sábado, 29 de abril de 2017

Desafio - Minimalismo e Ansiedade (semana 1)

Comecei, no sábado passado este desafio.

Pareceu-me uma boa altura  para me começar a tranquilizar, uma vez que o parto está iminente.
Tenho é de começar a actualizar diariamente a publicação semanal e agendá-la. Por isso, se um dia destes se depararem com uma publicação em que os desafios e o texto ficaram a meio, já sabem: fui parir e já volto.


Fonte


É engraçado como as coisas se conjugam e ou já fazia algumas destas coisas por iniciativa própria ou acabou por me ser imposto pelas circunstâncias.

Dia 01: Criar um ritual matinal - É algo que já faço há algum tempo. Como estou em casa e para não ter uma vida parva, que era o que se começava a passar, instituí uma rotina a mim mesma. Com horário de levantar de deitar e de coisas para fazer. As coisas foram sofrendo alguns ajustes por causa das necessidades da gravidez, mas quanto ao ritual matinal esse mantém-se.
Acordo às 07h00 e tomo logo uma ampola de ferro para a anemia. Como o ideal é esperar-se pelo menos hora e meia a duas horas para ingerir lacticínios, continuo na ronha durante mais uma horinha. Às 08h00, o meu despertador toca para me avisar que tenho outro comprimido para tomar. Tomo o comprimido e começo a beber, ainda em jejum, cerca de 0,50 lt de água. Levanto-me e abro a torneira da banheira para preparar o meu banho. Enquanto a banheira enche, aproveito para abrir a cama e as janelas da casa para arejar, escolher a roupa que vou usar e colocar à mão os frascos de produtos que vou usar a seguir ao banho. Adiciono sal marinho, vinagre de cidra e (dependendo do dia) um mix de óleos essenciais (melaleuca, hortelã-pimenta e lavanda). Já há uma altura decente de água e a temperatura está boa: é altura de entrar na banheira, onde vou relaxar e aliviar as maleitas da gravidez durante 20 minutos. Quando o alarme toca para avisar que acabou o tempo, saio da banheira e sigo sempre a mesma ordem: creme corporal, água micelar para a cara, desodorizante, tónico para a cara, lavar os dentes, creme hidratante para a cara, pó corporal. Visto-me e sigo para a cozinha. Já passou tempo suficiente para poder preparar o pequeno-almoço e comê-lo tranquilamente. Novamente, um ritual em que a ordem é cumprida: ligar a máquina do café, colocar as fatias de pão na torradeira, uma colher de cacau em pó, tirar o café, juntar leite, meter o mocca no microondas, entretanto o pão acaba de torrar e, está tudo tão bem engrenado, que, quando acabo de barrar as torradas (com a manteiga de frutos secos e mel), soa a campainha do micro. Sento-me a computador a ver mails, redes sociais e a "bloggar" enquanto tomo o pequeno-almoço. Todos os dias, com a maior tranquilidade do mundo.
Sim... Sou doente. Já tinha dito...




Dia 02: Preencher um  livro de colorir - É engraçado, mas logo a seguir a saber que estava grávida fui comprar livros de colorir. Nunca me tranquilizaram muito. O meu perfeccionismo faz com que me deixem mais ansiosa do que relaxada: "será que é uma boa combinação de cores?", "Ai, que eu não aguento se passar um risco...", "Merda! Este traço está muito carregado, já vou ter de ir repassar nos outros, para que a cor fique igual", "estou a fazer muita pressão, já me dói o dedo". Mas pronto, pelo menos tenho a lindíssima caixa de lápis de cor que o meu pai me ofereceu quando eu era miúda e cujo o cheiro é divinal. Isso sim, tranquiliza-me mais do que pintar as imagens.

Dia 03: Experimentar exercícios de respiração - Tentei. Lembrei-me que se calhar isso ainda provocava era o parto, por causa da forma como estava a respirar. Ou será que estava a fazer os exercícios que atrasam o parto? Fiquei confusa. Desisti.

Dia 04: Ouvir música que melhore a disposição - Sempre que posso. E, se me dissessem agora, "escolhe já, uma música que emita boa disposição", escolheria a "Pocketful of Sunshine" da Natasha Bedingfield (que me ficou na cabeça desde que vi o filme "Easy A") ou o "Suddenly I See" da KT Tunstall. Não são, nem de longe!, as minhas músicas preferidas. Mas que me fazem imaginar a andar na rua, a levar com o sol na cara e com um sorriso, lá isso fazem.



Dia 05: Meditar (pelo menos 15 minutos) - Faço-o no meu banho. E sabe-me tão bem ❤ Inicialmente, entrava na banheira e ficava no telemóvel, mas agora fecho os olhos e tento ir para zen. Sentir o aroma da lavanda, relaxar.

Dia 06: Telefonar a pessoas de quem gostas - Por acaso, durante esta semana, aconteceu falar ao telefone com várias pessoas de quem gosto. Amigos e familiares. Nem tive de correr a lista telefónica e escolher. Simplesmente aconteceu.

Dia 07: Identificar 3 a 6 prioridades - Não cumprida. Ou melhor... Neste momento tenho duas grandes prioridades: gravidez/parto/bebé e obras na casa nova. Cada uma delas implica priorizar tarefas: Acabar todos os preparativos do quarto, da mala de viagem, ir à ginástica pré-parto, etc.; negociar orçamentos, ir ver materiais, avisar condomínio, tratar da água e da luz, etc.

Neste momento não vale muito a pena estar a estabelecer prioridades para antes da bebé nascer. A minha vida vai mudar muito e "A" prioridade vai ser ela e o resto nem sei bem o que vai ser... É algo que farei na altura: organizar a minha vida.


Fonte




sexta-feira, 28 de abril de 2017

Design - Objectos III

Extra - Sobre a Maternidade Alfredo da Costa

 http://myrestaurant.pt/ponto-interesse/maternidade-alfredo-da-costa
Fonte

Apesar da ideia ser um artigo semanal, às vezes deparamo-nos com certas coisas que nos impressionam (positiva ou negativamente) e temos de as deitar cá para fora.
Portanto, esta semana há extra.

Hoje trago-vos duas crónicas que li durante esta semana e que falam sobre experiências de partos na MAC. O que apresentarei primeiro é mais recente (deste mês) e revolta-me por o considerar tão descabido. O segundo é um artigo que encontrei, tem cerca de sete meses, e demonstra o que é realmente importante e o motivo pelo qual muitas mães escolhem a MAC.

Antes de mais parece-me importante referir algumas questões:
  1. Cada parto é um parto, as experiências são sempre uma coisa muito íntima e pessoal;
  2. Até na melhor maternidade do mundo há partos que correm mal e no meio do mato há partos que correm bem - logo, a não ser que haja uma taxa de insucesso brutal que se verifique ser da responsabilidade do estabelecimento de saúde, não se lhe pode imputar esta responsabilidade quando um parto corre mal (ou menos bem);
  3. Eu sou defensora do Sistema Nacional de Saúde (seja MAC, seja Hospital Santa Maria, seja o que for) e vários dados/estudos demonstram que é dos melhores sistemas a nível europeu;
  4. Vou ter a minha bebé na MAC e já lá tenho ido a consultas, fazer exames e análises e até já fui parar às urgências. Só me falta mesmo parir e não tenho razões de queixa nem do pessoal nem das instalações.

Vamos à crónica menos positiva, para que depois se possa terminar em espírito positivo.

Imagem retirada da crónica

"Maternidade Alfredo da Costa, a fábrica de parir e o acompanhante que não é de luxo" - começamos bem. Com um título que quase nos dá a sensação de que uma mulher que vá ter o filho à MAC vai ser posta numa espécie de galinheiro, separada por grades de quem a acompanha. Estão a ver aqueles documentários sobre quintas sem condições? Foi logo a imagem que me veio à cabeça. "fábrica de parir" - mete medo.

Eu acredito, ou quero acreditar, que Tiago Miranda tenha escrito esta crónica com as emoções à flor da pele e com pouco distanciamento afectivo da sua experiência, o que o fez escrever algo que não só contradiz muitas experiências de utentes da MAC, como certos despautérios que aqui criticarei.
De toda a crónica, há duas razões que, a serem confirmadas, deviam ser o ponto fulcral do que ele escreve, e deixarei para o fim. Mas, infelizmente, este recém-pai (os meus parabéns por isso) prefere escrever um lamento sobre como não teve a atenção que considera merecer.

Logo no primeiro parágrafo, dá a entender que é jornalista - "(...) tive todas as dúvidas de um jornalista que precisa de expor a sua vida privada (...)". Acontece que Tiago Miranda tem todo o direito à sua opinião e a escrever crónicas, mas NÃO é jornalista, é fotógrafo. Aliás, tem uma licenciatura em Design de Comunicação pela Escola Superior de Belas Artes e um curso de Fotografia Profissional pelo IADE. Analisando por alto o currículo da sua licenciatura, Tiago Miranda, sabe perfeitamente o que está a fazer à imagem da MAC quando escreve esta crónica e lhe dá este título. Se não sabe, devia. Pelo menos, há um asteriscozinho ao lado do nome dele que, se repararmos e nos dermos ao trabalho de ir à procura, indica que é "fotojornalista".

A sensação que se tem ao ler o título é reforçada quando há uma comparação da MAC a um restaurante com "ratazanas de meio metro a passear na cozinha".
Isto não só é horripilante de se dizer, como, da minha experiência, não corresponde DE TODO à realidade. A maternidade não é um local novo, precisa de algumas modernizações a nível das instalações, mas é de uma irresponsabilidade brutal compará-la a um restaurante de uma história da ASAE. É injusto, é feio e dá uma ideia que não representa a realidade.

Logo a seguir diz duas coisas extremamente relevantes e não de somenos importância: primeiro na analogia do restaurante - "(...) comida absolutamente deliciosa e um chef com cinco estrelas Michelin"; depois quando diz que "os médicos estão de parabéns porque ela [a filha] está óptima de saúde".
Pelo menos, de um modo muito sucinto ficamos a saber que o parto até correu bem e que a filha está bem. Quanto à mãe e ao seu estado, fica-se a saber muito pouco. No entanto, deve estar óptima, porque senão esta crónica abordaria mais a mãe.

Começam a "aventura" num quarto das urgências onde a mãe tem uma cama de parto e o pai só tem uma cadeira "de tortura". Começam aqui as queixas do pai, enquanto pai, e sobre ele mesmo. A maioria das queixas de Tiago Miranda são sobre as condições que são dadas aos pais.

Queixa-se da cadeira de metal que está ao lado da cama da mulher (não se queixa das condições dadas à mãe naquele momento), queixa-se de como só tinha essa cadeira e que quando estava desconfortável se sentava no chão (será que queria um sofá onde se pudesse estender?), queixa-se de como tinha de ceder o seu lugar à mulher quando ela precisava de usar a arrastadeira (em momentos em que não havia auxiliares que a levassem à casa de banho), e ainda se queixa de que não lhe ofereceram comida ou água e que ele tinha de as ir comprar. Portanto, sabemos que o acompanhante (esta palavra é importante) não era tratado nas palminhas, quanto à mãe e ao seu conforto e alimentação - nem uma palavra.
Ok, ainda lhe dou a legitimidade de poder haver uma cadeirinha mais confortável para que o acompanhante se sente, porque podem ser várias horas (no caso dele 24, segundo diz). Mas queixar-se que, num estabelecimento de saúde público, não oferecem refeições ao acompanhante? Tiago, nem no privado, onde tudo se paga. Até lhe podem trazer um tabuleiro todo catita, mas tudo se paga, até as refeições da mãe. Já no público, não se gasta um cêntimo com o parto e todo o processo até lá (consultas, análises, exames, etc) e ainda queria que lhe servissem comida?

Tiago Miranda queixa-se de ter sido vítima de "machismo" por parte da MAC. Como assim? Vítima de machismo?
Para Tiago Miranda, deixado de ser tratado por "pai" para ser tratado como "acompanhante" é uma "das formas mais elementares de machismo", diz que é um "problema de princípio", e segue numa verborreia sobre o que para ele é ser o acompanhante: o "simpático que está ali por bondade", o que está "porque lhe apetece mas poderia não estar" ou o "chato que está ali a mais e que não devia estar". Diz que é machismo o pai ser percepcionado como acompanhante, porque o remete para "a categoria de acessório".
Caro Tiago, em algum momento parou para pensar que nem todas as mulheres são acompanhadas pelo pai dos filhos? Pelos mais variados motivos há mulheres que estão sozinhas, que são acompanhadas pelos próprios pais, ou irmão ou alguma figura importante que lhes dê apoio? Que acompanhante não é figura acessória, nem está limitada à figura do pai da criança que vai nascer? Tem noção de que antes de nascer a criança não tem nome? E como chamariam o acompanhante "o pai, do filho ou da filha, da senhora tal"? E se a mulher não fosse acompanhada pelo pai da criança, toda a gente teria de ficar a saber qual o laço familiar/afectivo que os une? Expôr uma mulher cujo(a) acompanhante seria chamado(a) por "o tio da Maria", ou "o namorado da Isabel", ou "a mulher da Ana"? E o problema de logística que isso implicaria para o serviço? Em cada ficha teria de estar discriminado quem é o acompanhante? Isso não só daria mais trabalho, como haveria maior probabilidade de acontecerem enganos, já para não dizer que seria altamente intrusivo?
Tenha bom senso, Tiago. Acha que estas coisas não são ponderadas? Ou queria um tratamento especial? Uma almofadinha, um tabuleiro com comida e um "cognome" só para si?

Tal como se queixa do termo "acompanhante", queixa-se de falta de sensibilidade quando os profissionais utilizam a palavra "parir". Gostava que usassem outros termos, "dar à luz" ou "ter um filho". E ainda diz que os profissionais "adoram nomes técnicos como se isso lhes atribuísse mais um grau académico de cada vez que usam a palavra". Portanto, "parir" é uma palavra muito dura para Tiago Miranda (se calhar, se tivesse a almofadinha na cadeira não estivesse tão sensível a este termo). Já eu, se levasse com um técnico de saúde que me perguntasse se estava pronta para "dar à luz", temia logo pelo que viria a seguir e não ficaria muito segura do que me fariam.
Se é parir, é parir. Se é fotógrafo ou designer, não é jornalista (mesmo que trabalhe para um jornal).
Num parto, pare-se, não se dá à luz. É uma mama, não é "maminha" ou "peito"; é vagina, não é "pipi"; é pénis, não é "pilinha".
E o Tiago ainda diz que é esta sensibilidade que nos torna humanos. Portanto, o que nos torna humanos é sermos sensíveis a nomes técnicos? É que uma coisa é adaptarem a linguagem quando há o risco do interlocutor não perceber o que estão para ali a dizer, mas não me parece que "parir" seja um termo só conhecido pela classe médica. Mas pronto, se calhar o Tiago já estava rabugento com a fome. Se lhe tivessem dado uma bucha (como a mim me deram quando fui parar às urgências e não tinham de o ter feito), talvez esta crónica não tivesse sido escrita.

Depois também se queixa de que o hospital não queria que a mulher ficasse sozinha com os seus pertences, porque não assume a responsabilidade pelos mesmos. Epá...
Quando há pessoas que se queixam por tudo e por nada, acham mesmo que ainda queriam ter chatices por causa da porcaria de um telemóvel perdido? Ou que a equipa deveria também assumir a responsabilidade de guardar os pertences da mãe? "Senhora enfermeira, eu sei que é um momento delicado, mas pode ir guardar as minhas jóias e o meu telemóvel, se faz favor?".

Acabado o parto, foram para o quarto e continuam as críticas. O espaço reservado às mães é muito pequeno. Numa enfermaria, num estabelecimento público, onde há 7 ou 8 mães, com os respectivos bebés, Tiago acha inadmissível não ter espaço para a mala do bebé, a mala da mãe, fraldas e berço.
Isto aqui merece duas críticas da minha parte:
O Tiago e a mulher não sabiam para onde iam? É que em nenhum momento da crónica dá para perceber que iam para um hospital privado (onde há quarto privado com casa de banho e refeições e camas, etc) e acabaram por ir parar às urgências da MAC sem o desejarem. Se fosse esse o caso até entendia o choque. Até certo ponto, porque só mesmo quem nunca entrou num estabelecimento público é que ficaria tão chocado. Por exemplo, eu sei como é a MAC. Só levo uma mala, precisamente por saber que o espaço é pequeno, por já lá ter ido visitar mães, por me ter informado, etc... E até tenho preparada uma logística de ir levando e trazendo coisas de casa, para ir o menos carregada possível.
Tiago Miranda vai a extremo de comparar o espaço que a mãe tem a uma cela de prisão. E diz que os presos têm mais espaço! Ai, ai... Suspiro... Vamos mesmo comparar a situação de recluso com a situação de alguém que é suposto estar internado durante 3-5 dias?
Mas claro que o Tiago consegue tornar esta situação acerca dele, porque aborda este espaço como sendo "da mãe, do bebé e do seu acompanhante". Aposto que agora, já sentia falta da sua cadeira de tortura.

Depois diz que na MAC não dão banho aos bebés por não haver banheiras. Até parece que na MAC deixam os bebés todos sujos e sem condições. Como estive lá ontem aproveitei para perguntar à enfermeira se os bebés tomavam ou não banho. Respondeu-me que os bebés são lavados, simplesmente, com recurso a compressa e líquido lavante. Não há necessidade de dar banho com água.
Diz ainda que "as mães também praticamente não tomam banho porque os chuveiros têm pouca ou nenhumas condições". Se eu fosse pensar nos motivos que levam uma mãe que acabou de parir a não tomar banho, a falta de condições não seria a minha primeira opção. Vamos lá ver: "porque estão estafadas" ou "porque não querem abandonar os bebés" estariam no topo da lista. E o que é "não ter condições", cheira-me que o que o Tiago quer dizer é que a casa de banho não é nova e os polibans não são da Sanitana, nem têm porta de vidro ou a pressão ideal.
Ficamos sem saber, é apenas transmitida uma ideia das poucas condições de higiene para mãe e bebés. Ideia esta que eu não posso confirmar ou desmentir, mas que daqui a uns dias já o poderei fazer.

Outra queixa do autor da crónica tem a ver com as televisões da enfermaria. São dois televisores e não estão bem sintonizados porque "ninguém se deu ao trabalho". 
Será que o Tiago tentou? Eu imagino que, se quisesse mesmo ver televisão, pedia ao meu marido para tentar sintonizar a televisão. Aliás, já o fizemos num hospital onde fomos visitar a minha avó. Não custa nada e acredito que, para quem lá trabalha, sintonizar uma televisão seja algo em que nem pensem. Em vez de não fazerem porque dá trabalho.
Aqui entre nós, por mim nem havia televisão. Estou mesmo a ver que vou ter de gramar com os programas da manhã e da tarde, com telenovelas e reality shows... Enfim, felizmente tenho telemóvel com internet e uma bebé para admirar.

Quais as queixas em que dou razão a Tiago Miranda:
  • Quando diz que não o deixaram assistir ao parto. Não diz porquê, se calhar nem sabe, mas o que importa é que não assistiu ao parto da filha. E aí, de modo genérico, estou do lado do Tiago. Se o impediram de estar num momento tão especial, apenas porque a equipa técnica não teve vontade, acho grave. Até porque contradiz a lei actualmente em vigor, que diz que se os estabelecimentos cumprirem todas as condições e não houver uma situação clínica que o impeça, o acompanhante pode assistir ao parto por cesariana. Neste caso, não é referido o motivo alegado pela equipa para não o deixar entrar antes do parto, só no final;
  • Outra queixa grave que Tiago faz é, infelizmente, relegada para um "P.S". Diz que há portas de emergência trancadas com cadeado. A confirmar-se isto, é gravíssimo! E merece que não se fique num rodapé de uma crónica, mas que seja alvo de queixa formal. É um perigo. E é chocante.

A Maternidade Dr. Alfredo da Costa é uma instituição antiga, quer em prática, quer em edifício. E, infelizmente, tal como muitos outros estabelecimentos públicos (de saúde e não só) foi vítima da falta de verbas crónica do nosso país e de negligência política. A agravar, nos últimos anos, o SNS sofreu e muito. Foram cortadas verbas às instituições e quem lá estava que se governasse com o (pouco) que havia, o serviço público foi descredibilizado e houve uma pressão imensa para que os utentes fossem passando para os serviços privados.
Se a MAC já era antiga e a precisar de amor e carinho a nível das instalações, ainda a queriam encerrar, pelo que o cenário não tinha como melhorar. No entanto, nunca lhe faltou o profissionalismo e excelência de quem lá trabalha. Felizmente, houve uma grande pressão por parte da comunidade e conseguiu-se que não encerrasse. Agora é dar tempo à gestão e administração para que modernizem a MAC.
Aliás, não é para que modernizem, é para que continuem a modernizar. Sempre que lá vou, e ainda ontem lá estive, tenho a possibilidade de utilizar as instalações e não vejo nada decrépito. Não vejo um local xpto, todo bonito, mas até ao momento não me posso queixar das instalações, dos materiais, etc. Utilizo a casa de banho e está sempre impecável. Não é nova, mas está sempre limpa e tem as condições que uma casa de banho deve ter: sanita, papel higiénico, autoclismo a funcionar, lavatório, água, sabonete, toalhas de papel e caixotes de lixo.
Já os gabinetes médicos e do CTG (nas consultas de alto risco) estão novos, estão limpos, há aparelhos mais modernos do que outros (mas desde que funcionem bem...); no laboratório de patologia clínica o cenário é igual - tudo impecável; e nas urgências a mesma coisa - estive na triagem, na salinha do CTG/Soro, no gabinete médico, no gabinete das Ecos e em duas casas de banho -, cuidado e modernizado dentro do possível. O edifício em si não tem um ar novo (como poderia?), mas está cuidado e em condições. Pelo menos, as partes por onde já andei.
A MAC está em processo de modernização e, se actualmente, as enfermarias são para 7 a 8 mães e respectivos bebés, já li que um dos objectivos é que passe a haver quartos para 2 e quartos para 4 mães. Não encontrei o que tinha lido, mas encontrei este e este.

E reparem, quando me intitulo "Menina" é mesmo porque sou uma menina. Estou muito mal habituada, gosto de ir fazer massagens de vez em quando, sou incapaz de acampar, se vou para fora tenho sempre de ter casa de banho privada, etc. 
Se aquilo que eu tivesse visto da MAC fosse tão tenebroso como a crónica do Tiago Miranda a pinta eu teria escolhido outro sítio. Não tenho necessidade financeira de recorrer ao serviço público, mesmo não tendo seguro de saúde. Se fosse preciso, tenho a sorte de ter meios que me permitiriam pagar todo o parto do meu bolso.
No entanto escolhi a MAC. Porquê? Por causa daquilo que é realmente importante para mim: a segurança da minha filha e a minha, durante o parto. Porque sei que, na eventualidade de algo mais complicado acontecer, estou bem entregue. Obviamente que a MAC não é um local mágico com um manto protector onde só acontecem coisas boas, mas ali as minhas probabilidades são melhores.
Quero lá saber se tenho um colchão viscoelástico ou um de molas, se a pressão do chuveiro é boa ou se só sai um fiozinho de água! Quero saber que estou em boas mãos.
Nunca na vida fui internada, nunca na vida fui parar a uma enfermaria. E sei que me vai custar imenso que o Duarte não possa dormir lá ou não possa passar lá mais tempo, ou não ter a minha privacidade. Mas isso não é a minha prioridade, eu não vou parir a um hotel (sim, parir!), vou para um hospital.
E pelo que também já li, poderei não ter a minha privacidade, mas há um grande espírito de entreajuda entre as mulheres.

Assim, e para finalizar, deixo-vos a crónica da Catarina Beato, uma mãe que pariu na MAC e partilhou a sua experiência.

Imagem retirada da crónica


Quando a minha filha nascer contarei a minha experiência, como tenho feito até agora.

P.S.: Vi agora que foi publicado, no Expresso, o direito de resposta da MAC. Podem lê-lo aqui!
Bravo, MAC!
GuardarGuardar

Estilo - Pessoas II

quinta-feira, 27 de abril de 2017

O Avô João - Revisitado

Faz, esta semana, 21 anos que o meu Avô João morreu. Ainda me lembro, foi no dia 25 de Abril.
Parece-me uma boa altura para re-publicar o texto que escrevi sobre ele.
No Natal passado acabámos a partilhar memórias e ficou claríssimo que para mim, para a minha irmã (11 anos mais velha do que eu) e para o nosso pai o Avô João não foi a mesma pessoa. Como poderia ser? Apanhámo-lo em papéis diferentes e em alturas bastante diferentes da sua vida.
Este era o meu Avô João.


Imagem retirada daqui

















O Avô João era o pai do Meu Pai. O Avô João era muito paciente.

Ainda me lembro dos preparativos para irmos para Santa Cruz, antes de haver auto-estradas. Um carocha, cheio de malas até ao tecto (porque já não cabia mais nada no porta-bagagens, que era à frente), à frente o avô a conduzir, ao lado a avó (que uma vez instalada não se mexia até chegarmos ao destino), atrás: eu, malas, um cão e um papagaio. Durante a viagem, parávamos umas três vezes para eu vomitar e umas outras três para o Avô João fazer xixi (sabem como é, a idade…).
A paciência do Avô João não acabava, nunca. Excepto quando era a hora de refeição. Era a única altura em que ficava colérico comigo. Muito irritado, muito vermelho. Porque eu não comida, porque eu brincava com a comida, porque quando já estavam a terminar a refeição eu ainda estava a mexer a colher na sopa. Depois era mandada para a cozinha, de onde apenas sairia quando tivesse comido tudo. Geralmente, alguém acabava por me perdoar quando reparavam que mesmo a “solitária” não me fazia comer e que lá continuava eu entretida com os meus pensamento, a girar a colher… 2 horas depois!

Imagem retirada daqui













O Avô João era um espectáculo. Não havia nada que ele não fizesse pelas netas.
O Avô João levava as netas (e o cão) para fazerem anúncios de televisão. Apareci num para a Compal, em que andava numa mota invisível e me abastecia de sumo. E outro para um banco que não me lembro o nome (mas a cor era azul e tinha um leão), em que fomos os dois e tínhamos de carregar um colchão até ao banco. Já o cão, entrou num anúncio da Robbialac.
   
Era o Avô João que me punha a fazer xixi, antes de irmos todos dormir. Era o Avô João que se levantava a meio da noite para ir à casa de banho e depois me levava a mim para eu não fazer xixi na cama. Foi o Avô João que acabou com essa coisa das fraldas.
Foi o Avô João que me tirou a chucha. E com que arte o fez, apelando ao amor e à ganância de uma criança que adorava chucha. Um dia tivemos uma conversa no quintal, provavelmente a primeira conversa de que a minha memória se lembra, deveria ter uns 3 ou 4 anos. “Se plantares a chucha, vai crescer uma árvore de chuchas”, “de todas as cores?” perguntei curiosa, “sim…”, “de todos os tamanhos? E feitios?”, já estava a ficar entusiasmada, “sim. De todas as cores, tamanhos e feitios”. “Mas há uma condição.”, avisou o Avô João, “durante o tempo que a árvore leva a crescer e a dar chuchas, não podes usar outra chucha. Mas depois, vais ter todas as chuchas, de todas as cores e de todos os tamanhos e feitios”. E, sem duvidar da sua palavra de Avô, entreguei-lhe a minha chucha, e fiquei a observá-lo enquanto a plantava e regava no fim. E fiquei à espera, até hoje.

Imagem retirada daqui














O Avô João também arranjava tudo. Um buraco no chapéu de palha? Mete-se uma papoila de tecido e está feito. Ainda mais giro do que dantes. Bicicletas? Não havia problema.
Lembro-me de coisas como lançar papagaios ou ir a correr com o Avô João para a rua, para que ele fotografasse uma trovoada seca, enquanto a Avó gritava da janela que éramos malucos e que aquilo era um perigo. Ainda hoje adoro trovoadas, sinto-me confortável e segura. Talvez me reporte aquele momento em que estávamos no portão da casa a olhar para o céu.
Foi o Avô João que me ensinou a andar de bicicleta e que me tirou as rodinhas. Nunca me esquecerei desse dia. A segurar a bicicleta empurrar-me pela rua, cada vez mais rápido, e depois em vez de a agarrar com as mãos, usar o cabo de uma vassoura para me dar uma sensação de segurança e apoio. Cabo esse que já não lá estava, quando olhei para trás e vi o Avô João lá ao fundo, a sorrir.

Ora, houve um dia que a bicicleta se estragou e, como de costume, foi o Avô João que pegou nas suas ferramentas e a arranjou, deixando-me toda contente. Peguei logo na bicicleta e lá fui “dar uma volta ao quarteirão” (e sim, ia sozinha, porque naquele tempo, mesmo com 7 anitos tinha essa liberdade, que era comum. Brincávamos na rua e quando era hora de almoço, lá vinham os pais ou avós gritar os nossos nomes à porta das casas). Estava eu na minha voltinha quando, como habitual “saquei um cavalinho” e aconteceu aquilo que torna esta história memorável. Ao puxar pelo guiador, para que a parte da frente da bicicleta ficasse elevada no ar, eis que a peça se solta do resto da bicicleta. Fico com o guiador nas mãos e, não sei que leis da física funcionaram para tornar esta história mais hilariante, voei por cima da bicicleta e aterrei de queixo e mãos na gravilha (claro!). Ora, eu nunca fui “mariquinhas”, portanto quando caí, fiquei um bocado abananada, mas lá me levantei e comecei a sacudir as pedrinhas do vestido e das mãos esfoladas. Nestes preparos, sinto o queixo húmido e levo lá as mãos. Quando olho, imenso sangue… Ora, eu nunca fui “mariquinhas”, menos com o meu sangue. Começo num pranto e lá vem um vizinho para me ajudar a ir para casa.
Claro, que o Avô João voltou a arranjar a bicicleta e eu voltei a confiar nele. Ainda hoje tenho a cicatriz no queixo. A minha bicicleta azul, com as borrachas do guiador brancas (e cujo nome agora não me lembro), não sei o que lhe aconteceu.


Imagem retirada daqui

sábado, 22 de abril de 2017

Desafio - Fotografia Parte 1 (Semana 4)

E termina hoje o Desafio - Fotografia Parte 1.


Antes de mais, hoje as considerações serão mais sucintas do que o habitual. Não me sinto muito bem (coisas da gravidez), o que me tira paciência para estar sentada a escrever e mal posso esperar por me ir deitar no sofá. Devia ter ido escrevendo dia a dia. Agora é tarde e estou irritadiça. Azar!

Dia 22: Pôr do sol - Bem, a foto não é bem de um pôr do sol, mas foi tirada ao final da tarde. Estávamos no Marvão para a nossa Babymoon... (o Duarte não sabia que era uma Babymoon e eu não vejo qualquer necessidade de lhe chamar esse nome, mas como tenho um blogue é mais "top" - essa bela expressão - chamar-lhe Babymoon do que um "fim de semana fora")... Continuando estávamos no Marvão, fomos ao fim do dia e eu queria tirar uma foto do castelo ao pôr do sol. Só que o sol nunca mais se punha, eu estava a ficar com fome e percebemos que o sol se iria pôr atrás do castelo ou para o lado menos bonito. Por isso, tirei uma foto bacana e adicionei-lhe um filtro para a escurecer (batota!!). Mas a sério, já eram umas 19h30, o sol nunca mais se punha e eu estava cheia de fome.

Dia 23: Personagem da TV preferida - Lá estão estes desafios com o "preferido". Já disse que não tenho dessas coisas! Enfim, as minhas personagens de TV preferidas são as minhas gatas quando querem que olhemos para elas em vez de para o ecrã. Na verdade são muito mais belas do que qualquer programa, mas às vezes é um bocado chato. Pelo que vejo na foto, devíamos estar a ver uma porcaria qualquer com ginásios e a Pequenina veio espiar-nos.

Dia 24: Algo sem o qual não vives - Assim de repente "oxigénio" é a primeira coisa que me vem à cabeça. Depois, "água" também é algo bastante importante, tal como "comida". Mas tinha de tirar uma foto qualquer. Pois bem, já foram fotos do marido, da mãe, do pai, da bebé na barriga, etc. E não me apetecia repetir. Já não vivo sem as minhas gatas. Nem imagino o que é morar numa casa sem animais de estimação. Estranho muito quando entro em casa de alguém e não há nenhum ser felpudo a andar de um lado para o outro ou a dormir uma sesta. Por mim tinha um jardim zoológico, mas o Duarte não me deixa. Tenho um marido muito castrador. Qual era a dificuldade de ter um leão, ou um burro, ou um pinguim num apartamento em Lisboa? Percebo que não possamos ter ratos, coelhos, porquinhos da índia, etc., porque temos umas gatas com instintos predadores bastante apurados (principalmente a Nori). Agora o resto, não vejo porque não. Até me imagino a ir passear um lobo aqui no meu logradouro. Aposto que os donos porcos que não apanham os cocós dos seus cãezinhos desapareciam num instante. Eles e os putos que só sabem deixar lixo. Era uma maravilha. Precisava era de um balde muito grande e de uma pá.

Dia 25: Algo laranja - Acreditam que não encontrei nada decente cor de laranja para fotografar? Tive de fazer batota (outra vez, eu sei... shame on Mi) e ir buscar uma foto de um por do sol (podia ter ido para o dia 22, mas não quis) bem cor de laranja. Esta foto nem fui eu que a tirei, mas a silhueta é minha, portanto, serve!

Dia 26: Olhos - Eu babo-me com a Nori. É linda, é especial e é só minha ❤ Bem, não é só minha. Mas a Nori cativa-me porque temos uma relação muito própria. Uma relação que ela só mostra quando estamos sozinhas. Ninguém diria que ela é uma gata extremamente ternurenta ou afectuosa. Está sempre à distância, é muito desconfiada, a maior parte das pessoas que vem cá a casa tem de a procurar para a ver. São poucas as pessoas com quem ela tem à vontade para se mostrar voluntariamente. E essas pessoas deviam sentir-se umas sortudas! Aliás, uma amiga minha é tão sortuda que a Nori já se aninhou no seu colo. Ficámos todos em espanto e soltámos um "oooooh" de espanto. Mas comigo é diferente. Anda sempre atrás de mim (aos anos que não tenho um momento de solidão na casa de banho), sempre que me sento a escrever vem sentar-se na cadeira ao lado, quando vou para a cama vem logo atrás, se estou doente não me larga um segundo, deixa-me fazer-lhe festinhas na barriga e pegar ao colo (desde que não haja ninguém a ver) e, às vezes, senta-se a observar-me. Esta última coisa é bastante creepy, mas é uma cena dela. É capaz de passar minutos nisso. Simplesmente sentada a observar-me. Gatos...

Dia 27: Logotipo - Da guesthouse em que ficámos no Marvão. O Train Spot. Muito, muito giro. Daqui a uns dias sai um artigo sobre a nossa Babymoon e falarei no sítio onde ficámos alojamos.

Dia 28: Silhueta - "Hello! It's Mi". É a minha silhueta através da sombra. Não quero saber se é batota ou não. É o que há. Serve! Azar!


E pronto, assim acabaram as quatro semanas de desafio de Fotografia - Parte 1.
Agora é lançado um novo desafio que, considerando, o meu bom humor de hoje vem mesmo a calhar!
É um desafio para a ansiedade e achei que se justificava que me acompanhasse até ao parto - que deverá acontecer lá para meio do desafio.
Fica aqui, para pensarem nele e se me querem acompanhar.
Pela minha parte já comecei hoje.


GuardarGuardar