domingo, 21 de setembro de 2014

Manias minhas... Não as vou, nem quero, perder.

    Não gosto de escrever ao computador. As minhas ideias e o meu raciocínio fluem muito melhor quando estou munida de uma folha de papel e um lápis.
    Sim, lápis e não caneta. Rascunho que é rascunho é em lápis, mesmo se preferirmos riscar e não apagar. Gosto de riscar porque me permite ver a evolução do meu pensamento. Permite-me voltar a um instante de diálogo comigo mesma em que preferi substituir uma frase ou um termo por outro.
    
     Mas prefiro lápis. Sim, lápis e não lapiseira. Com a força que faço ao escrever, a mina parte-se com frequência o que me causa bastante irritação e quebra de raciocínio.
    Toda a minha tese foi escrita e rescrita a lápis. A cada parágrafo que escrevia atribuía um número que depois ordenava de uma forma e depois de outra até achar que assim é que estava correcto. No final, é que passei as dezenas e dezenas de páginas a computador.
    
    Com lápis é mais belo. O cheiro é sublime e há algo que me fascina no som que o carvão faz ao deslizar pelo papel.
    Gosto de afiar, com perfeição, o lápis antes de começar a trabalhar. E gosto como vai ficando com um traço cada vez mais grosseiro, mas cada vez mais suave.


    Também não gosto que me interrompam enquanto escrevo. Seja a responder a alguém num site da internet, seja no trabalho, seja no que for. Abomino quando me interrompem com um "estás a escrever o quê?". Provavelmente, porque o interesse é pouco e não passa de uma pergunta de circunstância que me me distrai da tarefa mais ou menos prazerosa que tenho em mãos.
    Deixa-me. O que interessa é que estou concentrada e me interrompes. Aguarda que te responda, quando puder e quando quiser, e nem penses em repetir a questão como se fosse surda. Provavelmente nem te ouvi, estou concentrada e bloqueei todos os estímulos exteriores. Ou se calhar ouvi, mas não queria ouvir, não me queria concentrar noutra coisa. Quando estiver pronta, procuro-te e falamos.
   
    Quando estou a escrever e me interrompem, não me param apenas os dedos mas também a linha de raciocínio. E tentar voltar onde estava costuma ser uma causa perdida, acabado por apagar tudo e recomeçar, ficando sempre aquela sensação terrível de que já não estamos a conseguir fazer tão bem como inicialmente.
    
    E durante largos minutos ficarei a tentar recuperar o irrecuperável, ficando frustrada até me distrair com outra coisa qualquer. Olha, um gato!

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