tablets. Pois não, ninguém falou em tablets, mas se quisermos ser honestos com nós próprios, sabemos que não vale televisão na cama, nem usar tablet ou computador durante este período de uma hora.
- Deixar o telemóvel a carregar fora do quarto: Quem diz isto é como quem diz "deixar o telemóvel fora do quarto durante a noite". Foi tranquilíssimo! Estava distraída com os amigos e o tricô, portanto foi mesmo sair da sala, deixar o telemóvel a carregar, e ir directa para a cama. Ficar com o telemóvel fora do quarto facilita a tarefa de não olhar para o telemóvel ao deitar e ao acordar.
Estes dois pequenos gestos ajudaram-me a adormecer muito mais rapidamente, foi quase instantâneo.
- Ir jantar fora e deixar o telemóvel em casa: É isto. Não há grande coisa a dizer. Não custou nada. Enquanto estive em casa não lhe toquei, porque estive entretida com o tricô antes de jantar, e quando voltei para casa voltei para o tricô. Está a ser tranquilo.
Amanhã é que vai custar. Ainda para mais com uma página do Facebook para actualizar...
- Não postar ou consultar redes sociais: Tive de apagar as apps.
Foi automático, carregar no botãozinho do FB. Mas fui a tempo e consegui fechá-la antes de ver o que quer que seja.
Custou. Principalmente porque agendei uma publicação para este dia, do artigo de quinta, e estava curiosíssima para saber se tinha resultado, se tinha tido alguma visualização apesar de não ter partilhado na minha página pessoal do FB e, se sim, quais as reacções ao artigo.
Foi difícil, também porque foi um dia em que não tive grande coisa para fazer. Mas a casa ficou arrumadinha. Facilitei o trabalho da minha empregada, que veio na manhã seguinte.
- Desligar o telemóvel durante todo o dia: Esta foi impossível de cumprir. Estou grávida e ninguém quer que eu ande incontactável. Normalmente já me chamam maluca por andar a fazer experiências disto e daquilo, e cumpriria escrupulosamente o desafio deste dia, mas nesta altura andar com o telemóvel desligado é inaceitável para os que me rodeiam (principalmente marido e mãe) e eu compreendo e não os quero preocupar. Portanto, o que fiz foi encher-me de força de vontade e deixar o telemóvel perto, só lhe tocando se alguém me ligasse.
Não abri outras apps que não as que permitem que o telemóvel seja isso mesmo: um telefone móvel. Ter um iphone ou um 3310 seria exactamente o mesmo.
Concluindo:
Esta semana não me custou assim tanto cumprir o desafio, com as excepções já explicadas.
Soube-me bem e gostaria de ter cumprido à risca o dia de sexta. Lembro-me como da última vez me fez sentir óptima, livre.
Parece-me um bom desafio antes de se fazer um mais radical, com algumas práticas que, mantidas, melhoram imenso o nosso dia a dia: desligar as notificações push, não olhar para o telemóvel ao acordar e não lhe tocar desde 1 hora antes de ir para a cama, são os gestos que contribuíram imenso para que os meus dias fossem mais proveitosos e o meu sono melhorasse. Só regressaram as notificações push para o Whatsapp, de resto já não tenho nada disso.
Aconselho todos a experimentarem e gostava mesmo de saber como se sentiram.
PS.: Peço desculpa pela terrível ilustração desta publicação, mas ainda não domino esta técnica neste computador. Prometo melhorar hehehe
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