sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Acne em idade adulta – Porque mandei as indústrias farmacêutica e cosmética à merda

Aos 28 anos comecei a sentir que a minha cara estava a ficar irreconhecível.
Não sabia o que era, mas tinha altos, sentia-me feia, quase transfigurada. Não era eu quem via reflectida nos espelhos.




Nunca fui de fazer grandes rotinas de beleza ou de ter grandes cuidados com a pele, até porque em adolescente não tive uma pontinha de acne e a higiene do banho diário sempre tinha sido suficiente para mim. Mas não agora. Agora havia algo a passar-se com a pele da minha cara e em cada foto ou reflexo começava a ver um monstro.

Lembrei-me que uns meses antes tinha deixado de tomar a pílula. Não porque quisesse engravidar (o que na altura, encontrando-me desempregada, estava fora de questão), mas porque para além das enxaquecas incapacitantes que tinha com uma frequência quase semanal e que poderiam estar ligadas à toma do comprimido, queria ter uma vida mais natural, sem tomar qualquer tipo de medicação.

A minha primeira paragem, até porque estava na altura, foi o ginecologista. Assim que lhe disse que tinha deixado de tomar a pílula e que não era por querer bebés, deu-me uma descompostura de todo o tamanho e disse-me que era possível que a minha pele estivesse a reagir à alteração das cargas hormonais. Passou-me uma receita para uma nova pílula que, em princípio, seria suficiente para me acalmar as enxaquecas.





As enxaquecas acalmaram, mas a pele não melhorou e marquei consulta com uma especialista em dermatologia que me diagnosticou com “acne tardio e/ou rosácea”. 3 anos passados, centenas e centenas de euros gastos em consultas, comprimidos e cremes, alterações de terapêutica e a pele sempre a passar por melhorias e retrocessos. Até isotretinoína tomei, um comprimido cujos “especiais cuidados” ocupam 5 páginas, mais 2 de efeitos secundários e que quase se torna num método contraceptivo com o medo que nos dá de engravidar. Quem sofreu ou sofre de acne percebe o que estou a dizer. Se quiserem dar uma olhadela a esta bomba, aqui está a bula (bula isotretinoína).
Da última vez que gastei 70€, num manipulado recomendado pela nutricionista, decidi que já chegava. Tinha de haver outra solução. Era impossível que andar a pôr tanto químico fizesse bem à minha pele, que já sentia ressequida, a “repuxar”, que ficava extremamente irritada e inflamada mal saía do banho. A minha rotina diária passava por lavar a cara todos os dias com o gel de limpeza da hyseac, o creme matificante da mesma marca, água micelar da sensibio, e à noite a água micelar e o manipulado.
Se por acaso, num único dia, me esquecesse de pôr o creme na cara, a meio da manhã já estava com a pele toda oleosa. A certa altura já andava com o creme na mala para o pôr a meio da manhã.

(Há pouco estive a fazer os cálculos às componentes. Gastei 70 € em cerca de 30ml – máximo dos máximos. As componentes são eritromicina, tedol creme, etanol e suppletive. A eritromicina, 30ml, custa 6,55€; tedol creme, 30gr, 4,23€; etanol, 250ml, 0,75€; suppletive, 40ml, 27€. Pois bem, gastei 70€ em 30ml, quando a matéria-prima que me permitiria fazer doses intermináveis, me ficaria em 38€)



“Acabou! Tenho de arranjar uma alternativa. Isto não pode fazer bem. Quanta mais m***a ponho na cara, mais preciso de pôr.”

Comecei a fazer um bocadinho de investigação e, o que eu tinha como válido para o corpo, era igualmente válido para a cara: produzimos óleos naturais, com os quais a pele se “auto-limpa”, hidrata e regenera. Quanto mais nos lavamos, mais retiramos esses óleos da pele, secando-a e impelindo a pele a produzir mais óleo para se equilibrar. Entramos assim num ciclo vicioso de “gastar dinheiro - lavar a pele – secar a pele – produção de mais óleo – gastar mais dinheiro - lavar mais a pele – secar mais a pele – produção de ainda mais óleo – gastar ainda mais dinheiro”.






Quando olhamos para as componentes de todos os produtos que pomos na pele, o que vemos é uma lista enorme e cujos únicos componentes reconhecemos são os álcoois, quer porque está lá escarrapachado, quer porque das poucas coisas que nos lembramos das aulas de físico-química é a terminologia “ol”.
Quando comecei a pesquisar as componentes do meu creme de 70€ (e que agora vou usar até ao fim, custe o que custar!), reparei que tirando as funções antibacterianas e antifúngicas (fundamentais para qualquer tratamento de acne ou rosácea), tinha elementos que serviam para hidratar a pele em simultâneo com elementos para secar a pele e que os primeiros eram óleo de vaselina e glicerina. 


Encontrei então, na minha rede social preferida – o Pinterest, que quase uso como motor de busca -, um artigo em que explicavam porque é que deveríamos limpar a nossa cara com óleo em vez de água. Decidi experimentar, pior do que já tinha passado não poderia ser.

Deixei o gel de limpeza, os cremes de dia, o esfoliante de marca. Mantive a água micelar e o creme de 70€ (já os tinha e são caríssimos, agora é até acabar) e fui ao celeiro comprar um óleo base, um óleo essencial e um creme hidratante. O creme hidratante é de uma marca de produtos naturais que adoro, a Dr. Organic. Mas mesmo para este creme estou a testar uma alternativa feita por mim.


Foi a minha primeira experiência de “cosmetologia natural” e devo dizer que resultou às mil maravilhas. Há muito tempo que não sentia a pele assim: leve, fresca, hidratada e com elasticidade. Nunca mais a senti a repuxar ou irritada (a não ser com uma experiência posterior com óleo de rícino ao qual acho fiz alergia – ainda não confirmei).
Já estou a fazer isto, diariamente, há uns meses e não penso em voltar atrás.
Dantes, quando me maquilhava e usava base, em poucos minutos ficava estranhíssima aos bocados (nem sei bem explicar). Uma amiga que é maquilhadora disse-me que isso acontecia porque a pele estava desidratada e absorvia logo a base, deixando-a feia. Agora, a base aguenta todo o tempo e bem aplicada, sem efeitos manhosos.
Às vezes penso se a minha pele está mesmo melhor à vista ou se apenas a sinto melhor, mas acabo sempre por concluir que efectivamente a sinto melhor e isso é que importa.

Os óleos que utilizei têm as mesmas propriedades antibacterianas e antifúngicas do que os cremes que antes utilizava. Entretanto a receita evoluiu e adaptei-a às minhas necessidades.
Para a semana, coloco a “receita”.


Nota: Obviamente, a minha pele e a minha experiência são minhas, e o que resulta comigo pode não resultar com outras pessoas ou até ter efeitos adversos.
A Uriage e a Bioderma (as marcas dos produtos que dantes usava) são consideradas excelentes marcas e realmente, notei a diferença quando comecei a usá-las.

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