Já escrevi sobre o meu Pai, o meu Avô, a minha Avó, sobre os acontecimentos mais trágicos da minha vida, mas nada é mais difícil de escrever do que sobre a minha Mãe.
Como escrever sobre a pessoa mais presente, mais influente, mais tudo na nossa vida? Como escrever sobre a pessoa que nos desejou mais do que tudo neste mundo? Como escrever sobre a pessoa que mais sacrifícios fez na sua vida para que ficasse tudo bem connosco? Como escrever sem se ser injusto, sem se ficar aquém do que ela merece? Como escrever contra a sua vontade, porque nós precisamos e ela merece? Como escrever de forma a que demonstre o que sentimos, antes e agora? Como escrever sobre a pessoa a quem mais devemos neste mundo, nesta vida?
Com alma.
Dizer que tive a Mãe perfeita, a Mãe mais afectuosa ou a Mãe mais justa seria mentir. Não foi nada disso, nem nunca será. E não precisa.
Porque eu sei que, independentemente de tudo, o que fez e fará para mim, por mim, foi e será sempre o melhor que pode, o melhor consegue e o melhor para mim.
Quer estejamos a rir ou a gritar uma com a outra, quer falemos todos os dias ou estejamos de costas voltadas durante uns tempos, quer nos apoiemos quer nos critiquemos uma à outra, queremo-nos , preocupamo-nos, apoiamo-nos, hoje e sempre.
"Um dia vais perceber. Um dia, quando fores mãe, vais-me dar razão". Querida Mãe, não precisei de engravidar, não precisei de parir, não precisei de educar um filho para o fazer. Eu sei. Eu percebo e dou-te toda a razão.
Mesmo que tenham sido erradas, tomaste as decisões certas.
Mesmo que não me elogies porque receias que me torne orgulhosa, sei que o fazes aos teus amigos.
Mesmo que não sejamos afectuosas uma com a outra, eu conheço-te, conheço a tua história e entendo-te. E nunca me esquecerei ao que sabia a tua mão quando era pequena e ta dava como sinal de "tenho sono".
Obrigada por me teres obrigado a ir ao British Council aos sábados de manhã quando eu queria ver os desenhos animados.
Obrigada por me teres levado a museus e a concertos em vez de me ofereceres jogos de vídeo.
Obrigada por não me dares os brinquedos todos que quis e teres apostado na minha educação, no ballet, na educação musical, no piano.
Obrigada por não me teres deixado escolher o que se via na televisão lá de casa, obrigada por não ter havido televisão até aos meus 8 anos.
Obrigada por dividires uma pastilha comigo, porque não havia uma para cada.
Obrigada por me meteres no carro quando eu fazia uma birra porque não queria ir para a cama.
Obrigada por não me teres levado a todo o lado e me teres obrigado a andar de transportes, a andar a pé, a andar sozinha.
Obrigada por me teres enchido as prateleiras de livros (alguns deles agora vão para a Miminho).
Obrigada por me teres ensinado que "se algum dia te meteres em sarilhos com outros meninos não esperes que eu te vá defender".
Obrigada por me teres defendido, mesmo que eu não o soubesse, e por teres defendido amigos meus.
Obrigada por me teres calçado as botas para eu ir dar pontapés aos outros meninos em vez de te pedir que me fosses salvar.
Obrigada por me teres levado às manifs desde pequenina, ensinando-me a importância de nos importarmos com a política, mesmo quando não nos atinge directamente.
Obrigada por me teres proporcionado inúmeras viagens (menos ao campo de férias em Santiago de Compustela, essa não!).
Obrigada por me teres levado tantas vezes ao cinema.
Obrigada por me teres feito ir ao cinema sozinha porque não querias ver o que eu queria,
Obrigada por teres comido o bolo feito no chão (comeste-o, não comeste?).
Obrigada por me teres feito andar um quilómetro ao sol quando sofri a minha primeira ressaca.
Obrigada por teres sempre dito o que te vai na cabeça, mesmo que não seja algo positivo.
Obrigada por teres dito "não".
Obrigada por teres dito "porque eu é que sou a mãe".
Obrigada por teres tornado o comer restos em "picnic".
Obrigada por teres conseguido que eu não percebesse as dificuldades pelas quais passámos.
Obrigada por me teres ido buscar ao berço enquanto chorava durante a noite, mesmo que tivesse resultado num dente partido.
Obrigada por não termos ficado nas "Ventas del Toro".
Obrigada por não me teres usado quando tu e o pai seguiram caminhos diferentes.
Obrigada por ter sabido (e me teres ensinado) que uma coisa é o papel conjugal outro é o parental.
Obrigada por teres sabido que eu precisava de um pai.
Obrigada por teres sido a minha mãe, mesmo sem teres um exemplo para te guiar.
Obrigada por teres ficado com a parte difícil da minha educação.
Obrigada por já seres uma avó fenomenal, mesmo antes do nascimento da neta.
Obrigada por teres sido fundamental naquilo que sou hoje.
Obrigada por tudo.
E desculpa por ter escrito este texto contra a tua vontade, mas tinha de ser.
Por mim, para ti.
Como escrever sobre a pessoa mais presente, mais influente, mais tudo na nossa vida? Como escrever sobre a pessoa que nos desejou mais do que tudo neste mundo? Como escrever sobre a pessoa que mais sacrifícios fez na sua vida para que ficasse tudo bem connosco? Como escrever sem se ser injusto, sem se ficar aquém do que ela merece? Como escrever contra a sua vontade, porque nós precisamos e ela merece? Como escrever de forma a que demonstre o que sentimos, antes e agora? Como escrever sobre a pessoa a quem mais devemos neste mundo, nesta vida?
Com alma.
Dizer que tive a Mãe perfeita, a Mãe mais afectuosa ou a Mãe mais justa seria mentir. Não foi nada disso, nem nunca será. E não precisa.
Porque eu sei que, independentemente de tudo, o que fez e fará para mim, por mim, foi e será sempre o melhor que pode, o melhor consegue e o melhor para mim.
Quer estejamos a rir ou a gritar uma com a outra, quer falemos todos os dias ou estejamos de costas voltadas durante uns tempos, quer nos apoiemos quer nos critiquemos uma à outra, queremo-nos , preocupamo-nos, apoiamo-nos, hoje e sempre.
"Um dia vais perceber. Um dia, quando fores mãe, vais-me dar razão". Querida Mãe, não precisei de engravidar, não precisei de parir, não precisei de educar um filho para o fazer. Eu sei. Eu percebo e dou-te toda a razão.
Mesmo que tenham sido erradas, tomaste as decisões certas.
Mesmo que não me elogies porque receias que me torne orgulhosa, sei que o fazes aos teus amigos.
Mesmo que não sejamos afectuosas uma com a outra, eu conheço-te, conheço a tua história e entendo-te. E nunca me esquecerei ao que sabia a tua mão quando era pequena e ta dava como sinal de "tenho sono".
Obrigada por me teres obrigado a ir ao British Council aos sábados de manhã quando eu queria ver os desenhos animados.
Obrigada por me teres levado a museus e a concertos em vez de me ofereceres jogos de vídeo.
Obrigada por não me dares os brinquedos todos que quis e teres apostado na minha educação, no ballet, na educação musical, no piano.
Obrigada por não me teres deixado escolher o que se via na televisão lá de casa, obrigada por não ter havido televisão até aos meus 8 anos.
Obrigada por dividires uma pastilha comigo, porque não havia uma para cada.
Obrigada por me meteres no carro quando eu fazia uma birra porque não queria ir para a cama.
Obrigada por não me teres levado a todo o lado e me teres obrigado a andar de transportes, a andar a pé, a andar sozinha.
Obrigada por me teres enchido as prateleiras de livros (alguns deles agora vão para a Miminho).
Obrigada por me teres ensinado que "se algum dia te meteres em sarilhos com outros meninos não esperes que eu te vá defender".
Obrigada por me teres defendido, mesmo que eu não o soubesse, e por teres defendido amigos meus.
Obrigada por me teres calçado as botas para eu ir dar pontapés aos outros meninos em vez de te pedir que me fosses salvar.
Obrigada por me teres levado às manifs desde pequenina, ensinando-me a importância de nos importarmos com a política, mesmo quando não nos atinge directamente.
Obrigada por me teres proporcionado inúmeras viagens (menos ao campo de férias em Santiago de Compustela, essa não!).
Obrigada por me teres levado tantas vezes ao cinema.
Obrigada por me teres feito ir ao cinema sozinha porque não querias ver o que eu queria,
Obrigada por teres comido o bolo feito no chão (comeste-o, não comeste?).
Obrigada por me teres feito andar um quilómetro ao sol quando sofri a minha primeira ressaca.
Obrigada por teres sempre dito o que te vai na cabeça, mesmo que não seja algo positivo.
Obrigada por teres dito "não".
Obrigada por teres dito "porque eu é que sou a mãe".
Obrigada por teres tornado o comer restos em "picnic".
Obrigada por teres conseguido que eu não percebesse as dificuldades pelas quais passámos.
Obrigada por me teres ido buscar ao berço enquanto chorava durante a noite, mesmo que tivesse resultado num dente partido.
Obrigada por não termos ficado nas "Ventas del Toro".
Obrigada por não me teres usado quando tu e o pai seguiram caminhos diferentes.
Obrigada por ter sabido (e me teres ensinado) que uma coisa é o papel conjugal outro é o parental.
Obrigada por teres sabido que eu precisava de um pai.
Obrigada por teres sido a minha mãe, mesmo sem teres um exemplo para te guiar.
Obrigada por teres ficado com a parte difícil da minha educação.
Obrigada por já seres uma avó fenomenal, mesmo antes do nascimento da neta.
Obrigada por teres sido fundamental naquilo que sou hoje.
Obrigada por tudo.
Obrigada por tudo o que aqui falta.
Obrigada por me ensinares que não dizemos "Obrigado".E desculpa por ter escrito este texto contra a tua vontade, mas tinha de ser.
Por mim, para ti.
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