quinta-feira, 26 de julho de 2018

O Meu Segredo de Mãe

Todas temos os nossos segredos de Mães. E os Pais também.
Não estou a falar daquele segredo de como fazer coisas espectaculares acontecerem, como "o meu segredo para colocar o edredão na capa em 1 segundo" ou "o meu segredo para a mousse de chocolate mais perfeita de sempre". Não...

Estes segredos são acidentes ou incidentes que aconteceram quando estávamos a cuidar das nossas crias.
Situações mais ou menos chatas que poderiam ser (ou foram) mais ou menos graves.
Situações que, quando aconteceram, nos fizeram sentir os pais mais negligentes à face da terra, os piores pais de sempre, não merecedores da confiança dos nossos filhotes que jurámos proteger e falhámos.
Momentos que não queremos contar a ninguém com medo de que nos julguem tão duramente quanto nos julgamos a nós mesmos.


Fonte




Inspirada num site (este) que sigo há vários anos, onde as pessoas enviam postais anónimos com os seus maiores segredos, pensei que poderia ser interessante e terapêutico para alguns de nós fazermos algo do género, embora mais virado para a maternidade ou paternidade.
Assim, criei um formulário online (aqui) que podem preencher, anonimamente, com o ou os segredos que vos angustiam e que têm receio de partilhar com o mundo. Também podem comentar esta publicação com os vossos segredos ou enviá-los por mail para ameninadajoaoxxi@gmail.com.

A minha ideia é, de vez em quando, partilhar um ou vários segredos com os leitores do blogue e perceberem que não estão sozinhos, que aquilo que aconteceu convosco já aconteceu com outros, para receberem um pouco de empatia ou para que aquilo que vos aconteceu pode servir de alerta para outros.
Comentários com críticas destrutivas, juízos de valor, insultos ou afins não serão tolerados por mim e serão sempre apagados.




A primeira vez que pensei nisto foi no rescaldo do meu próprio segredo.

O Duarte tinha ido ao futebol e eu estava sozinha com a Carminho. Não me lembro da idade dela, mas talvez uns 7 ou 8 meses.
Chegou a hora de a ir deitar. Eu já tinha lido e relido sobre isto e sempre achei que tinha cuidado suficiente, mas não. Coloquei-a no muda-fraldas, sentada, enquanto lhe tirava a camisola. Na altura, deitá-la no muda-fraldas era um drama, porque tinha aprendido a sentar-se há pouco tempo e não se queria deitar, por isso tratava dela sentada enquanto fosse possível.
Ela atirou qualquer coisa ao chão e eu baixei-me para apanhar, continuando a segurá-la pelo braço. Foi o suficiente para, em milésimos de segundos, ela espreitar o que eu estava a fazer, inclinar-se e cair do muda-fraldas! Caiu em cima de mim, dando-me uma cabeçada, e escorregou para o chão. Começou a chorar. Não me lembro como, mas acabei no corredor sentada do chão, a olhar-lhe para os olhos (para ver as pupilas), a abraçá-la, a embalá-la. Cheia de calor, em pleno Inverno, acabei despida e a escorrer suor. Ela chorava em plenos pulmões. As pupilas estavam bem, não tinha vómitos, nem desmaios. Tirando o choro, não me parecia que houvesse algum problema. Mas eu interrogava-me. Vou para o hospital? Ligo para a saúde 24? O que preciso de ver mais? Será que partiu alguma coisa? Será que acertou com a parte mole da cabeça? Sou má mãe! Sou uma mãe terrível! Vou presa? Isto é negligência? Digo ao pai? O que faço?
E, enquanto ela chorava em plenos pulmões, uma das gatas aproximou-se para a cheirar. Calou-se imediatamente! Calou-se e quis ir atrás da gata. Percebi logo que o pranto dela era do susto e da minha ansiedade. Acalmei-me, fiquei um pouco mais com ela.
Acabou por correr bem. Não foi preciso ir ao hospital, não aconteceu nada.

No dia seguinte, continuava angustiada e fui ter com uma amiga para café.
"Aconteceu uma coisa horrível.", disse eu. "Ainda nem recuperei do susto.". "O que foi? O que se passou?". "Ontem deixei cair a Carminho. Não foi nada, está tudo bem, mas sinto-me uma mãe horrível". A cara da minha amiga mudou, ficou séria, séria.
"Eu também deixei cair o meu filho e nunca contei a ninguém."


Ilustração "Universal Language" por Andy Westface
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terça-feira, 24 de julho de 2018

1º Giveaway d'A Menina - Kit Praia


É super entusiasmada que vos trago o primeiro giveaway deste blogue!

Eu (A Menina da João XXI), a Lucy's Kids, a MamãoPapaia e a White Lullaby - Handmade, somos quatro mães que se juntaram para organizar este adorável conjunto para irem à praia com os vossos filhotes.

O que inclui este conjunto para a praia (clique nas fotos para aumentar)

  • Balde de praia em silicone e pacotinho reutilizável da Lucy's Kids







Como se tornarem elegíveis para ganhar este colorido "kit praia"
  1. Fazer "gosto" na publicação do giveaway (aqui) e na página de Facebook d' A Menina da João XXI;
  2. "Gostar" da página de Facebook da Lucy's Kids;
  3. "Gostar" da página de Facebook da Mamãopapaia;
  4. "Gostar" da página de Facebook da White Lullaby - Handmade;
  5. Comentar esta publicação dizendo o quão bom e cansativo é ir à praia com as crias ❤
Quais as condições de participação
  • Este giveaway é válido para Portugal e para utilizadores maiores de idade;
  • Podem concorrer até às 24h00 de dia 31 de Julho;
  • O vencedor será seleccionado aleatoriamente através da "The Good Luck Fairy";
  • O vencedor será anunciado no dia 01 de Agosto no blogue e no Facebook d' A Menina da João XXI  será também contactado por mensagem privada e tem 48h para responder (após esse período perde o direito ao prémio)
Boa Sorte!


Este giveaway não é de forma alguma patrocinado, aprovado, administrado ou associado ao Facebook. Nem o Facebook tem qualquer responsabilidade por cada inscrição ou participante.
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sábado, 21 de julho de 2018

Desafio - Alimentação Saudável (Semana 3)



Vamos para mais uma semana do Desafio - Alimentação Saudável?
Estou super engripada, mas vou tentar escrever alguma coisa com pés e cabeça.

Preparemos, então, na  semana 3




Confeccção
É possível que esta semana (ou noutra) já tenham o congelador cheio de vegetais que acabaram por não ser utilizados ou que não consigam encontrar patinava (também conhecida por cheróvia). Não há qualquer problema em substituir o alimento que esteja escrito no menu, por outro que tenham
  1. Pequeno-almoço: A manteiga de amendoim que consumimos cá em casa é 100% caseira e é algo extraordinariamente fácil de fazer. A sério! Podem ver a minha receita aqui  A dos supermercados está cheia de açúcares e conservantes, se não vos apetecer fazer optem por outra coisa. A sério. Repitam as papas de aveia (que também são facílimas de fazer). O amendoim é uma excelente fonte de proteína e, desde que seja caseira, a manteiga de amendoim é uma boa opção para se variar de vez em quando.
  2. Almoços de peixe: Sugiro a corvina, a pastinaca, o pimento e a beringela grelhados e o pepino fresco a acompanhar (tipo salada). Ou fazer um arroz de pimento. Também é bom.
  3. Almoço de ovo: omelete, queques de ovo, panqueca de ovo, bolo, o que vos apetecer. Eu desisti do ovo para a Carminho. Ela não come mesmo, não gosta e eu não vou insistir mais. Talvez faça ovo cozido e fica tudo cortado aos pedacinhos, misturado com o couscous. Deixo a minha confissão - não como alho-francês. Não suporto, mesmo!
  4. Almoço vegetariano: Tal como no dia de ovo, nada como um couscous misturado com vegetais. Pode ser servido frio ou quente.
  5. Almoços de carne: Peito de frango, acompanhado de couscous de vegetais. Não há grande coisa a inventar. Vamos é ver como os couscous ficam nas bolinhas da Carminho.
  6. Jantar: A sopa e a salada co costume.
Agora, deixo-vos a lista de compras e vou voltar para o "molho".
Estou que nem posso, cheia de dores no corpo todo.

Lista de compras



Nota importante: este plano para bebés é feito para a Carminho que tem 1 ano. De acordo com o método Baby-Led Weaning, a partir dos 6 meses já podem comer quase tudo, mas mandem-me mensagem ou questionem o pediatra se tiverem alguma dúvida em relação a qualquer alimento.

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sábado, 14 de julho de 2018

Desafio - Alimentação Saudável (Semana 2)


Prontos para continuar o Desafio - Alimentação Saudável?
Como é que vos está a correr esta semana? Entraram no desafio ou não?

'bora lá para a  semana 2





Confeccção
Apesar de, inicialmente, ter dito que vos iria dar receitas, vou deixar que a vossa inspiração vos guie, mas vou deixar aqui o que estou a planear fazer.
  1. Pequeno-almoço: Quem diz papas de aveia diz papas de cereais. Eu gosto da mistura de 5 cereais do celeiro. Faço uma boa quantidade, que chegue para metade da semana e guardo no frigorífico. O pequeno-almoço da Carminho: vai ser feito à parte, por causa do café, e com amêndoas trituradas. Os frutos secos não têm problemas desde que sejam bem triturados, para que não sejam perigosos;
  2. Almoços de peixe: Na semana passada, num dos dias de peixe, acabei por triturar tudo numa pasta e barrar no pão (substituindo o arroz). Ficou uma refeição óptima e rápida e esta semana irei repetir. Tenho estado com pouco apetite e apetece-me refeições mais leves e frescas, portanto, transformar em pasta ou fazer versão salada russa é excelente para esta altura do ano e até para quando saímos - bem mais prático!
  3. Almoço de ovo: Na semana passada estava sozinha em casa e optei pela simplicidade dos ovos mexidos. Mas no dia de ovo, há muita coisa que se pode fazer: omelete, ovos mexidos, muffin, crepes, bolo de ovo...
  4. Almoço vegetariano: Uma massa com vegetais, marcha sempre!
  5. Almoços de carne: Vou ter de esperar pela inspiração no próprio dia. Agora estou sem ideias para vos sugerir. Podem é ser vocês a sugerir :)
  6. Jantar: Tal como na semana passada, a sopa vai ser toda passada, com excepção da leguminosa (grão) e a salada é temperada com um fio de azeite e vinagre balsâmico. Para a Carminho nós trituramos a leguminosa e misturamos na sopa. Também decidimos dividir a dose de cereais do almoço com o jantar e misturamos (o arroz ou a massa) na sopa.


Lista de compras


Nota importante: este plano para bebés é feito para a Carminho que tem 1 ano. De acordo com o método Baby-Led Weaning, a partir dos 6 meses já podem comer quase tudo, mas mandem-me mensagem ou questionem o pediatra se tiverem alguma dúvida em relação a qualquer alimento.

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quinta-feira, 12 de julho de 2018

Um bocadinho de solidariedade, please

Ilustração por Norman Rockwell

Nem sei bem como começar este artigo. Estou cansada.
Mas isso estamos todas. Não conheço uma mãe que não esteja cansada. Mais não seja porque quando deixa de ter os filhos sob a sua asa continua a preocupar-se, a querer ajudar, e já não tem idade para que o corpo aguente a curtição da liberdade recém-adquirida.
Estou cansada porque "Eu não tenho opção", porque sou mãe a tempo inteiro.

E fico cansada com a falta de solidariedade.

"Olha-me a lata desta! Está em casa todo o dia de papo para o ar com a sua filhota e ainda se queixa!", pensam algumas pessoas.
Relaxem, não há nenhuma competição para ver quem está mais cansado. Vocês queixam-se da vossa vida e eu da minha sem tentarmos ganhar a coroa de "Miss Exaustão 2018", combinado? Até porque se fosse uma competição, eu diria que ganham os que não dormem. 
Antes de pensar em ter filhos, sempre que ouvia lamúrias de mães domésticas o meu pensamento era "Difícil é ter um trabalho e no final do dia ainda ter de tratar dos filhos e da casa! Não fazem nada todo o dia e ainda se queixam. O que é que custa?"
Estava longe de imaginar que o destino se haveria de encarregar de me fazer responder a essa questão.
Na minha cabeça (e na de muitas pessoas que não passam por esta circunstância), uma mãe a tempo inteiro passava o dia de papo para o ar a comer bombons, a ver televisão e a brincar com a cria. QUEM. ME. DERA!


MATI = Mãe A Tempo Inteiro

















Sabem porque é que custa tanto ser mãe a tempo inteiro? Porque não espairecemos. Porque não saímos nunca deste cenário. Todos os dias da semana são iguais. O cansaço não é tanto físico, é psicológico. A Carminho não está na creche, por isso estou sempre em modo mãe. Os meus dias são passados a falar e a cuidar de um bebé. E quando ela se deita eu já não tenho energias para fazer mais nada, a não ser babar durante uma horinha no sofá até adormecer.
Os pais que trabalham ou que têm os filhos na creche têm uma mudança de cenário. O Duarte já me chegou a dizer "isto ao fim de semana consegue ser mais cansativo do que uma semana de trabalho."

Quanto à falta de solidariedade de que falei no início, é um assunto que já foi falado entre nós, pais e casal, por isso é que agora falo do assunto no blogue.

Tenho um excelente marido e a Carminho tem um pai fantástico. No entanto, por vezes sinto que há uma enorme falta de solidariedade.
Nem todas as MATI são ricas ou dondocas. Nós não somos ricos, no entanto sou mãe a tempo inteiro. Isso significa que é o trabalho do Duarte que sustenta financeiramente o nosso lar. Foi uma escolha consciente que fizemos. Havendo possibilidade financeira, não me importei de deixar a minha vida profissional em pausa, para providenciar à minha filha um acompanhamento permanente da minha parte.
Esta escolha, a nível individual, resulta numa grande pressão para cada um de nós. Por um lado, eu lidar com a minha dependência total do meu marido (e se lhe acontece alguma coisa? E se ele me decide trocar por uma gaja mais nova? Ou mais velha? Ou se se farta?) e ficar numa situação delicada em relação ao mundo do trabalho actual que terá impacto na minha reforma (se a tiver). Por outro lado, o Duarte fica com a pressão de ser o único a ganhar dinheiro para providenciar uma boa vida à mulher e à filha. Enquanto pais estamos ambos certos e seguros da nossa escolha, enquanto indivíduos temos de lidar com as nossas inseguranças. É um equilíbrio delicado.



Da minha parte, não só tenho de lidar com a questão da minha situação profissional e o seu impacto na minha velhice, mas ao dedicar-me a tempo inteiro à minha filha, significa que fico com muito pouco tempo para cuidar de mim e eu sempre fui uma pessoa solitária. Gosto muito dos meus amigos e da minha família, mas a sociabilização esgota-me e sempre precisei de ter tempo sozinha para recuperar energias. Estar sempre com outra pessoa (por mais que a ame mais do que a tudo o resto neste mundo) deixa-me exausta e não tenho oportunidade para recuperar, porque quando deito a Carminho, vou jantar e a seguir adormeço.

Como o Duarte é quem ganha o dinheiro, tentei sempre não o impedir de fazer as outras coisas de que gosta. E ele não se corta a nada. Aproveita tudo. E, se por um lado eu acho fantástico, por outro sinto uma falta de solidariedade enorme, porque eu tenho de viver nos buracos de tempo dos outros. Tenho de viver enquanto a Carminho dorme e tenho de programar a minha vida para os intervalos do meu marido (para ele poder ficar com ela). Ver que ainda tenho de me adaptar aos passatempos dele, às vezes incomoda-me.
Será egoísmo? Inveja? Se calhar... E qual é o problema? A minha vida mudou radicalmente desde que fui mãe e toda a minha vida está dedicada a criar deste ser extraordinário que é a minha filha.

Há uns meses, voltei a ocupar-me profissionalmente com alguns projectos. Portanto, deixei de ter oportunidade para cuidar de mim, porque quando há um intervalo na vida do Duarte, tenho de aproveitar para trabalhar.  E eu vou ficando para trás. Ver uma mudança tão grande na minha vida e a dele continuar com as mesmas diversões, incomoda-me. Isto porque acho que de vez em quando deveria haver um pouco de solidariedade parental e ficar comigo em vez de ir a qualquer lado. Sim, é verdade que ambos diminuímos a frequência com que estamos com amigos, mas de resto ele continua com os seus hobbies e eu tive de abdicar dos meus.

Uma coisa que eu fiz foi juntar-me a outras MATI e falar à boca cheia de como me sinto. De vez em quando, juntamo-nos no parque com os nossos filhotes. Aquelas horas são a pensar no bem estar deles, para brincarem ao ar livre, meterem os pézinhos na relva, andarem nos baloiços e estarem com outras crianças. Mas acredito que para todas nós, apesar de nunca termos falado nisso, é um grupo de auto-ajuda. Um espaço em que somos todas iguais e podermos falar com outros adultos, saindo do nosso casulo mãe-bebé. Naquele momento, somos um clã e cuidamos das crias umas dos outras, relaxando.

A certa altura disto de ser MATI, tinha a Carminho uns 6 meses, comecei a sentir que ia enlouquecer. Sentia-me presa no mesmo dia, todos os dias. Não sei se já viram o filme "O Feitiço do Tempo", com o Bill Murray, mas era precisamente assim que eu me sentia. Decidi que tinha de me aplicar no meu futuro profissional e fazer dinheiro. Ia aliviar muito do stress da minha vida - ganhava dinheiro e ocupava a cabeça com assuntos não relacionados com a maternidade. No entanto, trabalhar em casa ou sermos os nossos próprios chefes significa exactamente o mesmo do que ser MATI: os outros acham que não fazemos um bacalhau. Que não fazemos nada durante o dia, que o nosso trabalho não tem tanto valor, que o nosso trabalho se pode interromper, que se algum trabalho tiver de ser re-agendado tem de ser o nosso. E o próprio Duarte entrou neste registo. Como trabalhava e queria espairecer, começava a agir como se o lazer ou descanso dele fosse prioritário em relação ao meu trabalho. Certo dia, ao telefone com uma amiga, que também é mãe a tempo inteiro e também se tinha dedicado a alguns projectos por conta própria, perguntei: "Sinto que o todo o meu trabalho é completamente desvalorizado e que  é passado para segundo plano". "E é mesmo. Aqui também, o que é que julgas? Parece que nos põem à prova", respondeu-me ela. E aí eu percebi que não estava sozinha. Também percebi que o Duarte não o fazia conscientemente. E, nesse momento, aceitando as diferenças biológicas entre homens e mulheres (a mulher é a cuidadora e o homem é o provedor), percebi também que a falta de solidariedade não era intencional ou por falta de atenção, era mesmo uma incapacidade biológica de perceber o que é ser mãe. Do que é ser mãe a tempo inteiro. Do que é ser mãe a tempo inteiro no século XXI. Só havia uma forma de ultrapassar isto e era falando.

"Mas podes ir, desde que não demores mais do que 3 horas", "Mas podes ir depois de ela adormecer", "Esta manhã não te chegou?" - são falsas escolhas. E já as ouvi.
Ir com um limite de tempo, não é ter tempo de qualidade. Deixa-me em stress, a olhar para o relógio se quiser ir a qualquer lado, tenho de chegar para sair logo a seguir.
Ir depois de ela adormecer não é opção, porque ao final do dia não tenho energia nem para fazer o jantar de raiz, quanto mais ir sair. E sair com quem? Quem é que sai durante a semana? Agora nas férias é mais fácil.
Sair uma manhã com uma amiga não me chega. Não! Eu passo a semana inteira em "modo" mãe e às vezes quero (e preciso) de sair deste registo. De não ter essa responsabilidade, de andar preocupada se come, se dorme, se bebe, se mama, se não está a comer a ração das gatas. Passo a semana inteira a comunicar com um bebé todo o dia, todos os dias, preciso de convívio com adultos a falar de outros assuntos, para manter a minha sanidade mental. Preciso de re-aprender a estar com adultos sem lhes estar a falar permanentemente das gracinhas da Carminho ou a pegar no telemóvel para ver as fotos que tirei durante o dia.
Preciso de convívio com adultos fora de minha casa, porque normalmente os convívios são aqui porque a D. Carmo está a dormir.


Às vezes sinto que eu abdiquei de tudo e o Duarte não abdicou de nada. E quero solidariedade! Pode nem ser 100% verdade, mas é o que sinto. Quero que, de vez em quando, ele diga "olha, hoje não vou à bola, para ficar aqui contigo". Quero que ele pense um bocadinho antes de dizer "Sim!" ao ser desafiado para alguma coisa. Só de vez em quando. Nem eu quero que ele fique sempre em casa, como eu. Porque estar sozinha de vez em quando é fixe - a Carminho ferra à noite e eu não me importo de ficar sozinha, seja a anhar, seja a ler, seja a escrever no blogue.

Mas gostava de, de vez em quando, não ser a castradora quando lhe digo que algo não é possível porque é exactamente na hora de deitar da Carminho e só dá para fazermos coisas juntos antes ou depois. Gostava que em vez de me perguntar se pode ir a qualquer lado, me dissesse "eu sei que estás cansada, mas vai haver um concerto e gostava de ir". 
Ok! O meu grande problema em relação aos tempos livres do Duarte é com a sua obsessão com futebol. E a forma como os tempos livres dele andam à volta disso.
Vai aos jogos, vê os jogos, lê sobre os jogos, vê os programas desportivos, joga à bola (chegou a ser 3x por semana!). É bola, bola, bola, bola...
Ter me sujeitar aos intervalos do trabalho e ainda aos intervalos da bola é demais para mim.

Mas já nos sentámos e falámos. Já estabelecemos prioridades: a prioridade é o trabalho do Duarte porque, de momento, é o que nos paga a renda; segue-se o meu trabalho; depois os tempos livres do Duarte (porque é mesmo algo que o deixa feliz). Entretanto, uma vez por semana a Carmita vai uma manhã para casa da minha mãe, deixando-me livre para ser e/ou fazer o que for preciso.
E os programas de comentadores desportivos estão proibidos!

Pronto! Está feito o desabafo! Está resolvida a questão.
Bom, bom, era ter uma empregada que limpasse e cozinhasse todos os dias, todo o dia. Isso é que era fabuloso. Assim dava para eu ser mãe dondoca NA. BOA!
Se eu ganhar o Euromilhões já sei. Uma governanta/ama (para quando eu tenho de ir tratar de algum assunto), empregada/cozinheira (para cozinhar os meus menus semanais) e um motorista/jardineiro (para não ter de andar à procura de lugares de estacionamento e ter alguém que me cuidasse das plantas, que eu deixo morrer tudo). Já tenho tudo planeado. O raio do Euromilhões é que 'tá quieto! Talvez amanhã.


sábado, 7 de julho de 2018

Lista de Artigos sobre Alimentação

Baby-Led Weaning
Baby-Led Weaning (BLW) - O que é e medos frequentes?
Baby-Led Weaning (BLW) - Porquê?
Baby-Led Weaning (BLW) - Quando?
Baby-Led Weaning (BLW) - Como?
O Nosso Baby-Led Weaning (BLW)

Introdução de Sólidos - Alimentos a evitar

Receitas, Organização e Preparação
Receitas da Menina - BLW: Organização e Preparação
Receitas da Menina - BLW: Bolinhas Salteadas

quinta-feira, 5 de julho de 2018

Desafio - Alimentação Saudável (Semana 1)


Vamos então dar início ao Desafio - Alimentação Saudável!
A ideia é motivarmo-nos a ter uma alimentação saudável, mudando os nossos comportamentos alimentares, e, secretamente, esperando perder algum peso.

No artigo anterior "Desafio - Alimentação Saudável (Introdução)", deixei-vos os princípios pelos quais me regi para desenhar os menus semanais, o plano alimentar e as quantidades diárias de cada tipo de alimento para se ter uma alimentação saudável. Nesse artigo também podem ler as quantidades de cada tipo de alimento a cada refeição.
Se os menus semanais não vos parecerem apelativos, podem ajustá-los ou pegar no plano alimentar e fazer o vosso: substituir alimentos, adicionar ou suprimir refeições, fazer uma distribuição diferente dos grupos alimentares, aumentar ou diminuir quantidades, etc.



Confeccção
Apesar de, inicialmente, ter dito que vos iria dar receitas, vou deixar que a vossa inspiração vos guie, mas vou deixar aqui o que estou a planear fazer.
  1. Pequeno-almoço: Este não precisa de grande explicação. Apenas um "não abusem da manteiga!", porque não é a gordura mais saudável, mas tal como vos disse "baby steps". Eu sou muito agarrada ao meu ritual matinal. A partir da próxima semana o pequeno-almoço já será diferente;
  2. Lanche da manhã e da tarde: Também não há grande coisa a dizer... Fruta e frutos secos;
  3. Almoços de peixe: Aqui é que já dá para ser mais inovador. Para o primeiro dia estou a pensar em saltear juntamente com o arroz, no segundo dia fazer estilo salada russa com uma pitadinha de maionese (baby steps... mas podem temperar com azeite e vinagre) e para o terceiro talvez na onda do empadão de atum (só preciso de lhe adicionar gema batida e noz moscada antes de ir ao forno);
  4. Almoço de ovoEstou indecisa entre os muffins e os bolinhos de ovo. A diferença entre ambos é que nos primeiros o ovo é batido e os vegetais estão em pedaços e nos segundos está tudo batido e triturado;
  5. Almoço vegetariano: Volto ao estilo salada russa, mas desta vez temperada com azeite (1 colher de chá), vinagre e especiarias (ainda não decidi quais, mas talvez orégãos); 
  6. Almoços de carneNada como peito de frango grelhado com legumes e massa salteados (talvez com uma pinguinha de sake e vinagre de cidra ou balsâmico). No outro almoço, muito provavelmente farei um molho de natas, queijo e pimenta;
  7. Jantar: Sopa é sopa, mas vai ser toda passada, com excepção do feijão-frade. A salada é temperada com azeite (uma colher de chá) e vinagre balsâmico
  8. Ceia: É o que é. Uma torrada e um iogurte, também não há grande coisa a inventar. Simplesmente, não a carreguem de gordura ou doce. Uma boa hipótese é uma fatia de queijo que, quando se mete por cima da torrada acabada de fazer, fica meio derretido e eu adoro.
Lista de compras
Basta imprimir e levar para o supermercado.
Ah! As leguminosas (neste caso o feijão-frade) compram-se sempre secas. As de lata não são nada adequadas para os bebés por causa da grande quantidade de sal. Por isso, enquanto as demolharem troquem de água com bastante frequência - 24h costuma ser o suficiente.


Nota importante: este plano para bebés é feito para a Carminho que tem 1 ano. De acordo com o método Baby-Led Weaning, a partir dos 6 meses já podem comer quase tudo, mas mandem-me mensagem ou questionem o pediatra se tiverem alguma dúvida em relação a qualquer alimento.

Artigos relacionados:
Desafio - Alimentação Saudável (Introdução)