1. Lá por não ter filhos não significa que não sei do que estou a falar;
2. Lá por serem pais não significa que saibam o que estão fazer.
Posto isto, e vou só dizê-lo para que não me caiam em cima, acredito que façam o melhor que sabem e podem pelos vossos filhos.
Se há coisa que me tira do sério é a condescendência. Fico maluca.
Sou uma pessoa que até se impacienta e irrita com bastante facilidade, mas geralmente consigo lidar com isso. No entanto, há certas coisas que me deixam fora de mim e têm a capacidade de me deixar fora de mim num instante: a condescendência é uma delas. Outra é, por exemplo, a falta de educação.
São duas coisas que me dão vontade puxar a mão atrás e espetar lambadas com as costas da mão.
Contudo, sou capaz de dar um desconto à condescendência parental, embora me faça revirar os olhos e suspirar com bastante veemência. Apenas porque, como disse acima, acredito que façam o melhor que saibam e/ou podem pelos seus filhos. Embora, certas atitudes altamente defensivas de alguns pais me façam pensar que se calhar estão apenas a reagir por saberem que às vezes não o fazem.
Mas relaxem!! Não faz mal, faz parte, são humanos e ninguém anda a distribuir prémios de "Melhor Mãe/Pai do Mundo" (embora se vendam uns troféus muita manhosos em algumas lojas).
Ser Mãe ou Pai não é uma competição entre pais e mães, mas também não é uma competição entre os que são e os que não o são.
Na maior parte das vezes quando oiço ou leio um "espera até seres mãe", denoto um toquezinho de "se eu não consegui, tu também não vais conseguir" e uma pitada de "espero que não consigas". E isso é o que mais irrita. Era fixe que, em vez de desejarem o falhanço dos outros, oferecessem o vosso apoio "Olha, eu não consegui, mas, se achas que consegues e se é isso que queres, força! Estou aqui para te incentivar e ajudar!". Se não são capazes de agir de uma forma construtiva mais vale ficarem calados.
Ou então se eu disser que em vez de gastar um balúrdio no panda prefiro gastar o dinheiro em idas a museus, concertos de música clássica ou bailados para crianças, fazem-me sentir como uma pretensiosa. É assim: se vocês gostam do Panda, da Violeta e afins, tudo bem, é lá convosco. Eu não gosto. Não tem a ver com pretensão, mas sim com educação. Aqui a Menina fez Ballet, tocou piano e teve uma educação mais direccionada para o clássico, portanto é normal gostar mais disso. Também não vejo, porque não gosto, de telenovelas nem de casas dos segredos. E não, não vejo às escondidas. Não gosto mesmo. Mas olhem, ouvi Onda Choc quando andava na primária. Serve? "Ele é o reeeiiiieiiieiiieiei reeeeiiiieiieiii, é o rei lá do liceu!".
Na maior parte das vezes quando oiço ou leio um "espera até seres mãe", denoto um toquezinho de "se eu não consegui, tu também não vais conseguir" e uma pitada de "espero que não consigas". E isso é o que mais irrita. Era fixe que, em vez de desejarem o falhanço dos outros, oferecessem o vosso apoio "Olha, eu não consegui, mas, se achas que consegues e se é isso que queres, força! Estou aqui para te incentivar e ajudar!". Se não são capazes de agir de uma forma construtiva mais vale ficarem calados.
Ou então se eu disser que em vez de gastar um balúrdio no panda prefiro gastar o dinheiro em idas a museus, concertos de música clássica ou bailados para crianças, fazem-me sentir como uma pretensiosa. É assim: se vocês gostam do Panda, da Violeta e afins, tudo bem, é lá convosco. Eu não gosto. Não tem a ver com pretensão, mas sim com educação. Aqui a Menina fez Ballet, tocou piano e teve uma educação mais direccionada para o clássico, portanto é normal gostar mais disso. Também não vejo, porque não gosto, de telenovelas nem de casas dos segredos. E não, não vejo às escondidas. Não gosto mesmo. Mas olhem, ouvi Onda Choc quando andava na primária. Serve? "Ele é o reeeiiiieiiieiiieiei reeeeiiiieiieiii, é o rei lá do liceu!".
Se bem que cada um sabe de si e ter filhos não é o mesmo que não ter, não me venham com merdas. Eu e qualquer pessoa pode (e às vezes deveria!) abrir a boca sobre o que se vê fazer com os filhos dos outros.
"Ah, mas os pais é que sabem o que é melhor para os filhos".
A isso eu respondo: Alguns! Se todos os pais soubessem (e fizessem!) o que é melhor para os filhos, não era necessário existir direitos, leis ou instituições que protejam os interesses das crianças.
Ninguém precisa de ter filhos para saber que alimentar as crianças a batatas fritas e gelados não é o melhor para elas. Ninguém precisa de ter filhos para saber que não é bom deixarem-se crianças de 3 anos sozinhas em casa. Ninguém precisa de ter filhos para saber que é importante as crianças irem à escola. Ninguém precisa de ter filhos para saber que convém que tenham uma higiene adequada. Ninguém precisa de ser pai para saber que não vacinar as crianças é perigoso para elas e para os outros!
No entanto, há pais que fazem isto tudo e muito mais! Há pais que fazem coisas que aterrorizam aqueles que não têm filhos.
Um assunto que já deixou alguns pais abespinhados comigo foi quando um dia disse qualquer coisa do estilo "nunca levaria a minha filha ao festival do panda".
O que fui dizer!! Claro que levei logo com uns "espera até seres mãe e eles quiserem ir".
Caros pais: os miúdos querem muita coisa, não significa que tenhamos de lhas dar, principalmente se considerarmos que há coisas bem melhores para eles. Os miúdos querem muita coisa, mas isso não significa que tenham opção de escolha em diversos aspectos das suas vidas.
Houve uma coisa que a minha mãezinha me ensinou desde pequenina e que vou adaptar numa frase bastante conhecida por todos: Com três letrinhas, apenas, se escreve a palavra "não".
A minha filha vai querer ir ao festival do panda ou à violeta (ou ao que existir na altura)? Muito provavelmente. Gastarei dinheiro nisso? "Não"! Ela fará birra? Pode ser que sim, pode ser que na altura já tenha aprendido que os meus "não" são "não". E se fizer birra? Azar: o dela, que não lhe valerá de nada, e o meu, que terei de aturar uma criancinha birrenta.
"Ah, mas os amiguinhos todos vão!". Sim, e?
Lamento, mas não serão os meus filhos a ditar as regras cá de casa.
Não serão os meus filhos a decidir o que se vê na televisão, não serão os meus filhos a decidir onde vamos, não serão os meus filhos a decidir se tomam banho, não serão os meus filhos a decidir se arrumam o quarto, não serão os meus filhos a decidir até que horas ficam a pé, não serão os meus filhos a decidir que não comem porque não têm um telemóvel ou um tablet à frente.
Preciso de ter a miúda cá fora para saber que isso dá muito mais trabalho do que calá-la dando-lhe o que quer? Nop.
Preciso de ter a miúda cá fora para saber que às vezes irei vacilar e ela irá ganhar? Não.
Preciso de já ter a miúda cá fora para saber que, a longo prazo, isso é o melhor para ela? Obviamente que não.
Preciso de ter a miúda cá fora para saber que às vezes irei vacilar e ela irá ganhar? Não.
Preciso de já ter a miúda cá fora para saber que, a longo prazo, isso é o melhor para ela? Obviamente que não.
Fonte |
Aliás, se for para fazer finca-pé, a miúda nem sabe o que a espera com a mãe que lhe calhou.
Só tive televisão em casa aos 8 anos pelo que nunca senti necessidade de a ter em casa. Entretinha-me com outras coisas. E quando ia para casa do meu pai, dos meus avós ou dos meus amigos tinha. Na minha casa, habituei-me a que não houvesse, logo não me fazia falta nenhuma.
Quando mais tarde houve televisão, acham que eu tinha opção no que se via? Nunca na vida! Quando a minha mãe estava em casa, quem decidia o que se via (e se se via!) era ela: telejornal, documentários, concertos. Eu tinha opção aos domingos de manhã, em que podia ver os desenhos animados enquanto a minha mãe tratava das tarefas domésticas. De resto, não interessava o que eu queria: se a minha mãe queria ver alguma coisa, o que se via era o que ela queria e eu que me aguentasse à bronca.
Durante a semana, também não havia grande tempo para ver televisão. Saía da escola para as actividades extra-curriculares e quando chegava a casa era para fazer os TPC, quando acabava já eram horas de jantar e a essa hora o que se via era o telejornal. Depois tinha sorte se a minha mãe não quisesse ver o telejornal da 2, que começava logo a seguir. De qualquer forma, às 21h30 já tinha de estar deitada.
Mas a televisão não me fazia falta: tinha livros, tinha papel e lápis/canetas, tinha o meu diário, tinha bonecos, tinha a minha imaginação!
Há dias, vendia eu uma cama individual que tinha cá em casa e dizia-me a minha mãe:
- Não devias livrar-te da cama, mais tarde seria óptima para ela.
- Então, mas ainda temos a cama de ferro forjado. É muito mais bonita do que esta.
- Oh! Quando chegar a altura ela não vai querer, vai querer outra coisa.
- Mãe, tu deste-me opção de escolha? Algum dia me perguntaste se eu queria aquela cama? Não. Foi a minha cama e pronto.
Que mania de que as crianças têm de ter opção de escolha em tudo! Enquanto for pequena, quem decide a decoração do quarto sou eu. Não quer uma cama em ferro forjado? Azar! É o que há. Leva o que eu na altura decidir que é mais giro ou que posso. Se depender dela pede-me todo um conjunto de uns desenhos animados quaisquer. E garanto-vos, isso em minha casa nunca acontecerá!
Se poderei ter de morder a minha língua e, daqui a uns tempos, contradizer tudo o que escrevi neste artigo? Obviamente que sim!
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