quinta-feira, 30 de março de 2017

Por mim, para a minha Mãe

Já escrevi sobre o meu Pai, o meu Avô, a minha Avó, sobre os acontecimentos mais trágicos da minha vida, mas nada é mais difícil de escrever do que sobre a minha Mãe.



Como escrever sobre a pessoa mais presente, mais influente, mais tudo na nossa vida? Como escrever sobre a pessoa que nos desejou mais do que tudo neste mundo? Como escrever sobre a pessoa que mais sacrifícios fez na sua vida para que ficasse tudo bem connosco? Como escrever sem se ser injusto, sem se ficar aquém do que ela merece? Como escrever contra a sua vontade, porque nós precisamos e ela merece? Como escrever de forma a que demonstre o que sentimos, antes e agora? Como escrever sobre a pessoa a quem mais devemos neste mundo, nesta vida?
Com alma.

Dizer que tive a Mãe perfeita, a Mãe mais afectuosa ou a Mãe mais justa seria mentir. Não foi nada disso, nem nunca será. E não precisa.
Porque eu sei que, independentemente de tudo, o que fez e fará para mim, por mim, foi e será sempre o melhor que pode, o melhor consegue e o melhor para mim.

Quer estejamos a rir ou a gritar uma com a outra, quer falemos todos os dias ou estejamos de costas voltadas durante uns tempos, quer nos apoiemos quer nos critiquemos uma à outra, queremo-nos , preocupamo-nos, apoiamo-nos, hoje e sempre.

"Um dia vais perceber. Um dia, quando fores mãe, vais-me dar razão". Querida Mãe, não precisei de engravidar, não precisei de parir, não precisei de educar um filho para o fazer. Eu sei. Eu percebo e dou-te toda a razão.
Mesmo que tenham sido erradas, tomaste as decisões certas.
Mesmo que não me elogies porque receias que me torne orgulhosa, sei que o fazes aos teus amigos.
Mesmo que não sejamos afectuosas uma com a outra, eu conheço-te, conheço a tua história e entendo-te. E nunca me esquecerei ao que sabia a tua mão quando era pequena e ta dava como sinal de "tenho sono".




Obrigada por me teres obrigado a ir ao British Council aos sábados de manhã quando eu queria ver os desenhos animados.
Obrigada por me teres levado a museus e a concertos em vez de me ofereceres jogos de vídeo. 
Obrigada por não me dares os brinquedos todos que quis e teres apostado na minha educação, no ballet, na educação musical, no piano.
Obrigada por não me teres deixado escolher o que se via na televisão lá de casa, obrigada por não ter havido televisão até aos meus 8 anos.
Obrigada por dividires uma pastilha comigo, porque não havia uma para cada.
Obrigada por me meteres no carro quando eu fazia uma birra porque não queria ir para a cama.
Obrigada por não me teres levado a todo o lado e me teres obrigado a andar de transportes, a andar a pé, a andar sozinha.
Obrigada por me teres enchido as prateleiras de livros (alguns deles agora vão para a Miminho).
Obrigada por me teres ensinado que "se algum dia te meteres em sarilhos com outros meninos não esperes que eu te vá defender".
Obrigada por me teres defendido, mesmo que eu não o soubesse, e por teres defendido amigos meus.
Obrigada por me teres calçado as botas para eu ir dar pontapés aos outros meninos em vez de te pedir que me fosses salvar.
Obrigada por me teres levado às manifs desde pequenina, ensinando-me a importância de nos importarmos com a política, mesmo quando não nos atinge directamente.
Obrigada por me teres proporcionado inúmeras viagens (menos ao campo de férias em Santiago de Compustela, essa não!).
Obrigada por me teres levado tantas vezes ao cinema.
Obrigada por me teres feito ir ao cinema sozinha porque não querias ver o que eu queria,
Obrigada por teres comido o bolo feito no chão (comeste-o, não comeste?).
Obrigada por me teres feito andar um quilómetro ao sol quando sofri a minha primeira ressaca.
Obrigada por teres sempre dito o que te vai na cabeça, mesmo que não seja algo positivo.
Obrigada por teres dito "não".
Obrigada por teres dito "porque eu é que sou a mãe".
Obrigada por teres tornado o comer restos em "picnic".
Obrigada por teres conseguido que eu não percebesse as dificuldades pelas quais passámos.
Obrigada por me teres ido buscar ao berço enquanto chorava durante a noite, mesmo que tivesse resultado num dente partido.
Obrigada por não termos ficado nas "Ventas del Toro".
Obrigada por não me teres usado quando tu e o pai seguiram caminhos diferentes.
Obrigada por ter sabido (e me teres ensinado) que uma coisa é o papel conjugal outro é o parental.
Obrigada por teres sabido que eu precisava de um pai.
Obrigada por teres sido a minha mãe, mesmo sem teres um exemplo para te guiar.
Obrigada por teres ficado com a parte difícil da minha educação.
Obrigada por já seres uma avó fenomenal, mesmo antes do nascimento da neta.
Obrigada por teres sido fundamental naquilo que sou hoje.
Obrigada por tudo.
Obrigada por tudo o que aqui falta.
Obrigada por me ensinares que não dizemos "Obrigado".


E desculpa por ter escrito este texto contra a tua vontade, mas tinha de ser.
Por mim, para ti.

Parabéns, minha rica mãe! 💜💚💛💙

sábado, 25 de março de 2017

Desafio - Amor Próprio (Semana 4 e última)

E pronto! Com a publicação de hoje chega ao fim o Desafio - Amor Próprio.

Para a quarta e última semana deste desafio estas eram as tarefas a completar:
Dia 22: Escreve um atributo que te faça única e diferencie dos outros;
Dia 23: Uma fotografia tua a fazer palhaçadas;
Dia 24: Escreve acerca de alguém que te motive e inspire;
Dia 25: Uma fotografia de um livro que adores;
Dia 26: Escreve acerca de algo que te faça realmente feliz;
Dia 27: Uma fotografia de algo da natureza que te faça sorrir;
Dia 28: Escreve esta frase e fotografa-te com ela "Gosto de mim".




Dia 22: Um atributo que me faça única - A minha impressão digital. Cada indivíduo é único na combinação da sua genética e dos seus acontecimentos de vida, mas não acredito que as nossas diferenças sejam assim tão grandes e relevantes. Num grupo reduzido até são capazes de ser, mas quanto maior for o grupo, menores as diferenças. Para mim, o importante é aceitarmo-nos como somos e o resto que se lixe;

Dia 23: Palhaçadas - É isto. Não há grande coisa a dizer. Claro que melhora a disposição. Não estava a ter um dia muito famoso e pelo menos ri-me um bocado.

Dia 24: Alguém que me motive e inspire - Não há ninguém em particular, há muitas pessoas. Como mulher escolho qualquer feminista digna desse nome. Uma feminista não é alguém que acha que as mulheres são melhores, é alguém que luta pela igualdade entre os géneros, que aceita as diferenças entre os mesmos, que é solidária com as outras mulheres (em vez de se sentir ameaçada ou querer andar a competir), que é segura da sua sexualidade, do que quer e que faz o que lhe dá na real gana sem se preocupar com os outros acham que se deve comportar. Pode ser uma empresária, uma doméstica, trabalhar por conta de outrem, ter 10 filhos ou não os querer ter, ser casada ou preferir a solidão, ser monógama ou polígama, vestir calças ou saias, queimar ou abraçar os soutiens, jogar futebol ou dançar ballet, ser engenheira civil ou costureira. Mulheres, da cultura pop, que considero feministas e que admiro: Angelina Jolie, Madonna e Dita Von Teese.

Dia 25: Um livro que adore - "Os Prazeres do Ócio", de Tom Hodgkinson. Não é o meu livro preferido, não tenho disso, gosto de muitos. Mas olhei para as prateleiras e dei de caras com este. Foi um livro que li há uns anos e que me inspirou e motivou para mudar de vida. Que a bem ou a mal tinha de fazer algo por mim. Deixo-vos um excerto relativamente longo:
"É completamente absurda, esta ideia de destinar dias isolados para grandes feriados nacionais. Nunca serão outra coisa que não prejudiciais. O que pretendemos é um encurtamento geral das horas de trabalho ao longo de todo o ano de modo a que todo o trabalho se dê por terminado às quatro da tarde. Então, a ideia de tempo livro tornar-se-ia familiar a toda a gente e as pessoas aprenderiam a fazer um uso mais sensato delas. Claro que isto se revela impossível enquanto trabalharmos só por trabalhar.O trabalho de todo o mundo - aquele que é realmente necessário para a saúde, o conforto e até mesmo o luxo da Humanidade -, poderia ser feito em apenas três ou quatro horas por dia. Há tanta azáfama apenas porque existe um grande desejo de amealhar dinheiro. Todos os homens têm de lutar pela vida com o seu vizinho e o merceeiro que mantém a loja aberta até à meia-noite e meia tem uma clara vantagem sobre aquele que fecha a sua ao meio-dia. Por si só, o trabalho não é um fim, só um meio. Mas, hoje em dia, fazemos dele um fim e três quartos do mundo não concebe outra coisa."

Dia 26: Algo que me faça realmente feliz - Tudo o que envolva música. Principalmente dançar. Permite-me sentir, permite-me expressar. Permite-me viver e exteriorizar o que sinto, que não consigo fazer de outro modo. Deixa-me numa espécie de transe, de catarse.

Dia 27: Uma fotografia de algo da natureza que me faça rir - Gatos! Neste caso, a foto é da Nori. Não há dia em que não me façam rir, até quando estão a ser desesperantes e a fazer disparates.

Dia 28: Foto "Eu gosto de mim" - Pronto. Está bem. É isto. Está feito.


Conclusão final
Eu gosto de mim. Não foi preciso um desafio para passar a gostar de mim, mas serviu para perceber que tenho feito um bom trabalho em mim.
Nem sempre gostei de mim, nem sempre fui segura de mim, nem sempre soube o que queria para a minha vida.
O trabalho ainda não está concluído, mas percebi que já percorri um longo caminho, de muita análise, de muito esforço.
Agora é continuar, porque não me satisfaço com o "eu sou assim". Eu sou assim, não sou perfeita, não pretendo sê-lo, mas quero ser melhor do que sou agora, por isso é continuar a esforçar-me.

quinta-feira, 23 de março de 2017

FAB Party versus "Meh" party

















Não sabem o que é uma FAB Party? É normal, fui eu que lhe dei o nome.

Talvez não seja invenção nenhuma e o nome até já pode ter sido dado a uma festa igual, mas a verdade é que desde que falo nesta festa que dizem sempre "Nunca ouvi falar numa festa dessas!" e o nome lembrei-me durante um banho nessa mesma semana.

Pois bem, uma FAB Party é uma Festa Antes do Bebé.
Sim, a palavra "Party" é uma redundância, eu sei, mas não fica tão fixe dizer que vou organizar uma "FAB". Se lhe juntar o Party, toda a gente percebe que é uma festa. E "FAB" serve não só como acrónimo, mas como adjectivo, porque é uma festa fabulosa.

A ideia para a FAB Party surgiu de:
a) Ter vontade de fazer uma repetição da minha despedida de solteira (que foi uma "meh" party);
b) Já não estar em condições de apanhar uma bebedeira;
c) Não precisar de um baby shower porque já tenho quase tudo (falta-me um sling, quem quiser oferecer já sabe...);
d) Querer fazer uma celebração em grande antes da Miminho nascer, ficar praticamente reclusa durante uns tempos e indisponível para grandes celebrações e a minha vida mudar definitivamente, dando-me um novo papel que é o de ser mãe.




Porque é que eu queria uma repetição da minha despedida de solteira?
Porque foi uma "meh" party. Posso afirmar com toda a certeza que foi das festas mais secantes que já tive. Até que foi um convívio agradável, estava com as minhas amigas, estivemos bem, mas para uma despedida de solteira foi uma desilusão absoluta, pelos mais variados motivos. E acabou comigo, sozinha em casa lavada em lágrimas, a chorar baba e ranho, sozinha por estar tão desiludida e frustrada.
Reparem, foi uma despedida de solteira simplesmente mal organizada. Eu só queria, pelo menos, duas coisas: dançar e que fosse o deboche. Não tive nada disso. Pediram-me para vestir uma roupa parva, o que fiz na boa, fizemos um jogo em que me faziam perguntas e eu tinha de adivinhar que resposta o meu namorado tinha dado, fomos jantar na minha rua, metade das amigas foi embora depois de jantar (tinham filhos e bebés e coisas dessas), as restantes voltaram para minha casa e às 03 da manhã estava eu sozinha, num tutu e maillot de ginástica rítmica, a limpar a entrada do meu prédio porque me tinham atirado confetis dentro do prédio! Ah! E quem andou a preparar e a servir bebidas fui eu! Estava sozinha em casa porque tinha expulsado o meu namorado para as meninas terem uma noite só para elas. Ainda lhe liguei, desolada, para que voltasse para casa, mas tinha bebido demais e não estava em condições para conduzir. Até ele teve uma noite mais louca do que eu!
Até fico irritada de pensar nessa noite. Foi uma noite medíocre, para o que esperava, e eu odeio mediocridade. Dêem-me uma noite em que tudo corre mal, prefiro. Desde que acabe tudo bem, pelo menos fica-se com uma boa história para contar.
Grande parte da irritação que senti, e sinto!, em relação a essa noite é porque sou uma pessoa extremamente controladora, que sabe o que quer e que tem um princípio básico: se queres algo bem feito, tens de o fazer tu mesmo!


Mas era tarde para os "devia ter feito assim ou assado", então decidi que tinha de fazer uma repetição da festa, desta vez organizada por mim. Só que fui deixando passar o tempo e engravidei.
Ora, grávida não podia apanhar uma bebedeira. O que não era relevante, porque não preciso de me embebedar para me divertir imenso, só preciso de bom ambiente e de música. Eu só quero dançar. Preciso de música e dança na minha vida como de pão para a boca. Há poucas coisas que me fazem tão felizes, tão completas, tão eu, quanto dançar. Sentir a envolvência da música e deixar-me ir. Não preciso de álcool ou outras substâncias, só preciso de música. E mesmo grávida posso dançar!

Também não queria um baby shower, não me apetecia estar em casa a beber cházinho e a comer biscoitos e porque já tenho tudo o que preciso para a cria. Excepto o sling, não sei se já falei nisso, assim nesta onda... E uma espreguiçadeira! Também falta a espreguiçadeira. Ouvi dizer que a Stokke tem espreguiçadeiras giras, tipo esta (cof cof).

Depois, a Miminho vem aí e eu conheço-me. Tão cedo não a vou querer largar, se é que algum dia a quererei largar (fico angustiada só de pensar em berçários e creches). A minha vida vai mudar tão brutalmente... EU vou mudar tão brutalmente. Eu sei, eu sinto-o, e estou expectante pela mudança. Não me custa mesmo nada. Sei que durante umas semanas vou ficar praticamente fechada em casa a cuidar dela, nem que seja porque não terei energia para mais nada. Até porque planeio amamentar o mais possível e só usar o biberão mesmo em caso de necessidade, não sei quando conseguirei ou quererei deixar a minha cria, a minha bebé, para ir sair sem ela. E mesmo quando o fizer, não estarei tranquila como posso estar agora. Porque estarei sempre a pensar se ela está bem, a controlar o telemóvel para ver se há uma mensagem. Vai ser um longo processo até conseguir separar-me descansada.

O que sei é que estava a precisar de uma festa!
Portanto, juntei a repetição da despedida de solteira e decidi sair só com as amigas. Comecei por convidar as mesmas amigas, com novas adições, mas depois cheguei à conclusão que, para mim, esta coisa de rapazes para um lado e raparigas para outro não faz muito sentido.
Amigos são amigos, o género não interessa, o que importa é estarmos rodeados de quem gostamos e de quem gosta de nós. Só tenho pena de não ter tido essa "epifania" mais cedo, porque alguns acabaram por não poder ir porque já tinham combinado outras coisas entretanto.
Foi pura parvoíce minha, admito! Já na altura da despedida de solteira senti o mesmo. Sempre me dei mais com rapazes do que com raparigas, porque raio me terá dado para achar que uma festa só com raparigas era o caminho certo? Lá porque a maioria das pessoas não consegue conceber algo que saia da norma, como uma despedida de solteiro/a conjunta, porque raio fui eu levada na corrente? Para ter uma coisa que todos têm? Nem parece meu! Como é que eu espero divertir-me ao máximo se coloco de lado grande parte dos convidados? Parvoíce!




O sábado escolhido para a FAB Party estava preenchidíssimo: Ida ao spa de manhã (estava a precisar urgentemente de uma massagem nas costas), à tarde ia ao cabeleireiro, seguia para a sessão de fotografias de maternidade e ia beber um "copo" com os meus convidados numa esplanada à beira rio, para aproveitar o pôr do sol. Depois seguíamos para a LX Factory para jantar e passar o serão no Rio Maravilha.
Mas a vida é feita de imprevistos e, apesar de ser hiper controladora, há coisas que não posso controlar: 
- Davam chuva para sábado, pelo que a sessão de maternidade foi cancelada (seria ao ar livre). O que vale é que a fotógrafa é uma amiga e tem disponibilidade para remarcar e andarmos atentas à meteorologia, prontas a sair de casa com o primeiro raio de sol;
- Do cabeleireiro ligaram-me: por motivos de doença tinham de cancelar a minha marcação. Não me importei muito, porque a ideia era tratar do cabelo no dia da sessão fotográfica, fica para outra altura.
- Esplanada à beira rio para aproveitar o final de tarde? Com chuva? ahahah! Tranquilo! Há bares todos envidraçados e uma tarde chuvosa até que é bonita (pelo menos para mim). A diferença é que consultei o site do IPMA e davam um tempo terrível para esse dia;
- Os restaurantes do LX que interessavam estavam todos sem disponibilidade de reserva.

Tive de atirar a toalha ao chão e cancelar a festa. Algo no universo me estava a dizer que esse sábado não era para sair. Além do mais, a festa já estava demasiado longe do plano original, pelo que decidi adiá-la.
O que vale é que, com duas semanas de antecedência, dava para elaborar um plano A e vários alternativos. Ou, pelo menos, conseguir uma reserva no restaurante pretendido.
E não é que, chegado o tal sábado, fez um dia de sol maravilhoso?


GuardarGuardar Com as duas semanas de antecedência consegui uma reserva para as 22h00!!! Não admira que na véspera não houvesse nada. Mas não fazia mal, porque antes do jantar eu queria ir aproveitar o pôr do sol.
A FAB Party correu muito bem. Estive com alguns dos meus amigos mais próximos (houve quem não pudesse ir), dentro do planeado deixei a coisa correr naturalmente, com tranquilidade sem pressas.
E, como correu bem, não há grande história para contar. As histórias mais engraçadas são as que têm contratempos. Quando tudo corre bem, está tudo bem.

Começámos às 18h30 no café/bar/lounge À Margem, em Belém, e lá fomos reunindo o pessoal enquanto assistimos ao pôr do sol, a lanchar, a pôr a conversa em dia, a lanchar outra vez (o jantar era só depois das 22h...). Enquanto aqui a menina bebia um cappuccino e comia umas torradinhas (tive de pedir duas porque o meu marido se abarbatou de metade da minha primeira "tu não comes uma inteira..."), o resto da malta bebia copos de vinho, gin, comiam bruschettas, bolo de chocolate com frutos vermelhos, crumble de maçã... tirando o álcool, fiz questão de provar tudo. Mas só dá mesmo para provar, porque actualmente tudo me faz azia: tomate, chocolate, e quase tudo o resto que eles tinham... Já chegava o que viria para jantar.

Eram 21h30 quando seguimos para a Lx Factory, para o restaurante. Tinha escolhido o A Praça e não me arrependi. Decidimos petiscar, para começar: queijo de cabra com mel e orégãos, ninhos de alheira, cogumelos salteados, pimentos padron, ovos mexidos com farinheira, choco frito. Tudo delicioso. Só não provei os pimentos porque não quis arriscar apanhar um picante. Enquanto o pessoal se refrescava com imperiais e sangria de espumante, eu ficava-me pela águinha e pelo sumo de laranja natural... Mas dei um golinho na sangria para brindar e estava deliciosa. Quando deixar de amamentar, vou lá e peço um jarro só para mim.
Esta do jarro só para mim lembra-me um episódio do início do meu namoro. Acho que já vos contei que sou incapaz de virar as costas a um desafio quando sei que sou capaz de o conseguir, com mais ou menos esforço. Pois bem, estávamos numa jantarada, a beber uma sangria deliciosa e eu brinquei a dizer que estava tão boa que ia pedir um jarro só para mim. O meu marido, como sempre achou que eu não era muito dada a beber álcool ou que era fraquinha, achou por bem dizer-me "se beberes este jarro inteiro eu caso-me contigo!". Casámos ou não casámos? Nunca tentem fazer apostas comigo, porque se eu aceitar é porque sei que posso ganhar. Custou-me beber um jarro inteiro, já não tinha espaço no estômago e fiquei com sangria até ao pescoço, mas foi tudo!

Para terminar a noite, e o que tinha determinado os locais desta noite, a ideia era dar um saltinho ao Rio Maravilha. Lá fomos e o ambiente estava bom, mas o terraço panorâmico estava fechado e já estava tudo partido (não é fácil estar a comer e a beber desde as seis da tarde), pelo que demos uma volta pelo espaço e decidimos concluir a nossa noite. Gostei muito do espaço e do ambiente. Tenho de lá voltar novamente e espero que desta vez o terraço esteja aberto.

Vim para casa, saciada de festa, bem disposta e feliz, contagiada pela boa onda dos melhores amigos do mundo.
A festa foi para mim, sobre mim e não sobre a gravidez. Não foi um chá de bebé ou lá o que é isso. Foi uma festa com amigos para aproveitar enquanto posso.
Tenho a certeza de que a Miminho vai ser muito mimada, educada e criada não só pela família de sangue, mas pela família de amigos que temos. Não podíamos ter escolhido melhor. É nestes momentos que tenho a certeza de que fiz as escolhas certas e de que quem me rodeia agora só será uma boa influência para a minha filha.
Só posso agradecer a todos os que lá estiveram (e aos que queriam, mas não puderam). Podem contar comigo, como eu sei que posso contar convosco ❤❤❤

Imagem retirada daqui
















domingo, 19 de março de 2017

sábado, 18 de março de 2017

Desafio - Amor Próprio (semana 3)

Ficam aqui as considerações das tarefas que realizei esta semana. Lá tenho continuado com o Desafio que deixei.

Para a terceira semana deste desafio as tarefas eram:
Dia 15: Foto de algo com lantejoulas ou brilhantes;
Dia 16: Ponderar, durante 15 minutos, sobre uma característica positiva minha e escrever sobre isso;
Dia 17: Fotografar um par de sapatos (ou conjunto) com o qual me sinta sexy;
Dia 18: Escrever algo que queira conseguir e o que farei para o conseguir;
Dia 19: Fotografia de uma peça de arte que me faça sentir bem;
Dia 20: Escrever um agradecimento que devo a alguém e enviá-lo;
Dia 21: Uma fotografia minha a fazer um hobby que me faça sentir bem.



Dia 15: Algo com lantejoulas ou brilhantes - As minhas sabrinas brilhantes 😍 Um dia meti na cabeça que queria umas sabrinas brilhantes e não descansei até as encontrar. Agora tenho dois pares, porque o primeiro que comprei não era muito confortável. Mas, tal como a saia de tutu, é algo que me faz sentir divertida, arrojada e feminina.

Dia 16: Característica positiva minha - Faço sempre por compreender o outro. Sei que todos somos diferentes, que agimos e reagimos de modos diferentes à mesma situação, e que isso acontece porque temos histórias e experiências de vida muito próprias. Tenho capacidade de compreender e de não julgar, mesmo quando não concordo. E quando não compreendo, esforço-me por isso.

Dia 17: Fotografar um par de sapatos (ou conjunto) com o qual me sinta sexy - Os meus sapatos dourados do tango! Gosto tanto de dançar e gosto tanto do tango. Nunca fui de dourados, mas para o contexto são perfeitos e elegantes. Se dançar o tango já é algo que me faz sentir sexy, com aqueles sapatos ainda mais.

Dia 18: Escrever algo que queira conseguir e o que farei para o conseguir - Está escrito, mas não vou postar aqui. Quando o conseguir, revelo-o, mas não quero agoirar (apesar não ser supersticiosa).

Dia 19: Fotografia de uma peça de arte - Noturno, de Chopin. Porque uma peça de música é uma peça de arte. E esta é uma das minhas preferidas. É tão difícil escolher uma peça de arte, há tantas. Esta é apenas uma delas. Tão delicada, tão bela, tão inspiradora.

Dia 20: Escrever um agradecimento que devo e enviar para a pessoa - Também está escrito. Foi das coisas mais difíceis de escrever e torná-lo-ei público no dia 30 de Março, às 18h07, aqui, no blog.

Dia 21: Uma fotografia de um hobby - A bailar o tango. É tão belo, é tão bom e tenho tantas saudades de o dançar. Agora estou um pouco condicionada, quer em resistência quer em amplitude de movimentos, mas na semana passada fui à minha Milonga preferida e soube-me tão bem. Não sei como vai ser quando a bebé nascer, mas assim que puder vou lá dar um pulinho, só me fará bem! 

quinta-feira, 16 de março de 2017

A minha gravidez III: Preparação e concepção

No dia 01 de Agosto de 2015 casámos.
Logo a seguir, conforme acordado, deixei de tomar a pílula e comecei a alterar alguns hábitos para preparar o meu corpo o melhor possível.
Foi-me logo dito que, para a nossa idade, demoraria cerca de 6 meses a um ano até ser bem sucedida. Como adoro desafios e sou incapaz de os recusar, decidi que conseguiria em muito menos tempo - 3 a 6 meses. A Mini Mi deu-me a cabo dos planos porque fui bem sucedida demais.



Parte 1: A Preparação

1.1. Regras básicas

Há uma regra básica para preparar o organismo para uma gravidez e para facilitar a concepção. É uma regra que é válida para tudo e mais alguma coisa nas nossas vidas: ter um estilo de vida saudável!
Alimentação equilibrada, beber água, exercício físico (não é preciso ir para o ginásio, apenas levantar o rabo do sofá), cortar com o consumo de substâncias que não nos fazem nada bem (tabaco, café em excesso, álcool, outras coisas - naturais ou químicas), dormir bem!
Serve para quem quer engravidar e serve para tudo o resto.

Com isto voltei a ganhar motivação para fazer uma mudança nos meus hábitos alimentares e fazer aquilo que deveria fazer sempre (eu e qualquer pessoa): uma alimentação equilibrada, variada, sem exageros de carne ou peixe, com bastantes verduras, etc.
Cortei com os cafés e chás em exagero que bebia por dia. Um café e duas ou três chávenas de chá (bom, de qualidade, sem ser dos pacotinhos do supermercado) por dia. Isto ajudou-me a andar mais tranquila, menos stressada e até a dormir melhor. A diferença que fez!
Forcei-me a beber água. Hidratação, hidratação, hidratação! E tentava atingir o litro e meio (chás incluídos) até às 20h00, para não andar a fazer passeios à casa de banho durante a noite.
Deixei os substitutos dos lacticínios, embora tenha optado por produtos sem lactose (intolerâncias.....), para aumentar as reservas de cálcio.



Diminuí o consumo de álcool. Não é que bebesse álcool todos os dias, mas pelo menos uma vez por semana era à grande. Criámos uma "Tertúlia" com amigos e juntam-nos todas as quintas, para debater efusivamente temas actuais, de relevo ou não. Tanto podemos discutir a nossa posição em relação à eutanásia como debater se um vegan pode ingerir fluidos do parceiro. Claro que este ritual semanal, implica que se bebam umas quantas garrafa de vinho e algo mais espirituoso (descobri o Absinto quando fui a Praga e a minha vida mudou). Quando comecei a preparar o meu organismo para a gravidez, o consumo de álcool nestes dias teve de diminuir substancialmente. Incrivelmente, o grau de parvoíce das nossas conversas manteve-se inalterado.
Diminuir o consumo de tabaco. Sempre fui uma fumadora parva, ou seja, uma fumadora social. Portanto, foi diminuir isto e motivar o marido a cortar com o número de cigarros que fumava por dia.
Quem consome substâncias recreativas, como a marijuana, é melhor parar. Não era o meu caso, porque apesar de gostar do sabor e do cheiro, passava a vida a sentir-me mal, então há muitos anos que me tinha deixado dessas coisas. Mas tudo o que é droga (ilícita ou não) é para cortar: a não ser que sejam medicamentos necessários à vossa saúde, 'tá? E já agora: o THC, presente na Maria, torna os espermatozóides preguiçosos: até eles ficam pedrados e depois têm dificuldades em concentrar-se na sua tarefa.




Exercício físico: eu fui para o ginásio e arranjei um PT para me motivar. Mas não é necessário tanto exagero, eu é que sou de obsessões e faço destas coisas. Basta apenas caminhar 30 minutos todos os dias. Mexer um bocadinho é sempre melhor do que ficarmos "aparrados" no sofá. Além do mais o exercício físico tem efeitos semelhantes ao corte do consumo de cafeína: mais tranquilidade, menos stress, melhor sono.
Apanhar sol: Um bocadinho de vitamina D faz sempre bem e, aparentemente, o sol pode ter influencia na produção de hormonais importantes para a concepção. Não me perguntem quais, que não faço ideia. Eu não sou de apanhar sol, mas tive de forçar a barra. Portanto, depois de almoço ia sempre dar um passeiozito. Sol + exercício físico!!!
Evitar o stress. Bem, com a questão da cafeína e do exercício já abordei isto. Mas tentem viver mais tranquilas. Inscrevam-se no yoga, meditem, façam o que precisarem. Claro que a alimentação equilibrada, a hidratação, o sol e tudo o que define um estilo de vida saudável contribuem muito para este ponto.


1.2. Um percalço e mais dicas

Assim que terminou a lua de mel, fui logo ao ginecologista e disse-lhe que estava na altura de deixar a pílula. Ele aconselhou-me a começar logo a tomar ácido fólico em vez de esperar pelo resultado positivo, para ir criando já uma boa reserva no meu organismo.

Entretanto houve um percalço nisto tudo! Claro, porque comigo é sempre assim. Nunca pode ser fácil, nunca....!!! Já nem me surpreendo.
O nosso casamento foi a 1 de Agosto, usufruí dos meus 15 dias de licença, voltei ao trabalho e duas semanas depois ouvi um zum-zum de que me queriam "dispensar". Oh, felicidade! Mas espera... Se me despedirem, fico sem trabalho e talvez não seja a melhor altura para engravidar... Lá ficámos mais uns tempos em stand-by a debater o que fazer. Em Outubro/Novembro, decidimos que iríamos ver se a coisa pegava até ao final do ano, se até lá não engravidasse os planos ficariam interrompidos durante um ano, para que a minha situação profissional se definisse, mas não demorarmos demasiado tempo.
A ideia era preparar o organismo e ir "praticando" até a coisa pegar. Não pegou.


No entanto, não deixei de andar a tomar o ácido fólico e, embora tenha ficado mais desleixada, continuei a preocupar-me minimamente com o estilo de vida que tinha.
Tinha até Julho para ir preparando o meu organismo para, nessa altura, voltarmos a tentar de uma forma tranquila. Mas aqui a menina é uma controladora e não acha piada a esta coisa do "deixar a natureza seguir o seu curso" sem se meter ao barulho. Ei! Eu faço parte da natureza, portanto, se der uma mãozinha ela estará na mesma a seguir o seu curso!

Decidi que, já que tinha deixado a pílula era uma excelente altura para conhecer melhor o meu ciclo menstrual. Saquei várias apps, até achar aquela que tinha mais a ver comigo, comprei um termómetro basal (com duas casas decimais), mandei vir testes de ovulação e comecei a registar tudo religiosamente: temperatura ao acordar, mudanças no corpo, mudanças no humor, resultados dos testes de ovulação, muco cervical, altura do cervical... Nunca comprei os testes de ovulação da farmácia, são estupidamente caros e não valem a pena.

Reparem, os testes de ovulação funcionam identificado um aumento da hormona luteinizante (LH) que ocorre antes da ovulação, não no momento, e para detectar este aumento pode haver apenas uma janela de tempo muito reduzida, de cerca de 12 a 24 horas (pode ser maior, varia de mulher para mulher). Portanto, na semana em que se espera a ovulação convém fazer-se o teste duas vezes por dia, para uma melhor identificação do período fértil. O que se vende nas farmácias custa uns 35€ e só traz 7 testes, e para conhecermos bem o nosso ciclo é preciso estudá-lo durante uns meses. Eu, por 8€, mandei vir 100 testes de ovulação do Reino Unido. Ah! É quando há um resultado positivo neste teste que é a melhor altura de se ter sexo. O ideal é que seja antes de ocorrer a ovulação e não durante ou depois. Sem stress, o sémen aguenta algum tempo lá dentro - até 72 horas.

Outra coisa que ajuda é haver alguma frequência de actividade sexual, duas a três vezes por semana. É outro dos aspectos que não faço a mínima ideia porquê. Mas não custa tentar, não forcem é muito a barra. Já basta na semana de ovulação em que aí tem mesmo que se fazer senão nada feito e pode ser algo bastante aborrecido. De resto, divirtam-se, sejam criativos, explorem coisas novas!
Ah! E não vale a pena o estar a fazer-se todos os dias, a toda a hora. A frequência ajuda, mas se for a mais não vale de nada, porque convém que se dê tempo a que o esperma seja produzido, ok?

E lá andámos assim uns tempos: eu a estudar-me, a ser simultaneamente o estudante e o objecto de estudo; e o marido com a parte divertida, completamente à nora com os testes e registos que eu fazia diariamente.


Parte 2: A Concepção

Havia duas coisas que eu gostava de conseguir numa gravidez, mas que estavam fora do meu controlo: 
1. Ter uma menina;
2. Ter um leãozinho nascido em Agosto, como eu (perguntem a Leões nascidos em Agosto e todos vos dirão que, apesar de terem passado muitos aniversários sem amigos, não há melhor altura do ano).

Eu tinha-me proposto a conseguir engravidar em metade do tempo que os médicos indicavam para a minha idade. Portanto, tinha 3 meses para ser bem sucedida na concepção.
Para se ter um leãozinho, dizem as contas que se convém conceber em Novembro - Dezembro. Portanto, convinha começar a tentar três ou quatro meses antes.

Pois é, a cria decidiu, desde o início, mostrar que há coisas que uma mãe não pode controlar e a 31 de Agosto concebemos! Não vai ser uma leoazinha como a mãe, mas pelo menos o espermatozóide vencedor era um X e consegui que fosse uma menina!

Atribuo todas as culpas à boa preparação que fiz ao meu organismo e que impingi ao meu marido.
Mas bolas! Na segunda tentativa! No segundo mês! Não foi de 6 a 12 meses como dizem os médicos, nem de 3 a 6 como eu meti na cabeça que ia conseguir, foi logo no segundo mês.