Não sentir tristeza, não sentir frieza. Não sentir egoísmo, não sentir fanatismo,
Não sentir excitação, gratificação, decepção, frustração.
Não sentir prazer, não sentir angústia. Não sentir felicidade, não sentir vaidade.
Não sentir deslumbramento, desapontamento, arrependimento, sofrimento.
Não sentir confusão, não sentir preocupação. Não sentir agressividade, não sentir piedade.
Não sentir empatia, nostalgia, melancolia, disforia, apatia.
Não sentir alegria, não sentir antipatia.
Não sentir impaciência, condescendência, benevolência.
Não sentir curiosidade, não sentir ansiedade. Não sentir constrangimento, não sentir ressentimento.
Não sentir amor, dor, mau-humor, torpor.
Não sentir.
Apetece-me adormecer, ficar dormente. Tomar algo e deixar-me ir. Ignorar o que me rodeia. Deixar de dar importância ao que quer que seja.
Porque, no final do dia, o que é que importa? O que é que ME importa? O que EU importo?
O que estou para aqui a fazer? Passo o dia fechada num escritório porque tenho de ganhar dinheiro. Para quê? Para gastar em escolhas que não tenho? Para consumir o que assumo automaticamente, irreflectidamente, que tenho de consumir? Porque alguém me fez acreditar que tinha necessidade?
Porque tenho de ter um trabalho? Para pagar uma casa, conta da luz, conta da água, conta do gás, televisão, internet, telemóvel, tablet, computador. Para uma casa onde chego cansada, no final do dia, e continua a minha correria? Arrumar, cozinhar e enfardar se ainda quero ter alguma actividade que me dê uns minutos de prazer e me faça abstrair do que não quero saber, das responsabilidades que não quero ter, das escolhas que não quero fazer. Que me são impostas se quero ser uma "adulta", "responsável" e "produtiva". Responsável por quem? Produtiva para quem? Por mim e para mim não é certamente, senão apenas agiria sob impulsos em busca do prazer.
Viver em sociedade, viver com regras que uns criaram para outros. Viver com horários que uns criaram para outros. Ter a minha vida gerida por quem não me conhece, por quem não me respeita, por quem não me vê como pessoa, mas como um número.
E eu? Onde estou eu no final disto tudo? Não quero pensar. Quero enlouquecer. Quero não sentir.
Quero viajar para longe daqui. Quero perder a sanidade mental e perder-me em mundos só meus. Onde só eu importo. Onde não tenho de ter receio de ofender alguém por fazer o que quero, quando quero, porque quero. Porque me dá prazer. Quero poder dizer, fazer, querer. Quero poder ir, partir. Sem dar satisfações. Sem causar preocupações.
Quero poder mandar à merda, quero poder virar costas, quero poder mostrar o dedo do meio, quero poder rir na cara. Quero ser Eu. Não quero ser quem os outros querem que Eu seja. Caso contrário, o que estou Eu a ser? Como posso Eu definir-me? Não quero caracterizar-me pelo que faço, mas pelo que sou.
Quero saber quem Eu sou. Quero encontrar o que procuro. Quero encontrar-Me.
E se não puder, quero intoxicar-me. Quero afogar-me. Quero libertar-me.
Escrito a 02.12.2014
Não sentir prazer, não sentir angústia. Não sentir felicidade, não sentir vaidade.
Não sentir deslumbramento, desapontamento, arrependimento, sofrimento.
Não sentir confusão, não sentir preocupação. Não sentir agressividade, não sentir piedade.
Não sentir empatia, nostalgia, melancolia, disforia, apatia.
Não sentir alegria, não sentir antipatia.
Não sentir impaciência, condescendência, benevolência.
Não sentir curiosidade, não sentir ansiedade. Não sentir constrangimento, não sentir ressentimento.
Não sentir amor, dor, mau-humor, torpor.
Não sentir.
Apetece-me adormecer, ficar dormente. Tomar algo e deixar-me ir. Ignorar o que me rodeia. Deixar de dar importância ao que quer que seja.
Porque, no final do dia, o que é que importa? O que é que ME importa? O que EU importo?
O que estou para aqui a fazer? Passo o dia fechada num escritório porque tenho de ganhar dinheiro. Para quê? Para gastar em escolhas que não tenho? Para consumir o que assumo automaticamente, irreflectidamente, que tenho de consumir? Porque alguém me fez acreditar que tinha necessidade?
Porque tenho de ter um trabalho? Para pagar uma casa, conta da luz, conta da água, conta do gás, televisão, internet, telemóvel, tablet, computador. Para uma casa onde chego cansada, no final do dia, e continua a minha correria? Arrumar, cozinhar e enfardar se ainda quero ter alguma actividade que me dê uns minutos de prazer e me faça abstrair do que não quero saber, das responsabilidades que não quero ter, das escolhas que não quero fazer. Que me são impostas se quero ser uma "adulta", "responsável" e "produtiva". Responsável por quem? Produtiva para quem? Por mim e para mim não é certamente, senão apenas agiria sob impulsos em busca do prazer.
Viver em sociedade, viver com regras que uns criaram para outros. Viver com horários que uns criaram para outros. Ter a minha vida gerida por quem não me conhece, por quem não me respeita, por quem não me vê como pessoa, mas como um número.
E eu? Onde estou eu no final disto tudo? Não quero pensar. Quero enlouquecer. Quero não sentir.
Quero viajar para longe daqui. Quero perder a sanidade mental e perder-me em mundos só meus. Onde só eu importo. Onde não tenho de ter receio de ofender alguém por fazer o que quero, quando quero, porque quero. Porque me dá prazer. Quero poder dizer, fazer, querer. Quero poder ir, partir. Sem dar satisfações. Sem causar preocupações.
Quero poder mandar à merda, quero poder virar costas, quero poder mostrar o dedo do meio, quero poder rir na cara. Quero ser Eu. Não quero ser quem os outros querem que Eu seja. Caso contrário, o que estou Eu a ser? Como posso Eu definir-me? Não quero caracterizar-me pelo que faço, mas pelo que sou.
Quero saber quem Eu sou. Quero encontrar o que procuro. Quero encontrar-Me.
E se não puder, quero intoxicar-me. Quero afogar-me. Quero libertar-me.
Escrito a 02.12.2014
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