Cada mulher sabe de si e do que considera ser melhor para si e para o seu bebé. No meu caso, sou adepta do "quanto mais natural melhor, mas a medicina ajuda muito".
O que é que eu quero dizer com isto? Que planeei o meu parto para que fosse o mais natural possível, deixando a natureza seguir o seu curso, sem recurso a fármacos, a indução ou qualquer outro "mecanismo artificial", mas tendo em conta que o cenário poderia mudar a qualquer momento.
No caso dos fármacos, por exemplo: quanto menos químicos metermos no nosso organismo melhor para nós e para o bebé, maior controlo temos do que se passa com o nosso corpo e, em princípio, mais rápido o trabalho de parto. No entanto, cada pessoa tem limites diferentes de reacção à dor e modos diferentes de lidar com ela, o que pode não ajudar no trabalho de parto e causar sofrimento desnecessário à mãe e ao bebé.
Ao desenharmos o nosso Plano de Parto é muito importante que tenhamos a noção de que o desenhamos para uma situação ideal, mas que as coisas podem mudar a qualquer momento, de que há coisas que dependem dos meios disponíveis ou directrizes hospitalares, e de que há coisas que podem ser legalmente impossíveis de concretizar (em Portugal, não podemos levar a placenta - ou qualquer outro "lixo" orgânico - para casa).
Portanto, desenhem o vosso plano de parto com uma mentalidade aberta, discutam-no com o vosso médico ou enfermeiro, e não se prendam demasiado ao que idealizaram.
Quando delineei o meu plano, estudei muito tudo o que nele consta e fi-lo de forma a ter as minhas possibilidades em aberto, com a noção de que a equipa que realizará o parto é quem percebe mais daquilo e estará a zelar pela minha saúde e pela da minha bebé.
Houve algumas coisas que tive de alterar após discussão com a enfermeira e com a médica, mas fiquei a saber que praticamente tudo o que tinha escrito já ia de encontro às práticas da Maternidade Dr. Alfredo da Costa e da Organização Mundial de Saúde, o que me deixou bastante descansada. Apesar disso, deixaram bem claro que, mesmo sendo o que defendem, poderá haver necessidade de alterar o plano.
Explicaram que tentam que seja o menos medicalizado possível, mas que por vezes as mulheres reagem à dor retraíndo-se, o que provoca atraso no TP e sofrimento ao bebé, pelo que acabam por dar epidural.
Por exemplo, o contacto pele a pele, se o bebé tiver algum problema, partem primeiro para o que lhe irá assegurar a sobrevivência e só depois para o contacto com a mãe. O mesmo se passa com o corte do cordão: se o cordão estiver à volta do pescoço, quem trata do cordão é a equipa. E por aí fora.
Quanto à presença do acompanhante durante a cesariana, pareceu ser um caso delicado. Aquilo que me garantiram é que se for de emergência ou inesperada NÃO há presença de acompanhante. Se for planeada, houve quem me dissesse que não havia problema e houve quem me dissesse que depende muito da equipa que apanharmos.
Para estruturar o meu PP, segui o que encontrei aqui.
PLANO DE PARTO
Desejo que todo o processo seja o mais natural possível, desde parto vaginal até à amamentação. No entanto, tenho plena consciência de que o que idealizo poderá não ser possível por algum motivo, pelo que deposito total confiança nas decisões da equipa hospitalar, pedindo apenas que me expliquem no caso de ser necessária alguma alteração ao plano inicial.
Tenho total confiança na equipa que me acompanhará no parto, mas gostaria que me fossem dizendo/explicando os procedimentos ao longo de todo o processe, desde que entro na maternidade até ao pós-parto.
Equipamento
- Que me seja facultada a bola de exercícios;
Trabalho de parto e parto
- Sem pressão, para que seja o mais rápido possível, deixar o corpo decidir;
- Mobilidade: gostaria de ter liberdade de movimentos, possibilidade de andar e adoptar posições que me sejam mais confortáveis (de cócoras, em pé, de gatas, etc...);
- Sem indução, se possível;
- Alívio da dor: gostaria de tentar evitar qualquer tipo de fármacos, mas mantendo essa possibilidade em aberto;
- Expulsão: Se possível, evitar a episiotomia, que o períneo seja lubrificado, massajado e suportado;
- Gostava de ter liberdade de adoptar a posição que o meu corpo pedir quando chegar à altura da expulsão (agachada, de gatas, em pé, etc);
- Placenta: Aceito que me sejam administrados fármacos para ajudar na dequitadura;
Pós-parto imediato
- Contacto pele com pele imediato, durante o máximo de tempo possível;
- Amamentação durante o contacto pele com pele, antes de qualquer outra intervenção, e gostaria de tentar o breast crawl;
- Clampeamento do cordão apenas quando parar de pulsar;
- Se possível que seja o pai a cortar o cordão umbilical, se o pai não estiver corto eu;
- Pretendo que a minha filha seja alimentada com recurso exclusivo ao leite materno através da amamentação (sem recurso a biberões, etc.);
Cesariana
- Pretendo que o meu acompanhante esteja presente;
- Pós-parto o mais semelhante possível ao descrito anteriormente.
Obrigada pela vossa compreensão.
Coisas que alterei no meu PP
Acompanhante - Este campo deixou de ser necessário. Acompanhante é qualquer pessoa significativa para a parturiente. Não é necessário existir grau familiar, mas a partir do momento em que se dá alguém como acompanhante não são possíveis trocas (em princípio).
Quero que o meu marido me acompanhe durante todo o processo;Se o meu marido não puder estar presente gostaria que estivesse a minha mãe ou o meu pai.
Trabalho de parto e parto
- Monitorização
com equipamento móvel, sem fios ou não contínua- Não existe este equipamento na MAC, mas garantiram-me que os fios dos equipamentos são suficientemente longos para permitirem a minha mobilidade dentro da sala de parto. - Expulsão:
Se houver o risco de rasgar prefiro a episiotomia- A enfermeira explicou-me que, de momento, a OMS não tem nenhuma resposta certa para episiotomia VS rasgar, mas que o rasgão pode ser menor do que o corte. Quando cortam, fazem logo de uma determinada dimensão, se for rasgão pode ser apenas algo pequenino e que eles tentam controlar o tamanho do mesmo.
Bem, aqui vos deixei o meu Plano de Parto idealizado.
Claro que, como com tudo o que faço e planeio, não correu como idealizado e foi mais um "filme". Nem lhe chamo aventura, porque não é uma memória agradável. O meu parto foi difícil, quer pelo número de horas, quer pelas dores, quer pelo que correu mal. Felizmente, tanto eu como a Mini Mi estamos bem.
Em breve partilharei convosco o meu parto. Acho que estou traumatizada (e não estou a dramatizar) e vai-me fazer bem e ajudar escrever sobre isso. Quando estiver preparada para o fazer.
Em breve partilharei convosco o meu parto. Acho que estou traumatizada (e não estou a dramatizar) e vai-me fazer bem e ajudar escrever sobre isso. Quando estiver preparada para o fazer.
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