segunda-feira, 2 de setembro de 2019

O Primeiro Dia de Creche


Hoje, às 09h30, fomos deixar a Carminho na creche. Primeiro dia, que excitação! Excitação minha, principalmente, já que a Carmita não sabia ao que ia.
Fomos recebidos pela educadora e uma auxiliar - ambas muito queridas.

A Carminho entrou, embora com alguma desconfiança. Sítio novo, gente nova... E, por mais que lhe disséssemos que ia para a escola brincar muito com outros meninos, ela sabia lá o que era isso de "escola". A educadora começou a desarrumar brinquedos e ela lá ficou interessada. Um cesto das compras, frutas... um carrinho das compras! Bebés! Carrinhos! Maravilha. Até se descalçou para ficar mais confortável.
Começou a virar-nos costas e achámos que estava na altura de sair. Despedir ou não despedir? A educadora disse que era opção nossa, nós é que conhecemos a nossa filha e de que modo nos sentiríamos mais confortáveis. Ora, eu sei que o mais fácil é sair de fininho, mas não consigo.
Primeiro foi o pai, deu-lhe um beijo e a Carminho respondeu com um acenar de "adeus" e, sem qualquer problema, viu-o afastar-se. Depois foi a minha vez.
Dei um passo na sua direcção, ela percebeu logo e não achou grande piada. Sem chorar, fez questão de agarrar na minha mão e desafiar-me para brincar. Ok... 'bora lá, é só esperar por outro momento oportuno. Voltou a ficar descontraída, mas de repente lembrou-se de mim. Outra vez... Voltou a agarrar-se, mas desta vez começou a choramingar, meio birra, a querer trepar por mim a cima (o que fez com sucesso).


Ilustração por: Maja Vaselinovic
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Recusou a fruta e começou a insistir que queria ir para a rua, para o parque. Tínhamos passado pelo parque da creche ao entrar e se há coisa que a Carminho (e a maioria das crianças) gosta é de estar na rua e em parques. A educadora achou que até seria boa ideia irem até ao parque depois da fruta e lá a conseguimos aguentar enquanto os outros meninos comiam a fruta e metiam o chapéu na cabeça.
Assim que percebeu que íamos mesmo à rua, acalmou. A caminho do parque largou-me a mão, embora fosse ao meu lado, e ao entrar virou-me costas e foi explorar. Assim que viu a casinha de brincar, eu deixei de existir. Lá consegui que olhasse para mim, acenei-lhe "adeus", ela respondeu e fui embora tranquilamente. Eram 10h30.

Ao chegarmos, a educadora tinha-me perguntado se a Carminho ficaria lá para almoçar e acabámos a combinar que ela ficaria lá enquanto estivesse bem. Depois de a deixarmos, eu e o Duarte, fomos tratar de alguns assuntos.
Ao aproximar-se da hora de almoço/sesta habitual da Carminho, decidi ligar para saber se já tinha almoçado e a podia ir lá buscar (já imaginava que não dormisse na creche no primeiro dia). A conversa com a educadora deixou-me muito surpreendida.
Contou-me que a Carmita chorou um bocadinho quando percebeu que a mãe tinha ido embora, mas que rapidamente ultrapassou a angústia e foi brincar. Já tinha almoçado, não quis a sopa (acho que foi por estar aquecida e ela gostar de sopa fria), mas comeu o esparguete com carne. Depois do almoço, ao ver os outros meninos, também pediu para ir à sanita, lavou as mãos e a cara. Enquanto falávamos ao telefone, estava deitada!!! Quando os outros meninos se deitaram, também se deitou, super tranquila, tendo pedido uma boneca porque viu outra menina a fazer o mesmo.
Fiquei estupefacta. Não pensei que corresse tão bem. De qualquer modo, céptica como sou, combinei com a educadora que se ela ficasse embirrenta por não dormir, que me ligasse e eu ia buscá-la.
Pois bem, são quase 15h000 e ainda estou à espera do telefonema. Será que adormeceu? Provavelmente...

Até agora, está a superar as minhas expectativas. E não, não chorei nem fiquei angustiada ou triste. Estou óptima. Já estava a precisar disto, a Carminho já estava a precisar disto.
Vamos lá ver como vai reagir amanhã, quando vir que vai para lá outra vez. Mas amanhã logo se vê.

Ilustração por: Maja Vaselinovic
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