quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Filmes de terror

Sempre fui fã de filmes de terror, embora nunca me tenham tirado o sono ou dado pesadelos.


Imagem retirada daqui


O que mais me perturbou foi o "pet sematary", tinha para aí 10 anos quando o vi e quando voltei para casa (uma moradia no campo onde passava férias com os meus avós) tive de verificar se não estava nenhum bebé-zombie com um bisturi, debaixo da cama, para me cortar o calcanhar e rasgar os lábios. Este comportamento ainda durou uns dias, chegando ao ponto de saltar para a cama para evitar que o Gage me atacasse.
Tirando este que me afectou os restantes que vi (e não foram poucos) sempre me aceleraram, mais ou menos, o batimento cardíaco.





Que bebé fofinho (Fonte)
O ar de zangado é delicioso. Eu, que não sou muito dada a crianças, seria uma vítima. De certeza!
Fonte (spoiler alert!)
Fonte


Mas, ultimamente, estes filmes não me andam a assustar minimamente. Pergunto-me se:
- Sou eu que já estou dessensibilizada por ter visto tantos?
- Serão os filmes que estão mais fracos? Sinto que têm muito menos suspense, antecipação, cortam no crescer da tensão e vão directos a uma morte qualquer, fazendo com que o clímax seja mais fraquinho (sim, pode-se fazer a comparação com um acto sexual, força nisso!). Parece que entre ir verificar que barulhos estranhos são aqueles e o morrer-se passam 10 segundo com muita gritaria pelo meio. Já o fim é expectável: ou sobrevive um ou morrem todos. E nunca há telemóveis ou quando há não há rede. Como é que podemos ter medo se já sabemos o que vai acontecer a seguir? O medo é, precisamente, causado pela incerteza do que vai acontecer a seguir; ou
- Será que o que me assusta agora é mesmo a realidade? Ser assassinada por um psicopata seria menos aterrorizador do que a incerteza do meu futuro enquanto ser humano, enquanto mulher, enquanto trabalhadora, enquanto portuguesa, enquanto Lisboeta…



Fonte


Enfim… gostava de filmes de terror e do suspense que tinham. Agora é tudo um bocado "meh, ‘tá giro”.

Por exemplo, ontem fui ao MoteLX ver o 31, do Rob Zombie. Gostei, mas não me aumentou tanto o ritmo cardíaco como aumenta ver os preços das casas em Lisboa. O filme envolvia gente a ser cortada aos pedaços, muita pancada, muito sangue, mas o seu efeito em nada se comparou à taquicardia que tive quando vi um anúncio de uma casa de 60m2 e que custava 280 mil euros, ou quando vi uma casa igualzinha à minha, num prémio gémeo, com uma renda 500€ superior à que pago. Isso sim é assustador, é a incerteza do que vai acontecer a seguir. Será que, eventualmente, acabarei a morar nos subúrbios?



Fonte


Aqui fica o trailer do filme:




E o clip dos Ramones (é melhor do que o trailer):

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sábado, 19 de março de 2016

Memórias de Meu Pai - Revisto

Tal bom cliché psicanalítico, sempre fui "Menina do Papá". Tanto que o único alvo do meu carinho enquanto criança era o Meu Pai. Bem, o meu cão também, mas o que interessa neste momento é o Meu Pai.



Os meus pais separaram-se quando eu tinha 3 anos e, como me parece a coisa mais justa e acertada, a minha mãe ficou comigo e o Meu Pai ficou com o cão.
Quem me educava e aturava as minhas birras (que dizem serem das piores a que já se assistiu - prenúncio do feitio maravilhoso que se aprimorou com os anos) era a minha mãe e quem me levava a passear, brincar, jantar fora, etc., era o Meu Pai.
Quando a minha mãe se zangava comigo ou me obrigava a fazer coisas que eu não queria, como acordar cedo para ir para a escola (sempre tive um péssimo acordar, por favor não falem comigo antes do pequeno-almoço, e sempre fui avessa a obrigações - eu faço o que quero, quando quero e ninguém manda em mim!), lá me punha eu a fazer chantagem emocional enquanto gritava em plenos pulmões "Eu quero o Papá! Eu quero o Meu Papá!!!!!!".

Um pequeno parêntesis (quem me conhece sabe que adoro fazer parêntesis nas conversas, porque me lembro de coisas que estão relacionadas e que explicam melhor o contexto do que estou a falar): Nunca tratei os meus pais por "mamã" ou "papá". Durante um período até os tratava por "mãe" e "pai", quando as circunstâncias exigiam que cumprissem o seu papel parental como mudar fralda, dar comida, dores de barriga, ou os tratava pelo nome quando era para brincar. Mas "mamã" e "papá", não.

Adorava quando o Meu Pai me ia buscar à escola e me levava a passear (e ao cão) ao jardim de Belém e a comer gelados na Vela Latina, levando-me depois a ver uma loja que tinha caixas de música e, ocasionalmente, oferecendo-me uma, deixando-me completamente encantada.
(No meu casamento ofereceu-me mais uma caixa de música e só não me levou às lágrimas porque fiz um enorme esforço para me conter e não borrar a maquilhagem).


O Meu Pai levava-me às cavalitas, aos baloiços, deixava-me comer entradas e sobremesa nos restaurantes. O Meu Pai levava-me a esplanadas para beber groselha enquanto ele se resfrescava com uma imperial. O Meu Pai ensinou-me a conduzir. O Meu Pai ensinou-me a boiar, "É muito importante, porque se algum dia estiveres aflita no mar e ficares cansada, assim podes recuperar energias", disse-me enquanto nadávamos nas águas geladas e perigosas de Santa Cruz, onde é raro o mar permitir que nele nos banhemos. O Meu Pai levava-me a bares à noite quando se juntava com os amigos e dava-me moedas para as arcadas. O Meu Pai avisou-me veemente para não encostar o dedo ao incandescente cinzeiro do carro, coisa que fiz mal ele saiu. E claro que me queimei, e, obviamente, sofri em silêncio porque o meu pai nunca se tinha zangado comigo e não ia ser por causa daquilo.

Quando eu tinha 8 anos, o Meu Pai levou-me à Eurodisney! À Eurodisney!! Eu tive um boné que era a cara da Margarida, bonecos da Minnie e do Mickey! Com 8 anos? Uma maravilha!

O Meu Pai não estava todos os dias, mas quando aparecia era uma festa! Eu corria que nem uma seta para o colo dele e não o largava mais. O que invariavelmente deixava a minha avó cheia de ciúmes, "só quer o pai, só quer o pai! É uma loucura pelo pai! Não o larga!". Ficava enciumada porque andava sempre atrás de mim para me beijar e eu fugia, porque nunca fui dessas lamechices de abraços e beijinhos, só com o Meu Pai (e o cão).

Houve uma altura, na minha adolescência (claro!), em que me "incompatibilizei" com a minha mãe e fui morar uns tempos com o Meu Pai. Um espectáculo! Tinha um andar inteiro só para mim, com casa de banho, sala e televisão no quarto! Isso é que era privacidade. Ficava a ver filmes e séries até às tantas, uma maravilha. Claro que acabei por fazer as pazes com a minha mãe e voltei para casa dela.
Certo dia o Meu Pai ligou-me e, quando não atendi, deixou-me uma mensagem que me levou às lágrimas "Olá Filhota... Bem... Era só para ouvir a tua voz."



Ora, porque é que esta mensagem foi tão importante para mim? Bem, a seguinte história demonstra-o.
Tinha eu 13 anos (reparem, é "treze" que se diz e não "treuze") quando fui com uma amiga de férias para Amesterdão, ficar em casa de uma amiga dos meus pais. Ora, nós tínhamos o nosso dinheiro e fomos deixadas por nossa conta durante o dia para fazer o que quisessemos durante esse tempo. O que é que uma miúda gulosa e entregue a si própria faz? Come porcaria. Durante três semanas o meu dia, falando apenas em alimentação, era à base de puré de maçã, pudins de chocolate e caramelo e sandes de manteiga de amendoim. Três semanas. Todos os dias. 21 dias de luxúria alimentar.
No dia em que regressámos a Lisboa, as nossas famílias foram buscar-nos ao aeroporto. E lá estava o Meu Pai! o Meu Papá! Que surpresa! Que contente que eu fiquei! E como de costume, corri para os seus braços. O Meu Pai abraçou-me, ao largar-me olhei-o com um sorriso e com aquele todo o meu carinho que sempre foi apenas só para ele, e ele com um enorme sorriso nos lábios e, em alto e bom som para toda a gente ouvir, disse algo que nunca me esquecerei:

    "ESTÁS GORDA QUE NEM UM TEXUGO!!!!"

Aquela mensagem de voz foi importante para mim porque é ao meu pai que saio uma besta emocional, incapaz de falar sobre sentimentos e cenas. "Sentimentos e cenas", que bonito.
Nunca precisei que o meu pai dissesse o que sentia por mim, essas coisas sentem-se quando uma pessoa está. E a pessoa não precisa de estar sempre presente para ser presente, precisa apenas de estar disponível. Só isso.
Não precisamos de passar o tempo a verbalizar o quanto gostamos uns dos outros, nem sequer precisamos de estar com eles todos os dias. Apenas precisamos de estar quando estamos. E essas coisas sentem-se e passam para os outros. É daqui que vem a segurança emocional, afectiva, é do sentir e não do dizer.
Nunca tive dúvidas de que o meu pai me amava, ele nunca precisou de o dizer. Nem ele, nem a minha mãe. São pessoas que, independentemente de tudo, souberam (cada um à sua maneira) transmitir-me o seu afecto.
Mas a verdade é que, de vez em quando, mesmo que seja uma única vez na vida: sabe tão bem ouvir o quanto gostam de nós. O meu pai não o verbalizou, mas bolas. Quando uma besta emocional nos deixa uma mensagem a dizer que era só para ouvir a nossa voz, o que é isso se não dizer que nos ama e que tem saudades nossas?





sábado, 12 de março de 2016

O valor de um tupperware

Acabei de me aperceber qual o bem mais precioso para os meus pais. Aquele objecto fundamental para a sua felicidade. Aquela coisa que não podem nunca, jamais!, perder. O tesouro pelo qual são capazes de cometer filicídio. Ou quase. Tupperware!!





Nunca me faltou nada. Boas escolas, actividades extracurriculares, viagens, noitadas, mesada, computadores, boa roupa. Enfim, tudo o que o que precisasse e os meus pais concordassem era pago por eles, se pudessem. Como qualquer pai ou mãe, tudo o que me pudessem dar.

Quando finalmente saí de casa da minha mãe, não me faltaram conjuntos de copos, de pratos, talheres, "leva este armário", "leva este sofá", "queres este conjunto de chá e este de café?", tudo coisas que a minha mãe tinha desde sempre. Não sei onde as guardava, muitas delas nunca as tinha visto, mas estavam a ser-me impingidas, numa mistura de amor de mãe que quer a ajudar a construir o ninho da filha e o "leva lá isto que já estou a precisar de espaço". Tivemos mini sessões de gritaria que acabavam em gargalhada, só porque eu não queria levar alguma coisa. "Mãe, eu não preciso disso!", "Mas leva que é giro! Não é giro? Não gostas? Achas feio?", "Não, mãe. Gosto. É muito giro, sim.", "Então leva!!", "Mas, mãe, eu não preciso disso!!!".
O meu pai também me perguntou se queria coisas. Principalmente agora, que está em processo de mudar de casa. "Queres um armário? Não tenho onde o por na outra casa, mas é um bom armário!", "E uma cómoda? E mais um sofá? Olha, e este quadro?". Menos efusivo e insistente do que a minha mãe, mas sempre disponível.

É comum os pais "emprestarem" coisas. "Emprestam" por nós, sem ser propositadamente, nos abarbatamos da coisa e eles não se importam nada: "Faz-te falta, fica com isso." Mas há uma coisa que os meus pais só emprestam e fazem questão de que volte sempre: tupperwares. Não querem um novo, não querem um substituto.





Quando emprestam ou quando os trazem, a primeira coisa que me dizem quando entram cá em casa é "trouxe-te isto, mas o tupperware é para levar. Aliás, mete já num dos teus, que o meu é muito bom, gosto muito dele e depois ficas-me com ele.". E nós olhamos para o tupperware, todo riscado, com aquele tom amarelado de décadas de uso. "Mas mãe, é só um tupperware.", "Mas esse dá-me muito jeito!". É sempre assim, sempre que vamos a casa uma da outra, como boa mãe, gosta de me dar comida. Mas ai de mim que lhe fique com um tupperware.

Numa das vezes em que fomos para a casa de férias do meu pai ficámos lá uns dias e quando chegou a hora de ir embora precisámos de um tupperware para levar comida que tinha sobrado. Chegados a nossa casa, o tupperware foi lavado e posto em cima da mesa para não nos esquecermos de devolver. Poucos dias depois recebo um telefonema: "Estou? Pai? Hello!! :D", "Olha lá, menina, o meu tupperware?". Nem ai, nem ui! Nem bom dia, nem boa tarde! "Onde está o meu tupperware?", "Precisámos de um e trouxemos, mas está aqui pronto a ser devolvido.", "Esse tupperware dá-me muito jeito! Agora precisava dele e como é que vou fazer?", "Então, usas outro.", "Mas esse é que é bom. Vocês são muito espertinhos...", "Pai, é só um tupperware...", "Mas esse é especial.", "Não te preocupes, ser-te-á devolvido. Olha, também temos aqui umas toalhas que trouxemos para lavar, depois damos-te tudo.", "Quais toalhas? Não dei por nada. O tupperware é que eu quero de volta".





A moral é: Os nossos pais dão-nos tudo o que podem e com prazer, menos tupperwares. Podemos levar-lhes sofás, carros, dinheiros, comida, jóias de família... Tudo! Eles até ficam felizes por gostarmos de coisas que lhes pertenciam e guardavam com carinho.
Menos tupperwares. Não se pode tocar num tupperware. Será sempre "aquele" tupperware. Aquele que "é bom" e que "dá muito jeito".


Aquela música da Ágata, se fossem os meus pais a escrever seria sobre tupperwares. Qual filha, qual quê. O tupperware é que interessa.
"Podes ficar com as jóias, o carro e a casa, mas não fiques com ele. E até as contas do banco e a casa de campo, mas não fiques com ele. (...) Tira-me tudo na vida e o mais que consigas, mas não fiques com ele".



sábado, 27 de fevereiro de 2016

diy - Método de Limpeza com Óleo (mlo)

Ora, como o prometido é devido e, neste caso, já vem atrasado, vou dar-vos a minha “receita” caseira de beleza.
Como tinha dito na publicação anterior, decidi começar a trocar os artigos das indústrias farmacêutica e cosmética por produtos o mais naturais possível e não podia estar mais satisfeita com a minha escolha.






Depois de um diagnóstico de acne/rosácea seguido de anos e centenas de euros gastos em consultas de dermatologia e produtos recomendados, sem nenhuma eficácia permanente e passando por momentos muito bons e momentos de enorme regressão, decidi que estava na altura de experimentar algo diferente. Estava na altura de ter controlo naquilo que meto no meu organismo (quer por via oral quer por aplicação tópica), ser mais sustentável e gastar menos dinheiro.

Comecei em Outubro/Novembro a fase de transição, dispensando os cremes da Uriage e Bioderma e o gel de limpeza (repito que são boas marcas e de confiança, embora já não me satisfaçam) e iniciando-me no o MLO. Não podia estar mais satisfeita e pronta para dar mais um passo no meu processo de transição para uma rotina 100% natural e “cozinhada” por mim, à medida dos meus gostos e necessidades.
Quando decidi deixar o gel de limpeza e os cremes, e começar o MLO informei minha dermatologista, que não reagiu negativamente ao que lhe disse nem me tentou dissuadir de qualquer modo. Para mim foi um sinal de “isto pode-se fazer e não é mau”.

Ora, antes do MLO a minha (última) rotina consistia mais ou menos no seguinte:
Manhã: No banho lavava a cara com o Hyséac Gel Nettoyant (gel de limpeza) e a seguir usava o creme Hyséac Mat (creme matificante); em certos dias usava o Hyséac Masque Gommant (máscara exfoliante). Ao longo do dia, como a pele voltava a ficar oleosa, já tinha uma embalagem extra de matificante numa gaveta do trabalho.
Noite: Limpeza com a água micelar da Bioderma e o creme manipulado que me custou os olhos da cara (70€).
Houve fases de tratamento que envolveram mais produtos: como a atemorizante isotretinoína ou outros cremes para intercalar com os que referi acima.


Quando comecei o MLO senti, imediatamente, uma diferença enorme e desde essa altura que evito lavar a cara no banho.
O resultado foi deixar de sentir a pele a repuxar depois de lavada. A pela estava mais fresca, menos baça, mais leve. Enfim, sentia-a e via-a mais saudável e confortável e isso para mim é o mais importante.
Na altura do Natal, como estava de férias e tinha mais tempo, decidi fazer o MLO duas vezes por dia, como método intensivo e durante uma semana, para deixar de vez o período de transição. Devo dizer que a minha pele nunca esteve nem nunca a senti tão bem.

Neste momento estou em novas experiências e fiz um disparate: ao tentar deixar de usar a água micelar, sem querer usei algo com parabenos. E, apesar de ter os poros mais fechados e limpos e de estar sem qualquer borbulha, não sinto a pele tão saudável e hidratada como antes. Voltei a usar a água mineral e estou à espera de que cheguem uns ingredientes novos que encomendei para voltar à experiência.

O que deixo a seguir é foi a rotina que estava a usar antes da última experiência e que estava a funcionar na perfeição.




A Rotina



Manhã

  1. Limpar a cara com Água Micelar Sensibio H2O da Bioderma. Serve também para remover maquilhagem. É uma maravilha e acho que mesmo que deixe de a usar para limpar a pele, continuar a utilizá-la como desmaquilhante. Compra-se em farmácias.
  2. Aplicar o creme de dia biológico de Rosa Damasceno da Dr. Organic, que compro no Celeiro.





Noite

  1. Limpar a cara com a água micelar
  2. MLO
  3. Creme manipulado da farmácia



A (simples) Receita

Duas “esguichadelas” de óleo de calêndula e duas gotas de óleo essencial de melaleuca.



O MLO



  1. Depois da cara limpa, misturo os óleos directamente na mão
  2. Aplicar na cara, massajando firmemente mas com suavidade, de forma a limpar os poros
  3. Aplicar uma toalha humedecida e quente na cara e deixar até arrefecer ou durante um máximo de dois minutos. Isto permite uma maior absorção dos óleos.
  4. Retirar, suavemente, o excesso de óleo com a toalha. Se for preciso aquecê-la um pouco.
  5. Se se sentir necessidade, aplicar um creme hidratante de seguida.


Há quem aqueça a água com a água da torneira, eu prefiro recorrer à cafeteira eléctrica pois representa um muito menor desperdício de água potável. Quem diz cafeteira, diz fogão. Há também quem molhe a toalha e a aqueça no microondas, mas não me parece tão prático se for necessário aquecê-la novamente enquanto se tem os dedos todos oleosos.
Enfim, alguns minutos antes de limpar a cara aqueço a água na cafeteira. Quando vou tratar da minha rotina, estendo a toalha no lavatório e molho-a com a água quente. Enquanto a toalha arrefece, preparo tudo o resto, limpo a cara com a água micelar e massajo a cara. Entretanto a toalha já não está a ferver, torço-a para tirar o excesso de água e continuo com o MLO. Se for preciso aquecer um pouco a toalha, basta deitar um pouco mais de água quente.



Os Óleos


Óleo de calêndula biológico da Haut-Ségala e óleo essencial biológico de melaleuca da Biover. Ambos se vendem no Celeiro.

O óleo de calêndula tem propriedades anti-inflamatórias, anti-bacterianas e regeneradoras, tornando-o apropriado para ajudar com acne, rosácea, eczemas, inflamação e assaduras.
Ó óleo de melaleuca possui propriedades anti-bacterianas e anti-fúngicas, sendo óptimo para usar em casos de acne e rosácea, entre outros. No entanto, quando em quantidades elevadas pode tornar-se bastante irritante para a pele.
Cuidado com os óleos essenciais, são muito concentrados e demasiado deixa de ter o efeito desejado. Portanto, duas gotas, no máximo!


E pronto, era esta a rotina que eu estava a seguir e que me estava a deixar super satisfeita.
Antes de ter tentado substituir a água micelar por uma água de rosas cheia de parabenos.

Escusado será dizer, que durante os próximos tempos estou de volta à rotina que aqui deixo descrita, embora com um “upgrade” na mistura de óleos, que a seu tempo vos direi.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Acne em idade adulta – Porque mandei as indústrias farmacêutica e cosmética à merda

Aos 28 anos comecei a sentir que a minha cara estava a ficar irreconhecível.
Não sabia o que era, mas tinha altos, sentia-me feia, quase transfigurada. Não era eu quem via reflectida nos espelhos.




Nunca fui de fazer grandes rotinas de beleza ou de ter grandes cuidados com a pele, até porque em adolescente não tive uma pontinha de acne e a higiene do banho diário sempre tinha sido suficiente para mim. Mas não agora. Agora havia algo a passar-se com a pele da minha cara e em cada foto ou reflexo começava a ver um monstro.

Lembrei-me que uns meses antes tinha deixado de tomar a pílula. Não porque quisesse engravidar (o que na altura, encontrando-me desempregada, estava fora de questão), mas porque para além das enxaquecas incapacitantes que tinha com uma frequência quase semanal e que poderiam estar ligadas à toma do comprimido, queria ter uma vida mais natural, sem tomar qualquer tipo de medicação.

A minha primeira paragem, até porque estava na altura, foi o ginecologista. Assim que lhe disse que tinha deixado de tomar a pílula e que não era por querer bebés, deu-me uma descompostura de todo o tamanho e disse-me que era possível que a minha pele estivesse a reagir à alteração das cargas hormonais. Passou-me uma receita para uma nova pílula que, em princípio, seria suficiente para me acalmar as enxaquecas.





As enxaquecas acalmaram, mas a pele não melhorou e marquei consulta com uma especialista em dermatologia que me diagnosticou com “acne tardio e/ou rosácea”. 3 anos passados, centenas e centenas de euros gastos em consultas, comprimidos e cremes, alterações de terapêutica e a pele sempre a passar por melhorias e retrocessos. Até isotretinoína tomei, um comprimido cujos “especiais cuidados” ocupam 5 páginas, mais 2 de efeitos secundários e que quase se torna num método contraceptivo com o medo que nos dá de engravidar. Quem sofreu ou sofre de acne percebe o que estou a dizer. Se quiserem dar uma olhadela a esta bomba, aqui está a bula (bula isotretinoína).
Da última vez que gastei 70€, num manipulado recomendado pela nutricionista, decidi que já chegava. Tinha de haver outra solução. Era impossível que andar a pôr tanto químico fizesse bem à minha pele, que já sentia ressequida, a “repuxar”, que ficava extremamente irritada e inflamada mal saía do banho. A minha rotina diária passava por lavar a cara todos os dias com o gel de limpeza da hyseac, o creme matificante da mesma marca, água micelar da sensibio, e à noite a água micelar e o manipulado.
Se por acaso, num único dia, me esquecesse de pôr o creme na cara, a meio da manhã já estava com a pele toda oleosa. A certa altura já andava com o creme na mala para o pôr a meio da manhã.

(Há pouco estive a fazer os cálculos às componentes. Gastei 70 € em cerca de 30ml – máximo dos máximos. As componentes são eritromicina, tedol creme, etanol e suppletive. A eritromicina, 30ml, custa 6,55€; tedol creme, 30gr, 4,23€; etanol, 250ml, 0,75€; suppletive, 40ml, 27€. Pois bem, gastei 70€ em 30ml, quando a matéria-prima que me permitiria fazer doses intermináveis, me ficaria em 38€)



“Acabou! Tenho de arranjar uma alternativa. Isto não pode fazer bem. Quanta mais m***a ponho na cara, mais preciso de pôr.”

Comecei a fazer um bocadinho de investigação e, o que eu tinha como válido para o corpo, era igualmente válido para a cara: produzimos óleos naturais, com os quais a pele se “auto-limpa”, hidrata e regenera. Quanto mais nos lavamos, mais retiramos esses óleos da pele, secando-a e impelindo a pele a produzir mais óleo para se equilibrar. Entramos assim num ciclo vicioso de “gastar dinheiro - lavar a pele – secar a pele – produção de mais óleo – gastar mais dinheiro - lavar mais a pele – secar mais a pele – produção de ainda mais óleo – gastar ainda mais dinheiro”.






Quando olhamos para as componentes de todos os produtos que pomos na pele, o que vemos é uma lista enorme e cujos únicos componentes reconhecemos são os álcoois, quer porque está lá escarrapachado, quer porque das poucas coisas que nos lembramos das aulas de físico-química é a terminologia “ol”.
Quando comecei a pesquisar as componentes do meu creme de 70€ (e que agora vou usar até ao fim, custe o que custar!), reparei que tirando as funções antibacterianas e antifúngicas (fundamentais para qualquer tratamento de acne ou rosácea), tinha elementos que serviam para hidratar a pele em simultâneo com elementos para secar a pele e que os primeiros eram óleo de vaselina e glicerina. 


Encontrei então, na minha rede social preferida – o Pinterest, que quase uso como motor de busca -, um artigo em que explicavam porque é que deveríamos limpar a nossa cara com óleo em vez de água. Decidi experimentar, pior do que já tinha passado não poderia ser.

Deixei o gel de limpeza, os cremes de dia, o esfoliante de marca. Mantive a água micelar e o creme de 70€ (já os tinha e são caríssimos, agora é até acabar) e fui ao celeiro comprar um óleo base, um óleo essencial e um creme hidratante. O creme hidratante é de uma marca de produtos naturais que adoro, a Dr. Organic. Mas mesmo para este creme estou a testar uma alternativa feita por mim.


Foi a minha primeira experiência de “cosmetologia natural” e devo dizer que resultou às mil maravilhas. Há muito tempo que não sentia a pele assim: leve, fresca, hidratada e com elasticidade. Nunca mais a senti a repuxar ou irritada (a não ser com uma experiência posterior com óleo de rícino ao qual acho fiz alergia – ainda não confirmei).
Já estou a fazer isto, diariamente, há uns meses e não penso em voltar atrás.
Dantes, quando me maquilhava e usava base, em poucos minutos ficava estranhíssima aos bocados (nem sei bem explicar). Uma amiga que é maquilhadora disse-me que isso acontecia porque a pele estava desidratada e absorvia logo a base, deixando-a feia. Agora, a base aguenta todo o tempo e bem aplicada, sem efeitos manhosos.
Às vezes penso se a minha pele está mesmo melhor à vista ou se apenas a sinto melhor, mas acabo sempre por concluir que efectivamente a sinto melhor e isso é que importa.

Os óleos que utilizei têm as mesmas propriedades antibacterianas e antifúngicas do que os cremes que antes utilizava. Entretanto a receita evoluiu e adaptei-a às minhas necessidades.
Para a semana, coloco a “receita”.


Nota: Obviamente, a minha pele e a minha experiência são minhas, e o que resulta comigo pode não resultar com outras pessoas ou até ter efeitos adversos.
A Uriage e a Bioderma (as marcas dos produtos que dantes usava) são consideradas excelentes marcas e realmente, notei a diferença quando comecei a usá-las.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

diy - Pó Corporal

Depois de algum tempo a recolher receitas para substituir os comprados no supermercado, lá ganhei coragem e decidi experimentar produtos de higiene/beleza/cosmética que se colocam directamente no corpo.




A minha primeira experiência foi o pó corporal. Deparei-me com um artigo no Pinterest (o meu maior vício das redes sociais) de alguém que improvisava o seu pó corporal personalizado, com pó de talco comprado no supermercado e o seu perfume favorito, e que andava super satisfeita com a forma como se sentia e cheirava. Fiz alguma pesquisa e percebi que muitas mulheres consideravam o pó corporal como o “luxo” nas suas rotinas de higiene e beleza. Podem ler aqui a receita original, que foi de onde tirei a imagem acima.

Fiquei curiosa e decidi que queria experimentar, até porque, com os ingredientes que levava, fazer alguma reacção alérgica pareceu-me extremamente improvável. No entanto, estando eu a iniciar um percurso de fazer os meus próprios produtos para fugir aos inúmeros ingredientes químicos e inúteis que compõem os produtos comprados no supermercado, não fazia muito sentido seguir a receita com que me tinha deparado inicialmente. Mais uns minutinhos de pesquisa e voilá! Encontrei uma receita para a qual já tinha quase todos os ingredientes e o único que me faltava poderia comprar na loja do outro lado da rua.


Idealmente, para se obter o máximo de proveito do pó corporal este só deveria começar a ser utilizado duas semanas depois de ser feito (explicarei o porquê mais à frente), mas como a curiosidade era muita, só consegui esperar uma tarde e acabei por o experimentar antes de sair para ir ajudar um amigo a dar um workshop de tango. “O pior que pode acontecer é suar e fazer um bolo na minha roupa”, pensei enquanto aplicava a minha última experiência.
Não houve bolo e mal suei, mesmo depois de umas duas horas a dançar electrotango de um lado para o outro. Cheguei a casa umas cinco horas depois e ainda sentia a minha pele super macia. Também não houve reacção alérgica e, entretanto, passadas duas semanas, quando abri o frasco o meu pó corporal estava no ponto e desde aí que o tenho utilizado todos os dias, principalmente ao deitar, porque me faz sentir uma princesa e o aroma que escolhi relaxa-me imenso.



Os ingredientes:
½ Chávena de amido de milho (também conhecido por Maizena. Sim, farinha Maizena) 
½ Chávena de farinha de araruta (não sei se alguém se lembra das bolachas de araruta, mas sim, mais uma farinha alimentar. Comprei no Celeiro)
Óleo essencial preferidoopcional, serve apenas para dar o aroma que se quer. Eu escolhi jasmim, já o tinha e adoro. Também tinha comprado no celeiro)
1 bolinha de algodão (opcional)
1 frasco (confesso que não gosto muito deste frasco para isto, mas ainda ando há procura de um que goste e queria algo para o vintage).
1 pincel grande de maquilhagem ou um disco de maquilhagem para aplicação (opcional – eu prefiro o pincel).




A receita:
Aviso que é dificílima, demora uma eternidade. Ou então não :)
1. Misturar bem o amido de milho com a farinha de araruta (se não quiserem aromas no pó corporal, é só meter num frasco e já está).
2. Embeber uma bolinha de algodão no óleo essencial (ou perfume, se preferirem), coloca-la no fundo do frasco e já está.
3. Se quiserem que o aroma se sinta o ideal é que deixem o frasco durante duas semanas, agitando-o de vez em quando (cuidado depois ao abrir, distraída como sou, quando o abri depois de agitar pela primeira vez, fiquei com o chão cheio de pó).



Há diversas receitas, com diferentes ingredientes, como barro ou outras farinhas. É uma questão de ir experimentando e ver o que se prefere. Um dia destes, experimento uma nova versão, mas tenho de gastar primeiro o que fiz e esse vai durar-me uma eternidade.


Ora, vamos agora fazer contas.
Claro que, como em tudo, o investimento inicial sai quase sempre mais caro do que comprar um produto já feito. Mas quando se compram os ingredientes, acaba sempre por se comprar quantidades que permitem a repetição de receitas ou experimentar novas, sem que se tenha de voltar a gastar dinheiro.
No meu caso, como já tinha a Maizena, o óleo essencial e o frasco, acabei por gastar dinheiro na farinha de araruta e no pincel. E o pincel nem sequer é essencial para aplicar o pó corporal, apenas é uma ajuda e evita que fique com o chão todo sujo.
De qualquer modo, as quantidades que que indiquei permitiram-me fazer cerca de 120 gramas de pó corporal a 1,50€.


Fui ao site da Lush, onde vendem um pó corporal com o mesmo aroma a 6,30€ por 60 gramas. Leva mais ingredientes, é verdade, mas quando para uma mesma quantidade se utilizam mais ingredientes, diminui a quantidade de cada um e respectivo preço. 120 gramas do pó corporal da Lush custariam 12,60€, comparando com os 1,50€ que a minha experiência me custou.







Encontrei esta imagem de um conjunto que tem pincel e disco. Só para ficarem com mais uma ideia, este pó corporal de uma loja chamada “The Pink Room”, tem 150 gramas e custa $90 (só o pó!). Não faço ideia quais serão os ingredientes, mas para este preço têm de ser da melhor qualidade possível.