Como picuinhas que sou, gosto de escrever por ordem cronológica. Ou, pelo menos, publicar.
Escrevi sobre a gravidez, agora vão sair artigos sobre o parto (já publiquei o meu Plano de Parto) e só depois é que escreveria sobre a maternidade e a amamentação.
Já sabem como sou doente. É a minha veia obsessivo-compulsiva.
Mas, amamentar tem sido uma aventura. Como aliás, toda a minha vida. Nada pode ser linear, um simples trajecto A→B. Nããããooo... Tem de sempre haver mil e um percalços.
Tenho sempre de ser aquela gaja chata que, quando alguém conta uma peripécia, diz "ah! Também me aconteceu isso!". Deve ser bastante irritante para os outros. Estou convencida que até deve haver quem ache que minto. Mas é tudo verdadinha e eu tenho uma relação amor-ódio com esta minha sina.
Se por um lado é cansativo porque estão sempre a acontecer coisas, por outro, quando estou em fases mais calmas em que não se passa nada, começo a achar a vida extremamente monótona.
Hoje vou só escrever algumas coisas que me "indignam" ou que se passaram comigo até agora. Mais tarde escreverei como lidei com elas, hoje é mesmo um desabafo.
- Não fui avisada previamente de que quando se diz "mamar de 2 em 2 horas", não significa esperar 2 horas quando acaba de mamar. Nããããoooo... É para contar 2 horas desde o início da mamada. Mesmo que a mamada dure 45 minutos! O que nos dá 1h15 para trocar fraldas, brincar com o bebé e esperar que durma uma sesta, ir à casa de banho, comer, beber e fazer qualquer outra coisa mais que seja preciso. - Acho mal e esta informação devia estar afixada em todo o lado. Deviam ser bastante claros em relação a isso mal descobrimos que estamos grávidas;
- Quando estão a mamar e se distraem ou assustam quem paga é o mamilo! Ou levamos uma dentada (ou "gengivada") ou eles começam a virar a cabeça e nós vemos o nosso mamilo a esticar como se fosse pastilha elástica;
- Não se deve usar chucha antes de eles saberem pegar bem na mama. Quando é que eles estão a pegar bem na mama: quando já não dói enquanto mamam;
- A minha miúda é uma mamona e uma sôfrega. Tenho pena de não lhe poder dar chucha (ainda não aprendeu a pegar como deve de ser). No outro dia apanhei um susto enorme: tinha uma nódoa negra no braço. Comecei logo a pensar que tinha sido bruta em algum momento com ela. Depois percebi: não é que fez um chupão a ela mesma? Já vamos em três no mesmo sítio;
- Mamilos gretados - ✓
- Mamilos em sangue - ✓
- Mamilos com crosta - ✓
- Chupar na auréola em vez de no mamilo até fazer sangue e tirar um pedaço de carne - ✓
- Bolhas nos mamilos!!! - ✓
- Ductos lactíferos entupidos - ✓
Das "maleitas" da amamentação, acho que só me falta a mastite.
Já usei mamilos de silicone, conchinhas, besuntei-me com leite, purelan, bepanthene.
O que me vale é que, aparentemente e segundo quem me tem acompanhado, tenho uma elevada (e estranha) tolerância à dor.
Confesso: houve momentos em que pensei em desistir. Estava frustrada, com dores, chorava, tremia só de pensar que estava a chegar a hora de dar mama. Mas não era por mim que eu queria desistir, era por ela. Porque tudo o que nós sentimos passa para eles e eu sentia que a hora da mama, que deveria ser tão boa para ela, não o era porque eu não estava bem.
O que vale é que as coisas melhoram de dia para dia. Claro que há momentos em que mando um grito porque ela me magoa, mas pelo menos já não são 45minutos de dor contínua.
Irei escrever mais pormenorizadamente sobre este tema. Até porque ainda só tenho um mês de dar mama e muita água vai correr.
Mas, para quem amamenta e está a passar um mau momento, o meu conselho é "dê a si mesma mais uma semana para continuar a amamentar". Vá estabelecendo prazos. E quando chegar ao fim desse prazo pense "será que aguento mais uma semana?".
Muita paciência. E se estiver a magoar? Tirar o bebé da mama e tentar outra vez. Magoou outra vez? Tira e volta a tentar a pega.
Eu já sei que a primeira pega é sempre dolorosa. E quando ela está mais sôfrega ou rabugenta, aguento uns segundos de dor para que ela se sacie um pouco e depois tiro-a e volto a tentar as vezes que forem precisas. Só assim é que eles aprendem.
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