domingo, 21 de setembro de 2014

As opiniões são como...

    Irrita-me quando dizem "não gosto daquela malta que tem opinião sobre tudo".
   Talvez porque pertenço à "malta que tem opinião sobre tudo". Tenho é o cuidado se referir antes "pelo que sei/ li/ vi/ ouvi/ vivi, acho que...".

    Se somos seres pensantes (e não tenho a presunção de afirmar que somos os únicos a fazê-lo), não haveremos de ter opinião sobre algo que nos apresentam? Podemos também admitir que não temos dados suficientes e que a nossa opinião pode ser completamente inútil ou pedir mais informação sobre a questão em causa para que possamos no momento e de uma forma não absoluta tecer a nossa própria opinião.

    E porque não dizer que não sabemos o que achar porque nada é linear e depende muito do ponto de vista e das experiências de cada um? A minha experiência não é a mesma do que a pessoa que está ao meu lado, à minha frente ou do outro lado do ecrã. Bolas! As minhas opiniões vão-se construindo e desconstruindo conforme vou vivendo, sentido, experimentando.

    O problema, e é aqui que a coisa geralmente se complica, as pessoas só querem validação do seu ponto de vista e não que as façam pensar no assunto. Não contem comigo para validar seja o que for. Porque o fariam? Porque o fazem? Porque precisam de validar algo que é tão pessoal como a sua opinião e tão válida como a da pessoa que não concorda com elas? Ou precisam de validação porque sabem que algo falha, nas suas conclusões tão irrevogáveis como a saída do Portas do governo?

    Gosto que as pessoas se ponham do lado que criticam e tentem percebe-lo. Não digo que consigam, mas que pelo menos tentem. Quem não gosta de quem opina sobre tudo, geralmente só se lembra disso quando ouve algo com que não concorda ou que considera absurdo.

    Gosto quando alguém tem uma opinião diferente da minha. Dá-me prazer discutir ideias, opiniões, perceber de onde vêm e porque, apesar de diferentes das minhas, são igualmente verdadeiras. Dá-me gozo não concordar e explicar porquê. Estimula-me uma conversa mais acesa onde há respeito entre pessoas que não pensam do mesmo modo, porque não vêm das mesmas realidades, não fizeram exactamente o mesmo percurso.

    Mas, tenho de confessar, dá-me uma satisfação narcísica e maliciosa quando a considero a opinião absurda e ainda mais quando é um tema que conheço e percebo que a pessoa não se informou o suficiente e não tem a humildade para o admitir. É quando me divirto mais e quando, em vez de fazer passar o meu ponto de vista de forma directa, faço apenas perguntas. Aí, confesso que sou mazinha e que me dá algum prazer em vê-la a patinar e a contradizer-se, coisa com a qual a confronto na hora e, com um sorriso nos lábios, me delicio com um espectáculo de "sapateado".

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