sábado, 11 de maio de 2019

Fraldas Reutilizáveis - Parte IV: Noites 2.0


Já passaram 9 meses desde o último artigo sobre fraldas reutilizáveis (podem lê-lo aqui)
Na altura também falei sobre as fraldas de noite, a Carminho tinha 1 ano e 3 meses, era a segunda tentativa na utilização de fraldas reutilizáveis à noite, estávamos no meio de experiências e estava tudo a correr bem.
Nesse artigo aproveitei para falar também sobre a minha opinião acerca da ética e ecologia de comprar em sites chineses como o AliExpress. Opinião que mantenho. Muito resumidamente: se tiverem possibilidades financeiras para comprar em lojas nacionais e/ou negócios familiares melhor; se não tiverem, força nos AliExpress. E é sempre possível comprar umas coisas num sítio e outras noutro.

Com a confiança a crescer, continuámos a tirar camadas de absorventes para que a Carmita não tivesse de dormir com uma "armadura" no rabo. Não que ela se queixasse, mas tanto volume no rabiosque fazia-me alguma confusão. Entretanto, já temos fraldas novas, capas novas e dispensámos alguns absorventes.
Cada criança tem os seus xixis e, hoje, partilho convosco o que funciona com a Carminho.

A C tem 23 meses (passou tão rápido...) e dorme entre 11 a 12 horas seguidas por noite.
Intercalamos entre ajustáveis com capas de lã e AIO/AI2, porque acho muita piada a que ela fique tantas horas seguidas com fraldas que têm capa PUL (que são menos respiráveis).

Ajustáveis
  • Fralda Alva de bambu, reforçada com um absorvente de cânhamo Elinfant (3 camadas) enrolado numa pequena fralda de algodão (da Zara porque tinha para cá e achei que se adequavam bem por serem mais pequenas);
  • Fralda Elinfant de cânhamo, com absorvente de cânhamo (3 camadas) e absorvente de polar e bambu (4 camadas);
  • Capa Sloomb de lã
  • Capa Disana de lã
Fraldas ajustáveis Alva 
Fralda ajustáveis Elinfant
Capas de lã Disana (em cima) e Sloomb (em baixo). As esverdeadas já não usamos.


All-in-One (AIO) / All-in-Two (AI2)
    • Fralda OhBabyKa AIO de carvão de bambu. Estas fraldas têm um absorvente de bambu costurado e um bolso. Reforço com uma fralda grande de algodão dobrada (metade dentro do bolso e a outra metade por fora, porque é mais rápida a absorver o xixi do que o absorvente);
    • Fralda OhBabyKa AI2 de carvão de bambu, reforçada com um absorvente de cânhamo Elifant (3 camadas) enrolado numa fralda grande de algodão.
    Fralda AIO OhBabyKa

    Fralda AI2 OhBabyKa
    Links

    Depois guardo sempre as fraldas por ordem e sempre com um liner.
    E isto é o que tem funcionado connosco. E vocês? Quais são as combinações vencedoras para os vossos bebés? 



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    quinta-feira, 2 de maio de 2019

    Um género de ideologia

    Tenho um género de ideologia: A Carminho é livre para escolher o que quer vestir, com o que quer brincar, independentemente da cor. Ou seja, o meu género de ideologia é "quero uma filha feliz!".




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    Muito francamente, a conversa de "ideologia de género" já enjoa.
    Primeiro, porque a maior parte das pessoas confunde "género" com "sexo" com "orientação sexual";
    Segundo, porque "ideologia de género" não significa absolutamente nada. É daquelas frases em que se juntam conceitos que podem ser vistos como complexos para parir um pseudo-conceito;
    Terceiro, porque nesta "guerra", como em qualquer outra mais mediatizada, o foco parece estar mais no "eu é que tenho razão" e não na preocupação com o outro.

    Vou tentar explicar estes conceitos de uma forma muito básica e simples, com tudo o que implica este modo de explicar coisas.
    O sexo é uma característica biológica, ou seja, física com que as pessoas nascem. Existem três tipos de sexo: feminino, masculino e intersexo. O intersexo é aquilo que antigamente era chado de "hermafroditismo" (uma ambiguidade física entre masculino e feminino).
    A orientação sexual tem a ver com por quem a pessoa se sente sexualmente atraída. Pode ser heterosexual (atracção por pessoas do sexo oposto), homosexual (atracção por pessoas do mesmo sexo) ou bisexual (atracção por pessoas de ambos os sexos).
    O género é um construto social. É um papel que assumimos e que tem a ver com aquilo que é esperado que seja assumido por cada sexo. É algo que varia cultural e temporalmente.

    Não podemos esquecer que os conceitos sociais alteram-se, evoluem.
    Há uns anos, fazia parte do género feminino apenas usar saia, ser mãe, não trabalhar e ficar em casa a cuidar dos filhos. Era esperado que, para o género feminino, fôssemos caladas, carinhosas, subservientes, que nos tapássemos dos pés à cabeça (ver o tornozelo descoberto de uma mulher era a lou-cu-ra!). Fazia parte do género feminino não conduzir, andar de cavalo com ambas as pernas para o mesmo lado, não jogar à bola, não dizer asneiras, não votar. E podia fazer todo um artigo elencando, apenas, o que era esperado do género feminino e que já não é. Porque isto evolui.
    Já conduzimos, já votamos, já usamos calças, já usamos decotes até ao umbigo e rachas até à anca. Já há torneios de futebol feminino. Já há mulheres a conduzir camiões no Rali Dakar! Há mulheres engenheiras civis. E seria mais outro artigo elencando o que actualmente fazemos e que antigamente era esperado que as mulheres não fizessem, porque não fazia parte do rol de comportamentos aceitáveis para o género feminino.
    E os homens já cozinham, já limpam a casa, já tratam de crianças, já há pais que ficam em casa com os filhos enquanto as mães voltam ao trabalho. No entanto, poderia ficar aqui a dissertar porque é mais fácil e mais aceite as mulheres assumirem características tradicionalmente associadas ao papel masculino, do que o contrário. É quase como se as características tipicamente masculinas fossem mais virtuosas ou robustas do que as características tipicamente femininas. Mas hoje não vou elaborar, porque a ideia era debitar sobre o género e as crianças.

    Sobre o género e as crianças, tenho "um género de ideologia": deixem as crianças brincar, explorar, aprender, desenvolver. Deixem as crianças encontrarem o seu lugar no mundo e em si mesmas.
    Permitam que as crianças fluoresçam e aprendam o que são. Aceitem os vossos filhos como eles são e não lhes tentem impingir as vossas expectativas de perfeição, sejam elas quais forem.
    Vocês acham, que algum dia!, obrigarem a que as vossas filhas só se vistam de cor de rosa e brinquem às casinhas, e que os vossos filhos só se vistam de azul e só brinquem com carrinhos, vai fazer com que mude alguma coisa? Concordo tanto com isso como serem educados num ambiente em que há uma total ambivalência de géneros e de cores.

    Não, não têm de desatar a comprar bonecas para os meninos ou carrinhos para as meninas, mas se virem que eles se interessam por esses brinquedos na escola ou no parque, qual é o problema em lhes propiciar o que eles gostam?
    Têm noção de quantos meninos do parque "roubaram" o carrinho de bonecas cor de rosa choque da Carminho e andaram ali todos contentes a empurrá-lo? E quantos carrinhos a Carminho "roubou"? E quando as mães comentavam "ele adora o carrinho", eu respondia "comprei ali nos chineses, super barato!", para ouvir "mas é de menina...". Vocês acham que uma criança pequena tem sequer noção ou interesse do que é para meninos ou meninas? Eles querem absorver o mundo! E se tiverem? Vocês acham que é um mau estímulo um menino, um futuro homem, empurrar um carrinho de bebé? Ou um carrinho de compras? Porquê? Que péssima mensagem é que vêem aí? Pior do que brincar a matar?



    Eles são o que são. Eles são o que querem ser.
    E nós? Nós temos de nos mentalizar e perceber, de uma vez por todas, que eles não são um objecto comandado pelos nossos desejos e caprichos. 
    As crianças são seres individuais, com direitos, com quereres, com apetências. E não há nada que possamos fazer para os contrariar. Se eles gostam de bolas, vai ser tirando o acesso a bolas que vão deixar de gostar?
    Não chegam já todas as lutas e guerras que têm mesmo de ser? O não meter a mão na água a ferver, o não ingerir detergentes, o não brincar com lâminas... Aquelas coisas que são MESMO importantes e que valem a pena o drama de uma criança que percebe o "não", mas que não percebe o "porquê do não"?
    Dêem-lhes liberdade para que sejam felizes. Não é isso que todos queremos?

    Estou farta da conversa de género. Seja de que lado for. 
    Nunca me identifiquei a 100% com o que era esperado de uma "menina", identificando-me com características imputadas ao sexo oposto.
    Proponho que nos deixemos de géneros, de identificações com e/ou como, e que nos concentremos em "ser e deixar ser". Que nos deixemos de preocupar com o que os outros pensam e com o que os outros são/fazem/vestem.

    Sempre pensei que quando tivesse filhos e se fosse menina, faria questão que praticasse uma arte marcial para se poder defender. Mas a Carminho, apesar de só querer vestir cor de rosa e de adorar bonecas e "coisinhas de menina", tem uma obsessão com bolas e estou a ver que vou é ter de a meter no futebol. Eu que adoro futebol lá vou ter de ir para as bancadas torcer pela pequena e conter-me para não me atirar aos pais mal educados (como vêem, já faço os filmes todos).
    Já a imagino, de vestidinho aos folhinhos cor de rosa, a fazer remates à baliza com os colegas a dizerem "não vale bujas!!!".