sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

O Nosso Baby-Led Weaning (BLW)


Não o vou negar, o Baby-Led Weaning é bastante difícil de fazer quando ambos os pais trabalham.
Ou se tem uma mãe que, como é o meu caso, tem a possibilidade de estar em casa com o Bebé até bastante tarde e assim usar este método a todas as refeições ou o melhor é fazer um "mix" entre BLW e tradicional.

Muito dificilmente se encontrará uma creche ou uma ama, babysitter, empregada ou Avós que concordem em dar as refeições sem ser em sopa/puré/papa, porque têm medo e não querem assumir essa responsabilidade.
Este método exige bastante disponibilidade e tempo. Não é apenas ir dando colheradas à criança até o prato estar vazio ou ela se recusar  a comer mais, o BLW implica sentarmo-nos com eles e deixá-los explorar e brincar com a comida o tempo que quiserem - o que pode ser 15 minutos ou 1 hora, podem não descansar até comerem uma peça de fruta inteira (para grande espanto dos pais) ou nem sequer tocar na comida e começarem num berreiro (e percebermos que aquela refeição não se vai realizar).

Outro aspecto é que no Baby-Led Weaning puro não há refeições cozinhadas especificamente para o Bebé. O Bebé é sentado à mesa com os pais e come o mesmo do que eles - a comida terá de ser, obviamente, confeccionada de um modo saudável (nada de sal ou fast food, por exemplo).
Ao contrário do método tradicional, não há intervalos entre a introdução de novos alimentos para despiste de alergias e não há uma progressão na quantidade de refeições diárias.


Lidar com o medo de engasgamento 
Sim, nas primeiras refeições vão estar com o coração nas mãos, cheios de medo que o Bebé se engasgue.
Asseguro-vos que o Bebé vai fazer o reflexo de vómito e que vai tossir porque se engasgou parcialmente, mas não é nada com que o próprio não consiga lidar e faz muito mais confusão a quem assiste do que a ele - que cuspirá um bocado de comida e continuará, alegremente, a levar pedaços à boca. A Carminho às vezes está a tossir e, ao mesmo tempo, a tentar pegar no próximo pedaço a levar à boca - ela gosta mesmo desta cena da comida.

Também não vale a pena esperar que o Bebé deixe de se engasgar definitivamente - é como esperar que ele deixe de cair depois de aprender a andar. Nós somos adultos, habituados a lidar com sólidos há décadas, e às vezes ainda nos engasgamos, não é? Aliás, às vezes ainda nos engasgamos com a nossa própria saliva - tal como os Bebés!

Temos é de estar atentos durante a refeição e evitar distrair o Bebé enquanto ele tem comida na boca. Quanto mais ele for lidando com a comida, menos terá o reflexo de vómito e menos se engasgará - prometo!



Utilizar um método "híbrido" 
No BLW puro, quando o Bebé estiver apto para a introdução dos sólidos (atingir os 6 meses, sentar-se sozinho e demonstrar interesse) os pais passam a colocá-lo junto deles a todas as refeições, dando-lhe tudo o que ele quiser experimentar.
Não há intervalos de tempo para ver se há reacções alérgicas, nem há fazer-se apenas uma refeição e aos poucos ir fazendo mais: o Bebé passa a participar nas refeições em família e pronto.

Mas, no mundo real e actual, nem todos os pais podem fazer todas as refeições em família.
Por isso, é perfeitamente aceitável que os pais optem por utilizar o BLW apenas quando estão com o Bebé ou que só o façam durante o fim de semana. Às vezes, quando chega a hora de jantar já estão demasiado cansados, mas se têm energia para outras brincadeiras, também terão energia para fazer uma refeição com o vosso Bebé.
Seja a todos os dias da semana ou apenas ao fim de semana, o importante é que se proporcione ao Bebé momentos em que possa explorar a comida. Vão ver como vale a pena, eles adoram e é mais uma brincadeira em que, em vez de estarem no chão com brinquedos, estão na cadeira com comida.

Cá em casa optámos por fazer um BLW com as precauções do método tradicional em relação às alergias.
Ou seja, introduzimos os alimentos de cada vez de modo a despistar possíveis alergias. Com excepção dos primeiros alimentos básicos que constituíram a primeira refeição (batata, batata-doce, cebola, cenoura, banana), adicionamos 2 alimentos de cada vez (às vezes apenas um) e servimos a mesma refeição durante 3 dias.
Nos primeiros dois dias fizemos apenas uma refeição - banana, ao lanche - e ao terceiro dia começámos a fazer o almoço - cenoura, cebola e batata-doce (depois de três dias dessa refeição, começámos a adicionar 1 ou 2 alimentos novos de cada vez). Ficámos neste registo durante 3 semanas e, ao ver que a Carminho estava a adaptar-se e a aderir tão bem, decidimos adicionar o pequeno-almoço (optámos por torrada de pão de espelta e centeio integral com azeite - nada de manteiga ou margarina!).
Esta progressão no número de refeições foi algo que aconteceu naturalmente e que dependeu totalmente da Carmo.

Algo de que não nos devemos esquecer: até ao primeiro aniversário, os sólidos são complementares ao leite (materno ou artificial). Por isso, as refeições são feitas sempre depois das mamadas, por dois motivos:
1. Se o Bebé comer antes da mamada poderá alimentar-se de menos leite do que aquele que necessita. Nesta fase, o leite ainda é o alimento principal, de onde sacia todas as suas necessidades nutricionais;
2. Se o Bebé estiver com fome quando lhe damos os sólidos, não irá aderir tão bem à refeição porque o que ele quer é leite - ainda não aprendeu a fazer a associação de que a comida lhe irá saciar a fome. 



O Calendário 
Como sou uma pessoa extremamente metódica (há quem me chame "doente" - o meu marido) fiz um calendário com todos os menus até aos 12 meses.
Preciso ser muito metódica e de apontar tudo porque sou uma pessoa bastante despistada. Se me perguntarem o que almocei ontem não faço a mínima ideia, tenho de ficar uns bons minutos a pensar.
Em que é que este calendário me ajuda:
  • A não me esquecer do que ela comeu;
  • Proporcionar uma boa variedade nutricional: tento sempre servir um vegetal de cada cor (inicialmente branco, verde e laranja, mais tarde adicionarei os vermelhos);
  • Evitar repetir demasiado alguns alimentos e nunca repetir outros: evita que ela se farte de um alimento por estar sempre a comê-lo ou que não se habitue a outros porque nunca mais os provou;
  • A organizar-me nas compras semanais: olho para o calendário e sei logo o que preciso de comprar ou o que já tenho;
  • Despistar reacções alérgicas: registo os dias em que lhe aparecem borbulhas no corpo e, assim, posso ver se têm alguma ligação à alimentação ou se foi coincidência;
  • Registar o interesse, ou falta dele, em relação a determinados alimentos: ajuda-me a tentar perceber se foi por estar distraída com outras coisas, se foi porque os alimentos não lhe agradaram, se foi porque a forma de confecção não lhe agradou. Assim, da próxima vez que servir aquele alimento poderei fazer os ajustes necessários.
Não sou intransigente no cumprimento do que está escrito calendário.
Se é dia de experimentar abóboras, mas não houver abóboras no supermercado ou me tiver esquecido de as comprar, repetem-se as cenouras e introduz-se outro - depois tenho é de registar a troca, para não me esquecer.
Se, por algum motivo, ela não fizer uma refeição de introdução, fá-la no dia seguinte e o calendário atrasa um dia.
Se sobrou comida e é dia de nova introdução, então repete-se o que sobrou e adiciona-se o alimento novo. Assim, evitam-se desperdícios, mas continua-se com o mais importante, a introdução de um novo alimento.

Outra coisa em que o calendário me ajuda? A fazer com que o Pai se oriente e que seja mais independente da Mãe.
- O que é que é preciso comprar?
- Vai ver ao calendário.
- O que é que lhe vamos dar hoje?
- Vai ver ao calendário.
- Quando é que introduzimos aquele alimento?
- Vai ver ao calendário.
- Hoje o iogurte é ao pequeno-almoço ou ao lanche?
- Vai ver ao calendário.


Facilitar na hora de cozinhar 
Como qualquer pessoa, tenho mais do que fazer do que passar a vida na cozinha e não quero estar a cozinhar de raiz todos os dias. Principalmente, quando a maioria da comida não é comida.
Por isso faço algumas coisas que me facilitam imenso a vida.
  • Mal compro os alimentos, corto-os no formato adequado e congelo-os;
  • Tiro a quantidade aproximada de comida do congelador, que vai directamente para o vapor - não descongelo antes porque, de acordo com a dica que uma nutricionista me deu, é a melhor forma de manter os nutrientes;
  • Cozinho o suficiente para 3 dias, que é a quantidade de dias em que determinada refeição é repetida;
  • Guardo no frigorífico e vou servindo ao longo dos 3 dias;
  • Posso servir os alimentos frios ou dar-lhes um toque no fogão ou forno, com um fio de azeite - evito o microondas (nunca gostei de comida aquecida nessa coisa);
  • No terceiro dia, o que não foi comido por ela tem de ser comido por nós.
Neste momento estamos a ficar com o congelador cheio de vegetais e precisamos de espaço para os que terão de ser introduzidos.
O que combinei com o Duarte foi: ao fim de duas semanas, o que não tiver sido comido por ela terá de ser comido por nós. É que para nós uma cenoura, por exemplo, não é nada, mas para ela ainda dá para umas 14 refeições.
Para quem tenha em casa uma arca frigorífica, não tem de se preocupar com esta gestão de espaço e até pode comprar logo todas as coisas para um mês e congelar.


Como apresentar e confeccionar determinados alimentos 
Ficam aqui alguns exemplos, acho que vos permite ter uma ideia. Também podem cuscar o meus instagram para ver algumas imagens e vídeos (também estão publicados ao longo dos artigos sobre BLW)
  • Banana: A banana pode ser apresentada na sua forma natural, que o Bebé vai roer e esmagar. Podem manter parte da casca para que seja mais fácil de agarrar;
  • Maçã e pêra: Cortadas em palitos ou em fatias, cozidas ou assadas. Podem manter a casca para ser mais fácil de agarrar;
  • Abacate, kiwi, manga, papaia: Cruas e em palitos. Pode ser preciso darem uma ajudinha ao Bebé para segurar, porque são frutas muito escorregadias, mas com a experiência ele aprende a manuseá-las;
  • Mirtilos: crus e esborrachados (com casca). Há quem apenas os corte em metades, mas eu prefiro não arriscar;
  • Abóbora, batata, batata-doce, beringela, cenoura, chuchu, courgette, espargos, pastinaca, nabo: cortados em palitos e cozidos ou assados no forno. Se optarem por cozer, lembrem-se que a vapor é o melhor para manter os nutrientes (ou então usem a menor quantidade de água possível), se assarem lembrem-se que é demorado. Como disse anteriormente, gosto de cozer tudo primeiro e depois, se me apetecer, salteio ou levo ao forno (poupa-se imenso tempo). No caso das batatas e da courgette, podem manter parte da casca;
  • Agrião, couves, grelos: Cozidos e depois cortar apenas para que não fiquem pedaços muito grandes (são mais difíceis de separar com as gengivas);
  • Alho: cortado aos pedacinhos, quase papa, e depois levar a uma frigideira com azeite, salteando com os restantes vegetais a servir. Atenção, é muito fácil fazer alho a mais e preparem-se para ter um Bebé a cheirar a alho o resto do dia;
  • Alho-francês: rodelas ou palitos e cozido;
  • Cebola: cortada como se apresenta na salada e cozida ou assada. Podem saltear depois de cozer. A cebola é também bastante escorregadia;
  • Brócolos e couve-flor: separar os ramos e cozer;
  • Feijão-verde: gosto de cortar em "esparguete" e cozido;
  • Carne: cortada em palitos e cozida. Podem também assar ou estufar, depende do tempo que tenham - atenção aos ossos, aos pedaços de gordura rijos, etc.
  • Peixe: lascas e cozido ou grelhado - cuidado com as espinhas (eu comecei por dar postas de pescada, não é o mais fresco, mas é o mais tranquilizador para mim);

Quando confeccionar segundo o BLW puro 
De momento, ainda há muitos alimentos para introduzir, então prefiro servi-los separados. Além do mais, ela ainda não parece muito aborrecida com isso.
Vou é variando a forma de confeccionar: uns dias apenas cozidos, outros dias levo ao lume para saltear um pouco, noutros posso metê-los no forno, etc.

Daqui a um mês e meio ou dois, quando ela já estiver mesmo habituada ao alimentos no formato sólido, vou começar a introduzir sopas. Entretanto ela vai tendo o contacto com o iogurte e posso oferecer a fruta em puré de vez em quando.
Aos 9 meses, alimentos como o ovo e o arroz serão adicionados, e isso permitirá que comece a fazer refeições mais diferentes e que possamos partilhar. Por exemplo, uma omelete de vegetais acompanhada por arroz ou massa,  uma tortilha com vegetais, etc.
Aos 10 meses, com a introdução das leguminosas já posso fazer uma pasta de grão (uma espécie de húmus) e servir nas torradas, ou fazer um atum com feijão-frade e ovo.
Aos 12 meses, já haverá muito menos alimentos para serem adicionados e haverá muito menos restrições ao que ela pode comer, portanto já poderei cozinhar receitas para toda a família.

Aliás, já há refeições que podemos partilhar. Por exemplo: hoje é dia de ela comer pescada com nabo, cenoura e brócolos - podemos, perfeitamente, comer o mesmo. O Duarte queixa-se da falta de sal, pode fazer à parte para ele ou adicionar o sal depois de cozinhar.


E pronto, é isto que eu tenho para vos dizer sobre O Nosso Baby-Led Weaning.
Deixo-vos o nosso menu para os primeiros 2 meses de sólidos da Carminho (mês 6 e mês 7). Foram desenhados tendo por base o que a "nossa" pediatra recomendou (quando introduzir o quê).
Se não conseguirem ver bem ou quiserem ver outros meses, mandem mensagem.




Artigos relacionados:

6 comentários:

  1. Boa noite, parabéns pela iniciativa, também pratico blw desde que se começaram a sentar e adoram comer e comem de tudo! Gostava por curiosidade de ver os menus dos 15 e dos 18 meses se tiver;) também Programo tudo, mas as vezes estou sem idéias;( obrigada malhadoana@hotmail.com

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Olá, Ana!!
      Só tenho menus até aos 12 meses.
      O meu plano é, a partir dos 12, começar a fazer as receitas dos livros da Gill Rapley.
      Ainda nos falta quase um ano para os 15 meses. Não consigo pensar tão adiantado hehehe
      Beijinhos e desculpe o atraso na resposta

      Eliminar
  2. Poderia facultar os menus dos 8 aos 12 meses. Seria ótimo. Adoro os seus menus, o meu filho irá começar no proximo mês, vamos ver como corre. obrigada

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Bom dia!
      Obrigada eu :D
      Envie-me um e-mail para ameninadajoaoxxi@gmail.com para lhe poder enviar os menus.
      Beijinhos

      Eliminar
    2. Estou a começar esta aventura do BLW. Pode enviar me os menus dos 8 aos 12 meses sff? telmitasousa@gmail.com.

      Eliminar
  3. Boa tarde,

    Seria possivel enviar o excel para o meu e-mail ritagabrielgarrido@gmail.com
    obrigado :)

    ResponderEliminar