sábado, 6 de janeiro de 2018

Introdução de Sólidos - Alimentos a Evitar

O entusiasmo foi tanto que me esqueci desta informação importantíssima!
BLW ou tradicional há alimentos que são de evitar até determinadas idades pelos mais variados motivos.

1. Riscos de engasgamento
Alguns alimentos representam, efectivamente, um risco de engasgamento.
Frutos secos inteiros ou em grandes pedaços devem ser evitados até as crianças terem 3 anos porque se podem alojar facilmente na traqueia.
As cerejas devem ser descaroçadas e cortadas ao meio. As uvas e o tomate cherry também devem ser cortados ao meio.
Atenção a comidas preparadas que possam ter frutos secos, ossosespinhas, etc. 

2. Sal
Nada de adicionar sal aos alimentos dos bebés ou crianças.
Os alimentos frescos já têm uma dose natural de sal e mais do que isso é evitável.
Ter atenção a alimentos como comidas enlatadas, enchidos, caldos tipo knorr, molhos feitos, alguns queijos.
Até aos 12 meses os bebés não devem ingerir mais do que 1 grama de sal (0,4 gramas de sódio) por dia. Portanto, quando comprarem alimentos que não são frescos tenham atenção aos rótulos nutricionais e às doses que dão aos Bebés.

3. Açúcar
Tal como o sal, não há necessidade de dar açúcar às crianças, para além do que já existe, naturalmente, nos alimentos.
O açúcar que se adiciona não tem qualquer vantagem nutricional, são as chamadas "calorias vazias".
Até algumas das chamadas "comidas para bebé" que se compram por aí, vêm com açúcar adicionado. 
Tenham atenção aos rótulos das embalagens de comida e vejam se contém algum destes ingredientes: sucrose  dextrose  fructose  xarope de glicose ou xarope de milho  São todos tipos de açúcar e às vezes estão presentes em embalagens que dizem "sem açúcar".
Como em tudo o que envolve comida, mais vale sermos nós a prepará-la quando queremos comer de um modo saudável. Nós, adultos, temos escolha - se queremos saudável ou não -, mas as crianças comem o que lhes damos, pelo que temos uma responsabilidade acrescida.

4. Bebidas
Para além de leite e de água os Bebés não precisam de mais nenhuma bebida.
É particularmente importante evitar as seguintes bebidas:
  • Café, chá e colas: contêm cafeína - são estimulantes e podem tornar o bebé irritadiço;
  • Refrigerantes e sumos de fruta concentrados: têm quantidades elevadíssimas de açúcar, alguns também têm cafeína e podem ser ácidos;
  • Leite: antes dos 12 meses o leite não deve ser dado como bebida, embora possa ser utilizado para cozinhar a partir dos 6 meses. O leite pode interferir com a "fome" do Bebé e tirar-lhe a vontade de beber leite materno ou de fórmula.

5. OutrosConservantesaditivoscorantes: glutamato monossódito (GMS ou MSG), aspartame, etc. O ideal é evitar os alimentos sem rótulos ou aqueles cuja lista tem a menor quantidade de ingredientes: geralmente, são mais frescos e saudáveis.
Ovos: não é consensual, entre os pediatras, quando é que se devem introduzir os ovos. Uns dizem aos 8 meses, outros 9, outros não vêem problema em começar aos 6. Pelo sim, pelo não, quando o fizerem certifiquem-se de que estão bem cozinhados (incluindo a gema).
Mel: É melhor evitar antes dos 12 meses, para evitar o risco de se contrair botulismo;
Farelos: Podem irritar o tracto digestivo e interferir com a absorção de nutrientes como ferro ou cálcio;
Produtos com frutos secos: O ideal é só serem dados a partir dos 3 anos.


Desculpem lá esta falha grave!
De qualquer modo, há uma imensidão de alimentos e há sempre o risco de alergias (mesmo que não as haja na família), por isso é sempre bom consultarem o pediatra se tiverem dúvidas em relação a um alimento específico.

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sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

O Nosso Baby-Led Weaning (BLW)


Não o vou negar, o Baby-Led Weaning é bastante difícil de fazer quando ambos os pais trabalham.
Ou se tem uma mãe que, como é o meu caso, tem a possibilidade de estar em casa com o Bebé até bastante tarde e assim usar este método a todas as refeições ou o melhor é fazer um "mix" entre BLW e tradicional.

Muito dificilmente se encontrará uma creche ou uma ama, babysitter, empregada ou Avós que concordem em dar as refeições sem ser em sopa/puré/papa, porque têm medo e não querem assumir essa responsabilidade.
Este método exige bastante disponibilidade e tempo. Não é apenas ir dando colheradas à criança até o prato estar vazio ou ela se recusar  a comer mais, o BLW implica sentarmo-nos com eles e deixá-los explorar e brincar com a comida o tempo que quiserem - o que pode ser 15 minutos ou 1 hora, podem não descansar até comerem uma peça de fruta inteira (para grande espanto dos pais) ou nem sequer tocar na comida e começarem num berreiro (e percebermos que aquela refeição não se vai realizar).

Outro aspecto é que no Baby-Led Weaning puro não há refeições cozinhadas especificamente para o Bebé. O Bebé é sentado à mesa com os pais e come o mesmo do que eles - a comida terá de ser, obviamente, confeccionada de um modo saudável (nada de sal ou fast food, por exemplo).
Ao contrário do método tradicional, não há intervalos entre a introdução de novos alimentos para despiste de alergias e não há uma progressão na quantidade de refeições diárias.


Lidar com o medo de engasgamento 
Sim, nas primeiras refeições vão estar com o coração nas mãos, cheios de medo que o Bebé se engasgue.
Asseguro-vos que o Bebé vai fazer o reflexo de vómito e que vai tossir porque se engasgou parcialmente, mas não é nada com que o próprio não consiga lidar e faz muito mais confusão a quem assiste do que a ele - que cuspirá um bocado de comida e continuará, alegremente, a levar pedaços à boca. A Carminho às vezes está a tossir e, ao mesmo tempo, a tentar pegar no próximo pedaço a levar à boca - ela gosta mesmo desta cena da comida.

Também não vale a pena esperar que o Bebé deixe de se engasgar definitivamente - é como esperar que ele deixe de cair depois de aprender a andar. Nós somos adultos, habituados a lidar com sólidos há décadas, e às vezes ainda nos engasgamos, não é? Aliás, às vezes ainda nos engasgamos com a nossa própria saliva - tal como os Bebés!

Temos é de estar atentos durante a refeição e evitar distrair o Bebé enquanto ele tem comida na boca. Quanto mais ele for lidando com a comida, menos terá o reflexo de vómito e menos se engasgará - prometo!



Utilizar um método "híbrido" 
No BLW puro, quando o Bebé estiver apto para a introdução dos sólidos (atingir os 6 meses, sentar-se sozinho e demonstrar interesse) os pais passam a colocá-lo junto deles a todas as refeições, dando-lhe tudo o que ele quiser experimentar.
Não há intervalos de tempo para ver se há reacções alérgicas, nem há fazer-se apenas uma refeição e aos poucos ir fazendo mais: o Bebé passa a participar nas refeições em família e pronto.

Mas, no mundo real e actual, nem todos os pais podem fazer todas as refeições em família.
Por isso, é perfeitamente aceitável que os pais optem por utilizar o BLW apenas quando estão com o Bebé ou que só o façam durante o fim de semana. Às vezes, quando chega a hora de jantar já estão demasiado cansados, mas se têm energia para outras brincadeiras, também terão energia para fazer uma refeição com o vosso Bebé.
Seja a todos os dias da semana ou apenas ao fim de semana, o importante é que se proporcione ao Bebé momentos em que possa explorar a comida. Vão ver como vale a pena, eles adoram e é mais uma brincadeira em que, em vez de estarem no chão com brinquedos, estão na cadeira com comida.

Cá em casa optámos por fazer um BLW com as precauções do método tradicional em relação às alergias.
Ou seja, introduzimos os alimentos de cada vez de modo a despistar possíveis alergias. Com excepção dos primeiros alimentos básicos que constituíram a primeira refeição (batata, batata-doce, cebola, cenoura, banana), adicionamos 2 alimentos de cada vez (às vezes apenas um) e servimos a mesma refeição durante 3 dias.
Nos primeiros dois dias fizemos apenas uma refeição - banana, ao lanche - e ao terceiro dia começámos a fazer o almoço - cenoura, cebola e batata-doce (depois de três dias dessa refeição, começámos a adicionar 1 ou 2 alimentos novos de cada vez). Ficámos neste registo durante 3 semanas e, ao ver que a Carminho estava a adaptar-se e a aderir tão bem, decidimos adicionar o pequeno-almoço (optámos por torrada de pão de espelta e centeio integral com azeite - nada de manteiga ou margarina!).
Esta progressão no número de refeições foi algo que aconteceu naturalmente e que dependeu totalmente da Carmo.

Algo de que não nos devemos esquecer: até ao primeiro aniversário, os sólidos são complementares ao leite (materno ou artificial). Por isso, as refeições são feitas sempre depois das mamadas, por dois motivos:
1. Se o Bebé comer antes da mamada poderá alimentar-se de menos leite do que aquele que necessita. Nesta fase, o leite ainda é o alimento principal, de onde sacia todas as suas necessidades nutricionais;
2. Se o Bebé estiver com fome quando lhe damos os sólidos, não irá aderir tão bem à refeição porque o que ele quer é leite - ainda não aprendeu a fazer a associação de que a comida lhe irá saciar a fome. 



O Calendário 
Como sou uma pessoa extremamente metódica (há quem me chame "doente" - o meu marido) fiz um calendário com todos os menus até aos 12 meses.
Preciso ser muito metódica e de apontar tudo porque sou uma pessoa bastante despistada. Se me perguntarem o que almocei ontem não faço a mínima ideia, tenho de ficar uns bons minutos a pensar.
Em que é que este calendário me ajuda:
  • A não me esquecer do que ela comeu;
  • Proporcionar uma boa variedade nutricional: tento sempre servir um vegetal de cada cor (inicialmente branco, verde e laranja, mais tarde adicionarei os vermelhos);
  • Evitar repetir demasiado alguns alimentos e nunca repetir outros: evita que ela se farte de um alimento por estar sempre a comê-lo ou que não se habitue a outros porque nunca mais os provou;
  • A organizar-me nas compras semanais: olho para o calendário e sei logo o que preciso de comprar ou o que já tenho;
  • Despistar reacções alérgicas: registo os dias em que lhe aparecem borbulhas no corpo e, assim, posso ver se têm alguma ligação à alimentação ou se foi coincidência;
  • Registar o interesse, ou falta dele, em relação a determinados alimentos: ajuda-me a tentar perceber se foi por estar distraída com outras coisas, se foi porque os alimentos não lhe agradaram, se foi porque a forma de confecção não lhe agradou. Assim, da próxima vez que servir aquele alimento poderei fazer os ajustes necessários.
Não sou intransigente no cumprimento do que está escrito calendário.
Se é dia de experimentar abóboras, mas não houver abóboras no supermercado ou me tiver esquecido de as comprar, repetem-se as cenouras e introduz-se outro - depois tenho é de registar a troca, para não me esquecer.
Se, por algum motivo, ela não fizer uma refeição de introdução, fá-la no dia seguinte e o calendário atrasa um dia.
Se sobrou comida e é dia de nova introdução, então repete-se o que sobrou e adiciona-se o alimento novo. Assim, evitam-se desperdícios, mas continua-se com o mais importante, a introdução de um novo alimento.

Outra coisa em que o calendário me ajuda? A fazer com que o Pai se oriente e que seja mais independente da Mãe.
- O que é que é preciso comprar?
- Vai ver ao calendário.
- O que é que lhe vamos dar hoje?
- Vai ver ao calendário.
- Quando é que introduzimos aquele alimento?
- Vai ver ao calendário.
- Hoje o iogurte é ao pequeno-almoço ou ao lanche?
- Vai ver ao calendário.


Facilitar na hora de cozinhar 
Como qualquer pessoa, tenho mais do que fazer do que passar a vida na cozinha e não quero estar a cozinhar de raiz todos os dias. Principalmente, quando a maioria da comida não é comida.
Por isso faço algumas coisas que me facilitam imenso a vida.
  • Mal compro os alimentos, corto-os no formato adequado e congelo-os;
  • Tiro a quantidade aproximada de comida do congelador, que vai directamente para o vapor - não descongelo antes porque, de acordo com a dica que uma nutricionista me deu, é a melhor forma de manter os nutrientes;
  • Cozinho o suficiente para 3 dias, que é a quantidade de dias em que determinada refeição é repetida;
  • Guardo no frigorífico e vou servindo ao longo dos 3 dias;
  • Posso servir os alimentos frios ou dar-lhes um toque no fogão ou forno, com um fio de azeite - evito o microondas (nunca gostei de comida aquecida nessa coisa);
  • No terceiro dia, o que não foi comido por ela tem de ser comido por nós.
Neste momento estamos a ficar com o congelador cheio de vegetais e precisamos de espaço para os que terão de ser introduzidos.
O que combinei com o Duarte foi: ao fim de duas semanas, o que não tiver sido comido por ela terá de ser comido por nós. É que para nós uma cenoura, por exemplo, não é nada, mas para ela ainda dá para umas 14 refeições.
Para quem tenha em casa uma arca frigorífica, não tem de se preocupar com esta gestão de espaço e até pode comprar logo todas as coisas para um mês e congelar.


Como apresentar e confeccionar determinados alimentos 
Ficam aqui alguns exemplos, acho que vos permite ter uma ideia. Também podem cuscar o meus instagram para ver algumas imagens e vídeos (também estão publicados ao longo dos artigos sobre BLW)
  • Banana: A banana pode ser apresentada na sua forma natural, que o Bebé vai roer e esmagar. Podem manter parte da casca para que seja mais fácil de agarrar;
  • Maçã e pêra: Cortadas em palitos ou em fatias, cozidas ou assadas. Podem manter a casca para ser mais fácil de agarrar;
  • Abacate, kiwi, manga, papaia: Cruas e em palitos. Pode ser preciso darem uma ajudinha ao Bebé para segurar, porque são frutas muito escorregadias, mas com a experiência ele aprende a manuseá-las;
  • Mirtilos: crus e esborrachados (com casca). Há quem apenas os corte em metades, mas eu prefiro não arriscar;
  • Abóbora, batata, batata-doce, beringela, cenoura, chuchu, courgette, espargos, pastinaca, nabo: cortados em palitos e cozidos ou assados no forno. Se optarem por cozer, lembrem-se que a vapor é o melhor para manter os nutrientes (ou então usem a menor quantidade de água possível), se assarem lembrem-se que é demorado. Como disse anteriormente, gosto de cozer tudo primeiro e depois, se me apetecer, salteio ou levo ao forno (poupa-se imenso tempo). No caso das batatas e da courgette, podem manter parte da casca;
  • Agrião, couves, grelos: Cozidos e depois cortar apenas para que não fiquem pedaços muito grandes (são mais difíceis de separar com as gengivas);
  • Alho: cortado aos pedacinhos, quase papa, e depois levar a uma frigideira com azeite, salteando com os restantes vegetais a servir. Atenção, é muito fácil fazer alho a mais e preparem-se para ter um Bebé a cheirar a alho o resto do dia;
  • Alho-francês: rodelas ou palitos e cozido;
  • Cebola: cortada como se apresenta na salada e cozida ou assada. Podem saltear depois de cozer. A cebola é também bastante escorregadia;
  • Brócolos e couve-flor: separar os ramos e cozer;
  • Feijão-verde: gosto de cortar em "esparguete" e cozido;
  • Carne: cortada em palitos e cozida. Podem também assar ou estufar, depende do tempo que tenham - atenção aos ossos, aos pedaços de gordura rijos, etc.
  • Peixe: lascas e cozido ou grelhado - cuidado com as espinhas (eu comecei por dar postas de pescada, não é o mais fresco, mas é o mais tranquilizador para mim);

Quando confeccionar segundo o BLW puro 
De momento, ainda há muitos alimentos para introduzir, então prefiro servi-los separados. Além do mais, ela ainda não parece muito aborrecida com isso.
Vou é variando a forma de confeccionar: uns dias apenas cozidos, outros dias levo ao lume para saltear um pouco, noutros posso metê-los no forno, etc.

Daqui a um mês e meio ou dois, quando ela já estiver mesmo habituada ao alimentos no formato sólido, vou começar a introduzir sopas. Entretanto ela vai tendo o contacto com o iogurte e posso oferecer a fruta em puré de vez em quando.
Aos 9 meses, alimentos como o ovo e o arroz serão adicionados, e isso permitirá que comece a fazer refeições mais diferentes e que possamos partilhar. Por exemplo, uma omelete de vegetais acompanhada por arroz ou massa,  uma tortilha com vegetais, etc.
Aos 10 meses, com a introdução das leguminosas já posso fazer uma pasta de grão (uma espécie de húmus) e servir nas torradas, ou fazer um atum com feijão-frade e ovo.
Aos 12 meses, já haverá muito menos alimentos para serem adicionados e haverá muito menos restrições ao que ela pode comer, portanto já poderei cozinhar receitas para toda a família.

Aliás, já há refeições que podemos partilhar. Por exemplo: hoje é dia de ela comer pescada com nabo, cenoura e brócolos - podemos, perfeitamente, comer o mesmo. O Duarte queixa-se da falta de sal, pode fazer à parte para ele ou adicionar o sal depois de cozinhar.


E pronto, é isto que eu tenho para vos dizer sobre O Nosso Baby-Led Weaning.
Deixo-vos o nosso menu para os primeiros 2 meses de sólidos da Carminho (mês 6 e mês 7). Foram desenhados tendo por base o que a "nossa" pediatra recomendou (quando introduzir o quê).
Se não conseguirem ver bem ou quiserem ver outros meses, mandem mensagem.




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quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

Introdução dos Sólidos: Baby-Led Weaning (BLW) - Como?

Já vos falei do que é o BLW e medos frequentes, no porquê de escolher este método quando comparado com o tradicional (papinhas e purés) e no quando se começar o Baby-Led Weaning (e qualquer outro tipo de alimento que não seja o leite materno ou artificial).

Agora chega a vez do mais esperado que é o "como iniciar o BLW".
Como prepararmos o espaço, o que vestir ao bebé para que não se suje, que tipo de cadeira, a frequência das refeições, como confeccionar os alimentos, como apresentar os alimentos, em que quantidade, etc.
Neste artigo, tal como nos anteriores, vou falar do BLW "puro e duro". No próximo, falarei mais pormenorizadamente de como o adaptámos à nossa vida diária, à nossa disponibilidade, etc.



O Espaço e o Material

Não é preciso nada de especial para o BLW. Na sua forma mais básica basta um colo e uma mesa normalíssima.
Mas isso não é o mais prático, pois não? Até porque quando estão ao nosso colo não os conseguimos ver bem, nem controlar o que fazem. Portanto, vamos lá:
  • Cadeira de Refeições: Se optarem por uma cadeira que não tenha tabuleiro, mas se encaixe na vossa mesa de refeições é uma forma óptima de poupar espaço. Se preferirem usar uma com tabuleiro, optem por uma que tenha um generoso e com rebordo (eles brincam imenso com a comida e quanto maior o tabuleiro menor a quantidade de comida que irá parar ao chão). Se tiver um assento almofadado/insuflável é óptimo para que o Bebé fique aconchegado e mais confortável, se não tiver podem usar uma pequena almofada ou uma tolha enrolada. A cadeira do Ikea, por exemplo, é óptima e barata.
  • Pratos: Os Bebés querem explorar tudo o que se lhes apresenta, por isso tal como pegam num pedaço de comida, irão pegar no prato e brincar com ele - a comida irá pelos ares e para o lado do prato de qualquer das formas. A minha mãe tentou insistir com o prato ("onde é que já se viu comer sem prato?"), mas à terceira tentativa desistiu - passava o tempo a impedir que o prato fosse parar ao chão. Eu vi um prato super fofinho e não consegui resistir, mas na realidade está guardado até que a Carminho seja menos "besta".
  • Individual: A minha alternativa ao prato, porque estava farta de limpar o tabuleiro e não era nada prático, foi pegar num rolo de plástico de forrar gavetas e recortá-lo à medida do tabuleiro, improvisando um individual - assim, só preciso de o tirar no final de cada refeição e lavá-lo no lavatório. É muito mais prático. No dia em que o usei pela primeira vez, a Carminho distraiu-se e, em vez de comer, ficou foi a explorar o individual - deixei a superfície rugosa para cima, assim a comida não escorrega tanto, mas ela gosta de raspar aquilo.
  • Algo para proteger para o chão: O Baby-Led Weaning não estraga o chão, mas suja-o. A ideia de algo como um plástico ou um lençol velho para o chão é para evitar a sujidade e o desperdício de comida. Não que o façam propositadamente, mas os Bebés acabam por atirar/empurrar/largar comida para o chão porque ainda são descoordenados. Quanto mais habituados estiverem, menos o fazem. Claro que a certa altura o farão de propósito, tal como o fazem com os brinquedos - é assim que aprendem sobre a gravidade, distâncias, a sua própria força, etc. Se tiverem algo em baixo da cadeira, não só evitam ter de estar sempre a lavar o chão, como podem pegar e voltar a dar o que caiu. E relaxem! É só sujidade, não se preocupem com isso, deixem o vosso Bebé explorar e sujar à vontade - quanto mais o fizer, mais rapidamente aprenderá a fazê-lo com o mínimo de sujidade possível.
  • Babetes e bibes: O que usar depende dos pais e do Bebé. Se fosse Verão a Carminho usaria um babete normal ou estaria só de fralda e voaria para um duche rápido a seguir às refeições (se fosse preciso), como está frio substituo o casaquinho de malha por um daqueles bibes com mangas. Estes bibes têm uma desvantagem: são geralmente grandes para um Bebés e restringem um pouco os movimentos, podem ficar à frente da cara, escondem comida, etc, mas para mim vale a pena. Ela não se queixa de o usar e assim eu estou mais à vontade para que "mergulhe" na comida, sem me preocupar se a roupa vai ficar suja ou manchada.

Quando Comer
É importante que os Bebés não estejam com fome quando os sentamos à mesa.
Nas primeiras semanas, a refeição não tem nada a ver com as necessidades nutricionais, mas com o brincar, partilhar, copiar os pais, explorar os alimentos. Se o Bebé tiver fome quando o sentarmos à mesa, ele não vai querer a comida, porque ainda não aprendeu que aquilo lhe irá saciar a fome - o que ele quer é leite. Além do mais, nos primeiros tempos, a quantidade de comida ingerida não é suficiente para alimentar adequadamente, logo a fonte principal deverá ser o leite. Portanto, se ele estiver com fome, dêem-lhe mama ou biberão.
Também é importante que não esteja cansado ou irritadiço, se estiver não vai aderir à refeição. Portanto, se à hora da refeição ele estiver com sono, deitem-no. Não há qualquer problema em saltar refeições ou adiá-las um pouco - seja qual for o motivo.

Quantas refeições
Ao contrário do método tradicional, que advoga que se comece apenas por uma vez ao dia e se vá progredindo na quantidade de refeições diárias, no BLW o Bebé é incluído em todas as refeições que os pais façam.

A questão da progressão é completamente legítima, principalmente quando se iniciam os sólidos antes dos 6 meses e o Bebé ainda não tem o Sistema Digestivo suficientemente desenvolvido, mas a partir desta idade já não é necessária esta preocupação, porque dificilmente os Bebés reagirão mal aos alimentos (atenção às alergias, claro!).

Portanto, no BLW os pais colocam os Bebés à mesa se eles estiverem bem dispostos e despertos a essa hora.



Forma de Apresentação
Aos 6 meses, os Bebés utilizam a mão inteira para agarrar, isto significa que o ideal é que os pedaços tenham um comprimento suficiente que permita ao bebé agarrá-los com toda a mão e que ainda fique um pouco de fora (que é o pedaço que comerão). Basicamente, a largura da mão e mais um pouco. Há alimentos, como os brócolos ou a couve-flor, que têm um formato óptimo - já têm um "cabo", por assim dizer. Os restantes podem ser cortados em formato "palito" - como se faz para as batatas fritas. 

Com a experiência e desenvolvimento adequado à idade, o Bebé vai sendo capaz de manipular pedaços mais pequenos e vai-se tornando mais coordenado. Se inicialmente, dava uma "dentada" e largava porque não sabia/conseguia mover o alimento dentro da boca, vai acabando por conseguir fazê-lo cada vez melhor. Por isso, no início é normal que larguem os pedaços, não significa que não queiram mais, apenas que como ficaram mais pequenos não os consegue agarrar e levar à boca - não desistam, dêem é outro. 

Vão ver como eles rapidamente aprendem onde está a boca - na primeira vez a Carminho levava a comida aos olhos, ao nariz, a todo o lado, actualmente (após 1 mês, apenas) a comida vai direitinha à boca.

Confecção
A confecção é, obviamente, o elemento-chave do BLW e, a par dos medos, onde as pessoas têm mais questões e insegurança. Assim, há método no que diz respeito a preparar os alimentos de forma a que sejam seguros para o Bebé e fáceis de ele os manipular.

O ideal é estar cozinhado num ponto em que se desfaça quando fazemos um pouco de pressão entre  polegar e o indicador.
Eu gosto de cozer a vapor e, depois, saltear, levar ao forno ou oferecer mesmo frio. Cuidado com os aquecimentos no microondas - às vezes não aquecem de forma homogénea e podem queimar o Bebé. O Bebé pode não ligar a determinado alimento se for apenas cozido, mas ficar bastante entusiasmado se o mesmo alimento tiver sido assado ou salteado - é bom ir variando. Até porque cada forma de cozinhar, confere o seu próprio sabor ou textura.

Certos alimentos, como a banana, o abacate ou a manga, não precisam de ser cozinhados, mas a maioria precisa. Suficientemente consistente para se conseguir pegar sem que se desfaça, suficiente mole para que se esmague facilmente com um pouco de pressão. Podem deixar um pouco da casca, porque pode ajudar o Bebé a pegar na comida, não fica tão escorregadio.
Alguns alimentos, como o iogurte, necessitam de alguma criatividade ou de colher. Podem molhar um palito de pão ou fruta em iogurte, por exemplo. Nós aqui usamos tudo. Foi assim que introduzimos a colher e ela gosta, e quanto mais a usa, melhor o faz - não consegue tirar colheradas (obviamente, tem 7 meses), mas se lhe apresentar a colher, consegue pegar nela e levá-la à boca sem a virar. A não ser que esteja muito entusiasmada - aí, mal vê a colher abre a boca e leva a cabeça à comida sem lhe tocar.



Oferecer
No Baby-Led Weaning não se dá comida, oferece-se. O que é que isto quer dizer?
No método tradicional, enche-se a colher e mete-se na boca do Bebé até que ele coma tudo o que tem à frente ou se recuse a comer mais (normalmente, em formato berreiro). No BLW, prepara-se a comida e coloca-se ao seu alcance para que seja ele a decidir o que quer fazer com a comida - não se mete comida na boca do Bebé, até por questões de segurança (ver BLW e medos frequentes).

O Bebé pode decidir manejar, cheirar, atirar, esmagar, o que quiser. Eventualmente, levará a comida à boca.
Uma coisa que ajuda a que o faça é ver os pais fazerem. Quando a Carminho está mais distraída, costumo comer algo de forma a que ela veja e depois ofereço-lhe um pedaço - em 99% das vezes, tira-me o pedaço da mão e leva-o à boca.

Quantidade
Não é que o Bebé vá comer uma maçã inteira, mas pode brincar tanto que manda imenso ao chão ou surpreender e comer imenso.
Tenham sempre disponível uma quantidade maior do que aquela que acham que ele vai comer e evitem "roubar" pedaços enquanto o Bebé ainda não tiver terminado. Nós comemos no fim! (ou aquele pedaço que caiu ao chão e fingimos que acreditamos na regra dos 3 segundos). O Bebé é que vai decidir quando a refeição acabou e se não tiverem mais para lhe dar vão ter de interromper uma actividade que lhe é extremamente prazerosa e útil para o desenvolvimento.
Não lhe dêem apenas um pedaço, dêem-lhe 3 ou 4 e deixem-no explorar. Não têm de ser todos do mesmo alimento - podem dar diferentes. Mas 1 pedaço pode ser aborrecido e mais do que 4 pode ser demasiado confuso.
Uma coisa que fazemos quando apresentamos um alimento novo à Carminho, é oferecer primeiro apenas um pedaço para que ela explore, depois vamos adicionando outro e outro. Reparámos que, quando reconhece um alimento de que gosta tem tendência a ir logo a esse e pode ignorar o alimento novo - que é o que queremos que experimente.
Com a experiência vão percebendo as quantidades que o vosso Bebé come. No início eu fazia imensa comida, agora já sei a quantidade certa (mais ou menos).

  • Oferecer água às refeições: podem, e devem, oferecer água às refeições. Inicialmente, tal como os sólidos, será apenas uma brincadeira visto que o Bebé bebe leite e é isso que lhe irá saciar a sede. No entanto, oferecer água é mais uma oportunidade de aprendizagem. Podem dar-lhe naqueles copos de transição (com tampa) ou em copos normais. Se derem em copos normais, lembrem-se de dar em copos de proporção adequada - os copos para adultos para um bebé são o equivalente a tentarmos beber de um pequeno balde, não é nada prático. Copos tipo os de shot são bons para isso (na zona de crianças do IKEA há uns pequenitos de plástico - são os que temos). Como em tudo o resto, quanto mais cedo tiverem contacto e experimentarem, mais rapidamente aprendem a utilizar bem. Um copo normal, no início, causará água por todos os lados, mas rapidamente o Bebé aprenderá a utiliza-lo. Já agora, é mais fácil para o Bebé se o copo estiver cheio do que se estiver apenas a metade. Para os pais é mais chato porque significa mais líquido para limpar;
  • Esperar que coma tudo: Não tenham qualquer tipo de expectativas. De início o vosso Bebé NÃO vai comer tudo o que lhe puserem à frente. Aliás, nem tudo nem um pouco. Nas primeiras refeições, 99% da comida vai parar a todo o lado menos ao estômago da criança. Isto não tem qualquer significado em relação ao sabor da comida, à vossa qualidade enquanto cozinheiros ou ao gosto do Bebé por determinado alimento. Num dia pode não comer nada, no outro pode surpreender e comer meio abacate (aconteceu-nos);
  • Dar tempo: Deixem ser o Bebé a decidir quando terminou a refeição, não o apressem. Lá porque passou de estar a mexer na comida para ficar entretido com o bibe ou com o gato que passeia, não significa que já tenha terminado. Pode acontecer, voltar a olhar para a comida e voltar a dar-lhe atenção;
  • Saber quando terminou a refeição: Eles deixam de ligar ao que têm à frente, podem ficar rabugentos, etc. Facilmente perceberão quando eles acabaram;
  • Frustração: Há momentos (e fases) em que o Bebé parecerá irritadiço durante as refeições. Isto pode ser porque estão a tentar fazer algo que ainda não conseguem e ficam frustrados. Não tem a ver com a qualidade dos alimentos, com a satisfação nutricional, nem com o facto de ele gostar ou não de determinada comida. São fases;
  • Fases: Há dias em que o Bebé só quer estar à mesa e há dias (podem ser vários seguidos) em que não liga nenhuma ao que lhe é posto à frente. Não assumam que é por não gostar do lhe estão a dar ou do método. São apenas fases - continuem como se nada fosse;
  • Rejeição de alimentos: Se o Bebé rejeitar determinado alimento é porque, naquele momento, naquele dia, naquela fase, não o queria ou não precisava dele. Não significa que é por não gostar,  noutra altura poderá "atirar-se" a ele;
  • Nada de pressões: imaginem que sempre que comessem tinham uma, duas ou mais pessoas a olharem fixamente para vocês. Provavelmente, deixariam de se sentir confortáveis. Deixem-nos à vontade. Nunca os deixem sozinhos a comer, mas não é necessário seguir todos os movimentos. No início é difícil, mas depois habituar-se-ão. Prometo.



Dicas/Síntese
  • Oferecer a comida quando o Bebé não tem fome;
  • Não esquecer que é um momento de brincadeira e experimentação;
  • Proporcionar que o Bebé participe nas refeições familiares, sempre que possível;
  • Certificar que o Bebé está bem sentado e direito, na cadeira de refeições ou ao colo;
  • Dar poucos pedaços de cada vez, mas ter mais disponíveis (para que a comida não acabe enquanto o Bebé ainda está interessado);
  • Lavar/limpar as mãos do Bebé antes de lhe oferecer a comida;
  • Oferecer os alimentos em formato palito e com um tamanho que o Bebé consiga manipular;
  • Não dar, oferecer. O Bebé é que decide o que quer comer, deixem os alimentos ao seu alcance;
  • Ter atenção à temperatura dos alimentos, para evitar queimaduras;
  • Não esperar que o Bebé coma toda a quantidade que fizerem;
  • Nunca deixar o Bebé sozinho;
  • Tentar comer o mesmo que o Bebé e durante a mesma refeição;
  • Dar tempo ao Bebé para explorar e decidir o que fazer com a comida;
  • Falar com o Bebé sobre a comida - os nomes, as cores, etc.;
  • Variar os alimentos, texturas, cores;
  • Fazer da refeição um momento agradável e prazeroso para todos.


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Volto a dizer:
Como sabem não é um método inventado por mim, o que escreverei acerca do mesmo será informação retirada dos livros da Gill Rapley e da Tracey Murkett, e que complementarei com o que observo na Carminho e as experiências que temos tido.
Será como que uma tradução do livro "Baby-Led Weaning: The Essential Guide to Introducing Solid Foods and Helping Your Baby to Grow Up a Happy and Confident Eater". Livro este que aconselho que leiam.
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